VIGOROSO, “O CIDADÃO DO ANO” SURPREENDE.

Por Celso Sabadin.

Nils (o ótimo Stelan Skarsgard, de “Ninfomaníaca) é um homem acostumado a desbravar caminhos. Literalmente. Ele pilota um potente caminhão limpa-neve responsável por manter sempre trafegáveis as estradas de uma  gélida região da Noruega. Um homem forte que quase sucumbe ao suicídio ao saber da morte do filho, supostamente por overdose.  Mas Nils consegue forças para exorcizar sua dor ao procurar alucinadamente pelos verdadeiros assassinos do filho, dando início a uma caçada mortal empreendida com a coragem e a loucura de quem não tem mais nada a perder.

Com uma sinopse dessas, a última coisa que alguém esperaria encontrar em “O Cidadão do Ano” é humor. E é exatamente aí que está a grande surpresa: o filme destila uma estranha comicidade, nunca um humor de escracho, mas uma refinada ironia que se torna mais sarcástica e até mais bizarra quando misturada às cenas de grande violência que explicita na tela. Um humor sempre surpreendente, que pende mais para o elegante estilo britânico que para o escancarado tarantinesco.  Afinal, não é todo filme nórdico que arma brincadeiras com a tal síndrome chamada, justamente, de Estocolmo.

Coproduzido por  Noruega, Suécia, Dinamarca, Sérvia e Alemanha, “O Cidadão do Ano” também é hábil ao extrair poesia e encantamento do exuberante branco das belas cenas rodadas na neve, ao mesmo tempo que escancara a pequenez do homem diante da poderosíssima natureza gelada.

O roteirista Kim Fupz Aakeson e o diretor Hans Petter Moland são desconhecidos do público brasileiro, mas ambos colecionam várias premiações em festivais internacionais. “O Cidadão do Ano” colaborou com esta galeria de láureas vencendo o festival de cinema fantástico de Austin e participando da Mostra Competitiva de Berlim.