VISANDO PÚBLICO ADOLESCENTE, “A 5a. ONDA” SUBESTIMA OS JOVENS AO NIVELAR POR BAIXO O GÊNERO FICÇÃO CIENTÍFICA.

Por Celso Sabadin.

Da mesma forma que a franquia ”Crepúsculo” foi uma releitura das histórias de vampiros para o público adolescente, pode-se dizer que “A 5ª Onda” tenta fazer o mesmo com a ficção científica. O ponto de partida é o livro homônimo do escritor norte-americano Rick Yancey, lançado em 2013, concebido para ser o pontapé inicial de uma trilogia. Não sei por que isso não me surpreende nem um pouco…  A história fala de enormes naves espaciais que se posicionam ao redor da Terra (igual a “Independence Day”) e que começam, gradativamente, a desencadear uma estratégia para dominar nosso mundo. Num primeiro momento, os invasores fazem parar de funcionar tudo o que é movido a energia elétrica ou a qualquer tipo de motor (igual a “O Dia em que a Terra Parou”). Um pouco depois, eles provocam terremotos e tsunamis para dizimar a maior parte da população. Em seguida, a gripe aviária mata outros tantos milhões. Porém, como alguns terráqueos teimam em sobreviver, os aliens precisam eliminá-los um por um. Em meio a todo este holocausto, a jovem Cassie (Chloë Grace Moretz, que viverá a Pequena Sereia em 2017) luta pela sobrevivência, enquanto tenta localizar seu irmãozinho.

O primeiro grande problema do filme é a maneira como ele subestima o próprio público que visa. Tudo bem que o jovem é mais desconcentrado, e que tende a prestar menos atenção na tela na proporção direta em que mergulha em seu balde de pipocas. Mas, convenhamos, ficou bem desnecessária a voz em off da protagonista explicando verbalmente tudo aquilo que as imagens já estão mostrando. Diante de tanta redundância, até se releva o segundo grande problema do filme, que é a maneira como ninguém se desarruma, nem sequer se despenteia diante de uma apocalíptica invasão alienígena. Seria o caso de ver de novo (o que certamente não farei), mas fiquei com a impressão que até as camisas ficam dentro das calças mesmo no limiar da hecatombe. Olhe por exemplo a imagem que iustra este texto: a protagonista, solitária, em luta desesperada pela vida, mais parece estar curtindo um piquenique de final de semana. Este é o tom geral do filme.

O fato é que este segundo filme dirigido por J. Blakeson (o primeiro é “The Disappearence of Alice Creed”, que não passou por aqui) falha ao não conseguir transmitir nem emoção, nem veracidade, quesitos importantíssimos para que haja algum tipo de empatia junto ao público. A questão da falta de veracidade, diga-se, é compactuada pela trama em si, que não responde por que alienígenas tão poderosos e tão altamente destruidores iriam se engalfinhar com meros humanos em lutas campais mano a mano, ao invés de apenas destruí-los de uma vez, como eles já mostraram ser capazes. Talvez a explicação esteja nos dois livros que se seguem a “A 5ª Onda”, quais sejam, “O Mar Infinito”, publicado em 2014, e “A Última Estrela”, previsto para este 2016.

Sim… tudo der certo, novos filmes da série devem vir por aí…