Visões

O cinema, assim como a sociedade atual como um todo, vem se pautando em cima de modismos. Existe uma necessidade obsessiva de se rotular tendências, sub-gêneros, correntes estilísticas e tudo o mais, numa espécie de tentativa ansiosa de dividir o conhecimento humano em prateleiras. Desde o sucesso do filme O Chamado, criou-se aqui no ocidente a moda de idolatrar o assim rotulado “terror oriental”, e mil maravilhas foram ditas e escritas a respeito desta suposta “nova onda” de filmes de horror produzidos do outro lado do mundo.
Não é bem assim. Nem todo filme oriental de horror é bom. Nem todo filme de horror bom é oriental. Rótulo é uma palavra muito próxima de Preconceito.
Na esteira do sucesso rotulado, a PlayArte lançou nos cinemas brasileiros o terror oriental Visões (The Eye 2), que é continuação de The Eye – A Vingança (The Eye), lançado no Brasil diretamente em vídeo pela LK-Tel. Coisas do mercado: como os dois “The Eye” são de distribuidoras diferentes, a PlayArte optou por lançar o seu sem nenhuma referência ao primeiro episódio. Criou um novo título que, por sinal, é idêntico a outros dois filmes lançados nos últimos meses por outras distribuidoras: Casablanca e Universal já lançaram também filmes exatamente com o mesmo nome – Visões. Mas isso já é outra história.
Este Visões da PlayArte é uma co-produção Hong Kong/Tailândia, e fala da jovem Yuen, interpretada por Eugenia Yuan, atriz que já atuou em alguns seriados americanos de TV e acaba de filmar Memórias de uma Geisha, de Rob Marshall. Ela é uma garota perturbada que tenta o suicídio num quarto de hotel. Fracassada a tentativa, Yuen passa a ser atormentada por assombrações, espécie de “castigo” que o Budismo reserva aos suicidas. Ao mesmo tempo ela descobre que está grávida de seu namorado. Mais do que a história, Visões prende a atenção pelo seu clima de suspense, que pode não ser tão aterrorizante como O Chamado, mas por outro lado foge das mesmices do terror americano adolescente. Fica num meio termo perigoso que acaba tornado o filme simplesmente “morno”. Não decepciona mas também não empolga.