“VIVARIUM”, A ARMADILHA DA PADRONIZAÇÃO DA VIDA.

Por Celso Sabadin.
 
Gemma (Imogen Poots) e Tom (Jesse Eisenberg) procuram uma casa para morar juntos. Ela, professora, e ele, jardineiro, formam o típico casal fofo e apaixonado cuidadosamente construído para causar empatia total com o público.
Ao visitar um condomínio situado num subúrbio distante, o impensável acontece: as casas do lugar são tão idênticas entre si que o casal se perde. Em vários sentidos.
 
É o início de um pesadelo que começa como romance, se desenvolve como sarcasmo e termina como terror. Não aquele terror de monstros e demônios em casas assombradas, mas o horror real que assola de fato a sociedade contemporânea: a rotina, a mesmice, a homogeinização da vida que causa a insanidade. A não possibilidade de quebrar um sistema que oprime sob a máscara edulcorada de um suposto senso comum (e põe comum nisso) que ainda aposta no azul para meninos e rosa para meninas. Afinal, cavar diariamente um poço sem fim até a morte é muito mais apavorante que qualquer entidade fantasmagórica que o cinema possa criar.
 
“Vivarium” atualiza o conceito de casa mal assombrada, adaptando-o para a sociedade de consumo.
 
Misturando “O Anjo Exterminador” com Kafka, o longa é o segundo da dupla Lorcan Finnegan (argumento e direção) e Garret Shanley (argumento e roteiro), a mesma de
“Whitout Name”, inédito no Brasil, que fez um certo sucesso em festivais especializados em filmes fantásticos.
 
Coproduzido por Estados Unidos, Irlanda, Bélgica e Dinamarca, “Vivarium” ganhou um prêmio de apoio à distribuição em Cannes e rendeu a Imogen Poots o troféu de melhor atriz no prestigiado festival de Stiges, segmentado no gênero.
 
Exasperante.