“VIVER PARA CANTAR” E A RESISTÊNCIA DA ARTE.

Por Celso Sabadin.

A eterna luta das tradições contra a modernidade é o tema principal de “Viver para Cantar”, produção chinesa exibida na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, que estreia nesta quinta (15/10) em cinemas que começam a reabrir em São Paulo.

O roteiro de Johny Ma, que também dirige o filme, se centraliza numa pequena companhia teatral localizada em um bairro condenado a desaparecer para abrir espaço ao progresso. O galpão resiste às ruínas de uma vizinhança já despejada e em processo de demolição, da mesma forma que a arte milenar da trupe é um dos últimos baluartes que ainda emociona e enternece a população de idosos que acorre aos seus espetáculos. Mas tudo pode – literalmente – cair por terra.

É na luta de Zhao Li (vivida pela estreante Xiaoli Zhao), a líder do grupo, que o diretor sino-canadese Johnny Ma aposta suas fichas dramatúrgicas. E seus sonhos.

Ainda que desenvolvido em narrativa ficcional, “Viver para Cantar” tem uma forte pegada documental: ele é protagonizado por artistas da própria Ópera de Sichuan, da vida real, e foi rodado em locações que de fato estavam programadas para serem demolidas. A esta altura, com certeza já se transformaram em gigantescos condomínios de edifícios comerciais e/ou residenciais.

“Viver para Cantar” é coproduzido por China, França e Canadá. E o seu tema de resistência e cada vez mais universal.