WENDERS MERGULHA NO ROMANTISMO DE “SUBMERSÃO”.

Por Celso Sabadin.

Não é exatamente um grande roteiro, nem uma história particularmente notável. Mas é sempre bom ver um grande diretor tirando água de pedra e usando as sedutoras ferramentas do cinema para dar brilho, luz e corpo a um material bruto apenas mediano. Assim é “Submersão”, caprichada coprodução entre Alemanha, França, Espanha e Estados Unidos que se utiliza de um tênue pano de fundo político para contar uma envolvente história de amor. Quem nunca?

A bióloga Danielle (Alicia Vikander, a nova Lara Croft) e o agente secreto James (James McAvoy, de “Fragmentado”) se conhecem num hotel dos sonhos nas costas da Normandia e se apaixonam perdidamente. O problema é que Danielle não sabe que James é agente secreto (claro, pois se ela soubesse ele não seria secreto), e quando o rapaz sai do hotel e é capturado numa missão, a moça acha que ele o abandonou.

Assim, o roteiro de Erin Dignam escrito a partir do livro de J.M. Ledgard desenvolve as trajetórias dos protagonistas a partir de seus isolamentos e solidões: ele, preso supostamente por terroristas num quarto sem janelas na Somália, e ela, confinada no fundo do mar à bordo de um minissubmarino de pesquisas. Ele pensando nela e ela pensando nele como símbolos de suas liberdades. Lindo, né? Então, a partir do momento que um cineasta do porte de um Wim Wenders tem este roteiro na mão, o talento do alemão vem à tona (com o perdão do trocadilho), tornando o filme uma bonita, inverossímil, vistosa, e deliciosamente escapista história de amor avassalador.

Nada contra, pois de ilusão também se vive. Ou se submerge.

A estreia é em 19 de abril.