“XINGU CARIRI CARUARU CARIOCA” E O ENCANTO MÁGICO DA FLAUTA.

Por Celso Sabadin.

Não sei até que ponto é realmente verdade, mas diz a lenda que cada país teria uma espécie de “veia” cinematográfica. Os franceses, por exemplo, são mestres em dramas intimistas, enquanto os norte-americanos são especialistas em aventuras de entretenimento, e assim por diante. Caso esta teoria seja verdadeira, eu arriscaria dizer que a “veia” do cinema brasileiro, pelo menos nos últimos anos (e bons anos), é o documentário musical. Olhando para trás, percebe-se a grande quantidade e a ótima qualidade de longas nacionais que documentam com muito talento alguns de nossos grandes artistas, ou correntes musicais.

Para não ser injusto com ninguém, evito aqui fazer uma daquelas tão famigeradas “listas dos melhores”, mas é com prazer que acrescento mais um nome a esta lista não feita: “Xingu Cariri Caruaru Carioca”, de Beth Formaggini.

Assim como já havia sido realizado no também ótimo “O Milagre de Santa Luzia”, onde Dominguinhos leva o espectador a uma viagem pelos diferentes mundos da sanfona, temos agora em “Xingu Cariri Caruaru Carioca” o músico Carlos Malta nos conduzindo pelos diversos estilos da flauta brasileira.

Sempre amparado por uma caprichada fotografia, o longa faz um importante registro histórico-musical de alguns dos mais importantes flautistas populares do Brasil. Trata-se de um passeio pelo país ao som mágico de um instrumento que convida ao sonho e à festa, começando pelo Xingu, atravessando Ceará, Paraíba e Pernambuco, e chegando ao Rio em busca do som encantador da flauta, do pife e dos diversos nomes que ela assume no transcorrer do tempo e do espaço.

Como deve acontecer em qualquer boa viagem, a pressa aqui não tem vez. “Xingu Cariri Caruaru Carioca” tem um profundo respeito pelo ritmo das entrevistas e dos seus entrevistados, dirigido com a contemplação necessária à absorção dos sons e dos personagens que propõe, sendo assim um filme para ser visto não apenas com os olhos bem abertos, como também com os ouvidos e os poros.

Percebi claramente, durante o filme, como e porquê aqueles ratinhos do conto “O Flautista de Hamelin” foram magicamente hipnotizados pelo som da flauta.

A estreia acontece dia 6 de agosto no Cine São Luís, em Fortaleza.

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