“xXx: REATIVADO”, SUTIL COMO UM ELEFANTE NUMA LOJA DE CRISTAIS.

por Celso Sabadin.

Quando o cinema foi inventado, no final do século 19, ele foi considerado um divertimento “menor”, nada além de uma brincadeira para ser exibida em feiras, circos e teatros mambembes, um espetáculo meio bizarro, como eram as atrações do tipo mulher barbada, faquires, o homem mais gordo do mundo, etc. Algo sem conteúdo que visava apenas a espetacularização, tentando atingir os instintos mais primitivos do público.

Passados agora mais de 120 anos da invenção dos irmãos Lumière, parece que o cinema retorna às suas origens. Pelo menos é a impressão que se tem ao se assistir a “xXx – Reativado”, terceiro episódio da trilogia iniciada com “xXx”, de 2002, e continuada com “xXx – Estado de Emergência”, de 2005: a procura pela espetacularização vazia chega a limites extremos neste novo longa. Busca-se a cada segundo o som mais alto, o barulho mais ensurdecedor, a montagem mais fragmentada, a explosão mais intensa, a violência mais estilizada, o humor mais rápido, o absurdo mais espantoso, a adrenalina mais potencializada. A trama quase não existe, e quando existe é imediatamente encoberta pelos tiros em profusão.

Claro, o mundo mudou, está mais sofisticado, e tudo se potencializou. Os antigos circos e teatros mambembes dão lugar agora ao que há de mais espetacular em termos de tecnologia audiovisual, tudo maior e mais explosivo, sempre na intenção de não dar às plateias tempo para pensar.  Pois se as plateias pensassem, tudo seria diferente.

A embalagem audiovisual mudou, mas a antiga bizarrice vazia permanece neste terceiro “xXx”, um filme feito claramente com o objetivo de divertir através do superdimensionamento e da extrapolação dos conceitos de espetacularização.

A estreia foi nesta quinta,  19 de janeiro.