100 ANOS DE RESNAIS, GRÁTIS, NA CINEMATECA.

Os filmes terão exibições gratuitas, de 02 a 12 de junho, em dois formatos: 35mm e digital.

“Eu me coloco poucas perguntas quando faço um filme. Não tenho nenhuma intenção à priori, e acho que é por isso que o espectador pode se sentir nos meus filmes de maneira tão cômoda. Vem daí o paradoxo que faz com que quem não gosta dos meus filmes, os ache cerebrais demais. Mas, para mim, são totalmente instintivos”
(Alain Resnais – “Positif” 190, fevereiro 1977)
Em comemoração ao centenário de nascimento de Alain Resnais (03/06/1922), a Cinemateca Brasileira, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e com o Institut Français, realiza uma mostra em homenagem ao diretor, que ainda hoje mantém uma modernidade por sua maneira de criar e observar o mundo.
Alain Resnais é um dos mais célebres cineastas franceses, um dos responsáveis por quebrar com as narrativas tradicionais e explorar, de uma maneira singular, o potencial da linguagem cinematográfica. Por meio dela, tratou temas impactantes de seu século e suas repercussões existenciais sobre a natureza humana. Foi assim, sem histrionismo ou afetação, que o diretor ganhou o epíteto de “revolucionário discreto”.
A representação temporal é uma das grandes inovações estéticas da obra de Alain Resnais. Passado, presente e futuro raramente são dados nessa ordem, assim como há uma sobreposição de “realidade”, sonhos e imaginário. A abstração e sensorialidade do tempo em seus filmes são edificadas como um mosaico criado pela visualidade, sonoridade, e uma montagem desestabilizante.
Os seus filmes, ao relacionar memória e consciência, criam um diálogo entre o presente e o passado, o real e o imaginário explicitando um universo bem pessoal que nos faz, ao mesmo tempo, aproximar de seus personagens e enfrentar grandes questões humanas como a bomba atômica, os campos de concentração nazista, as guerras.
Um dos aspectos distintivos que marcou o percurso de Alain Resnais foi a presença de colaboradores no seu processo de criação. Segundo ele mesmo, o cinema é uma arte de “atelier”, na qual cada profissional participa de um projeto estético comum que fica evidente no filme pronto. Mesmo tendo recorrido a outros profissionais para escrever seus roteiros, Alain Resnais sempre afirmou o seu papel inconfundível de autor.
Seu primeiro longa-metragem, Hiroshima Meu Amor, lançado em 1959, estabelece uma relação poética entre uma tragédia pessoal e uma catástrofe coletiva.
Noite e Neblina, considerado um dos mais importantes documentários da história do cinema mundial, é um dispositivo de alerta contra todas as formas de extermínio.
Meu Tio da América, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes em 1980, é uma fascinante comédia que funde documentário e ficção, expondo questões sobre o comportamento humano.
As potencialidades narrativas de Smoking / No Smoking, ao filmar diferentes alternativas de trajetórias a partir de uma simples decisão como fumar ou não fumar um cigarro, revela uma leveza e um espírito mais lúdico do diretor.
Seu trabalho reflete sobre o lugar da humanidade no mundo moderno. É ao mesmo tempo um cineasta polêmico, desconcertante e, acima de tudo, humano.
Integra a mostra uma palestra sobre a obra de Resnais, com o Professor Doutor Cristian Borges do Programa de Pós-Graduação da ECA-USP e atual presidente da SOCINE (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual).
Programação:
Quinta-feira, 02 de junho
20:00 – Hiroshima, Meu Amor (92 min, 35mm)
Sexta-feira, 03 de junho
19:00 – As Estátuas Também Morrem (30 min, 35mm)
Toda a Memória do Mundo (22 min, digital)
20:00 – Mélo (112 min, digital)
Sábado, 04 de junho
16:00 – Palestra com o Professor da ECA | USP – Dr Cristian Borges
18:00 – O Ano Passado em Marienbad (94 min, 35mm)
20:00 – Smoking (149 min, 35mm)
Domingo, 05 de junho
18:00 – No Smoking (149 min, 35mm)
21:00 – Guernica (13 min, 35mm)
Van Gogh (20 min, digital)
Paul Gauguin (14 min, digital)
O Canto do Estireno (19min, digital)
Quinta-feira, 09 de junho
20:00 – Guernica (13 min, 35mm)
Van Gogh (20 min, digital)
Paul Gauguin (14 min, digital)
O Canto do Estireno (19min, digital)
Sexta-feira, 10 de junho
19:00 – Muriel (112 min, 35mm)
21:00 – Stavisky… (120 min, 35mm)
Sábado, 11 de junho
18:00 – Amores Parisienses (120 min, 35mm)
20:30 – Meu Tio da América (125 min, 35mm)
Domingo, 12 de junho
18:00 – Noite e Neblina (32 min, 35mm)
Hiroshima, Meu Amor (92 min, 35mm)
MOSTRA 100 ANOS DE ALAIN RESNAIS
Cinemateca Brasileira | Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
Ingressos gratuitos e distribuídos uma hora antes de cada sessão