“A HISTÓRIA DE UM SONHO”, ESPECIAL PARA CORINTHIANOS.

Por Celso Sabadin.

Filmes sobre futebol, de uma certa maneira, se aproximam dos filmes religiosos: quando se é “fiel”, deixa-se em segundo plano a qualidade da obra cinematográfica. Não por acaso, tanto as religiões como as equipes esportivas costumam congregar as mais diversas hordas de fanáticos.

Assim, o documentário “A História de Um Sonho – Todas as Casas do Timão”, dirigido por Marcela Coelho e Ricardo Aidar, pode ser visto de duas maneiras bem distintas: como filme, é dos mais clássicos e convencionais, costurando gols e depoimentos de ídolos e ex-ídolos corinthianos à uma tênue linha narrativa que defende a tese de que o Corinthians nunca jogou “fora de casa”, pois todos os estádios onde o time se apresenta acabam sendo a “casa” momentânea de sua fanática torcida. Ou o “salão de festas”, como preferem alguns. Como rito religioso, é empolgante e emocionante… para os seus fiéis, claro, categoria na qual este escriba humildemente se coloca.

É preciso, aqui – ainda que com muita dificuldade – dividir o torcedor do crítico de cinema. O crítico considera “A História de um Sonho – Todas as Casas do Timão” um registro cinematográfico mediano do momento em que o Corinthians finalmente realiza seu antigo sonho de possuir um estádio à altura de seu nome, fama, e condição de arregimentar a segunda maior torcida do Brasil. Acerta no tema e na contextualização histórica, e peca em não abordar os bastidores da Arena (afinal, ela seria o mote principal da obra) e em “esquecer” as polêmicas políticas e financeiras que até hoje envolvem a empreitada.

Como torcedor, o filme é genial, uma obra prima, um raro momento de êxtase no qual se (re)vivem as emoções de grandes vitórias do esquadrão alvinegro duas vezes campeão mundial, agora em seu novo templo. Afinal, somos ou não somos parte do tal Bando de Loucos?

Ao escrever este texto, lembrei-me do premiadíssimo curta cearense “Loucos de Futebol”, onde o fanático torcedor do Fortaleza Halder Gomes registra uma partida de seu time contra o Ceará, seu maior rival. Ao final do divertido documentário, lê-se: “Este filme tentou ser o mais imparcial possível. Não deu”.