“AVIADORES”, DE HERBERT BRÖDI, SERÁ EXIBIDO NESTA SEXTA (24).

“Aviadores”, o belo documentário que o cineasta austríaco Herbert Brödi rodou na Amazônia brasileira, tem exibição prevista para esta sexta-feira (24), dentro da 32a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A sessão será às 22:00 no RESERVA CULTURAL Sala 1 (Avenida Paulista, 900, Térreo). E Merece ser visto!

“Aviadores” é o sexto e último filme do ciclo equatorial de Herbert Brödl depois de ‘Eclipse’ (2002), ‘Mau garoto’ (2000), ‘Frutinha’ (1998), ‘Terra do ouro’ (1996) e ‘Onça e chuva’ (1994). Filmes rodados no meio do mundo, histórias e cenários dos trópicos.

Acompanhe o bate papo e conheça um pouco mais sobre o filme e seu criador, Herbert Brödl:

– Porque sempre Amazônia?
– Por causa do rio Negro. Eu vi o rio e soube que ali era meu lugar. Isso talvez só aconteça uma vez na vida, é como encontrar uma pessoa.

– O que distingue o povo na Amazônia?
– Uma paciência infinita para suportar condições de vida difíceis, uma grande capacidade de sofrer e um talento de improvisação inesgotável para saber lidar com situações críticas.

– Porque um filme sobre voar na Amazônia?
– Por paixão por voar e porque voar na Amazônia tem um significado muito especial. A Amazônia brasileira tem 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão e o avião é o meio de transporte onde não existem estradas. A única alternativa é viajar dias ou até semanas de barco. E porque para os aviadores se abre uma perspectiva, a de poder ver tudo de cima. Assim eles têm outra visão do mundo, uma visão muito mais ampla.

– Como os dois personagens principais foram encontrados?
– Eu entrevistei doze pilotos e documentei as conversas. As histórias do Nilton e do Fernando foram as que eu achei mais emocionantes, inclusive seus depoimentos sobre voar. Eles são antagonistas. Um é pai de família, constroi seu ninho, o outro é um nômade que gosta do perigo. E, por último, o ponto de ligação entre os dois, a experiência do seqüestro vivida por ambos, que foi um caso de vida ou morte.

– No filme, os pilotos são representados por atores. Por quê?
– Na verdade eu queria fazer o filme com os dois pilotos. Mas não foi possível porque senão eles teriam perdido o emprego, se eles tivessem ficado meses ocupados com as filmagens. Então eu optei por atores, mas sem abrir mão da abordagem documental e da improvisação durante as filmagens.

– Como você desenvolveu as histórias contadas pelos pilotos?
– No início eu pesquisei e fiz entrevistas de longas horas com os pilotos. As transcrições dessas conversas foi o material com o qual eu comecei a trabalhar. Os monólogos dos dois pilotos no filme têm esse cenário autêntico e foram escritos em prosa.

– Quão importante é para você trabalhar no roteiro?
– Eu comecei como autor e só vim trabalhar como diretor mais tarde. Escrevendo eu me aproximo do tema. O roteiro é o processo dessa abordagem, a reflexão sobre o material pesquisado e a transformação em imagens, também em imagens faladas.

– Você não faz uma divisão muito rigorosa entre documentário e filme de ficção?
– Eu não sou nenhum fundamentalista. ‘Aviadores’ tem elementos dos dois gêneros, como a maioria dos meus filmes. Ponto de partida é e continua sendo o autêntico. Em cima disso eu reajo com minhas idéias e imaginação. Eu amplio inventando a partir do que eu encontrei.

– Quanto tempo durou a filmagem ?
– Dez semanas, onde fizemos uma longa viagem pela Amazônia. Eu não queria mostrar só a floresta amazônica, que vista do alto parece um campo de brócolis até aonde a vista alcança, mas também suas montanhas e savanas e imensos arquipélagos fluviais. A diversidade da paisagem no cosmo da Amazônia.

– O ritmo do filme é lento.
– É proposital. Eu quero que meus filmes tenham fôlego, ao contrário da falta de ar generalizada.

Herbert Brödl, nasceu em 1949 em St. Pölten, Áustria, cursou artes cênicas de 1968 a 1969 no Max-Reinhardt-Seminar em Viena e depois estudou filosofia de 1969 a 1973 na Universidade de Viena. Em 1971 e 1972 fez seus primeiros filmes para ORF (Radiodifusão Austríaca). Em 1974 mudou-se para Hamburgo e escreveu roteiros que foram filmados por Peter Lilienthal, Rainer Boldt e Volker Vogeler. Teve livros publicados pelas editoras S. Fischer e Suhrkamp. A partir de 1976 realizou filmes como autor e diretor no Peru, Itália, África do Sul, Vanuatu, Benin, Zimbábue, São Tomé e Príncipe e muitas vezes no Brasil, onde foram feitos oito de seus filmes. Em 1982 fundou em Hamburgo a produtora Baumhaus Film Brödl, com a qual produziu seus filmes até 2002. De 1994 a 2008 trabalhou num ciclo equatorial que une seis filmes com cenários e histórias passados nos trópicos equatoriais.