CINEMATECA CELEBRA HUMBERTO MAURO COM LIVRO E MOSTRA.
Gente, não estou conseguindo dar conta de noticiar tantos eventos e mostras muito legais que a Cinemateca Brasileira está promovendo e abrigando. Aqui tem mais uma:
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Humberto Mauro e Paulo Emílio Sales Gomes
Humberto Mauro, Cataguases, CinearteAutor: Paulo Emílio Sales GomesEditora: Companhia das LetrasOrganização e posfácio: Carlos Augusto Calil
Tese de doutorado de Paulo Emílio Sales Gomes, defendida em 1972, este livro é um marco na pesquisa sobre cinema no Brasil e uma espécie de crônica de sua história e formação. Nestas páginas, o autor investiga a obra pioneira e a biografia de Humberto Mauro — um dos primeiros e mais importantes cineastas brasileiros — e recria, a partir de sua figura, a atmosfera de uma época decisiva para as artes no país. A contribuição da cidade de Cataguases, em Minas Gerais, e a influência da revista carioca Cinearte na formação de Humberto Mauro são o ponto de partida para uma história que ressoa até hoje.
Publicado em 1974, pela editora Perspectiva em coedição com Edusp, Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte foi restaurado no texto e nas imagens originais para esta edição, que celebra o seu cinquentenário. O restauro da obra implicou no estabelecimento rigoroso do texto pela comparação entre o manuscrito, o datiloscrito, a tese e o texto publicado na edição original. As imagens foram capturadas de fotogramas dos filmes analisados e de reproduções de época, e restauradas digitalmente.
No posfácio, o organizador analisa a fortuna crítica da obra e a primeira recepção desse estudo a partir das arguições da banca examinadora, composta por Walnice Nogueira Galvão, Rui Coelho, Alfredo Bosi, Francisco Luís de Almeida Sales e Gilda de Melo e Sousa.
SurpresaAo manipular as matrizes e cópias dos filmes de Mauro a equipe de Preservação da Cinemateca Brasileira descobriu divergências entre as versões encontradas de Sangue mineiro (1930). Um dos rolos incorporados em 1979 continha planos adicionais e diferenças na montagem em relação à versão amplamente difundida e que foi objeto da análise de Paulo Emílio.
Quando o filme foi lançado em 1930, a crítica observou que, embora Mauro tentasse retratar uma cidade dinâmica e moderna, os planos iniciais que situam a ação eram excessivamente provincianos. É possível que, no decênio de 1950, por ocasião das retrospectivas históricas do cinema brasileiro, cortes tenham sido introduzidos pelo próprio Mauro, reduzindo a duração do filme para assim superar as críticas de época. Nas duas versões de Sangue mineiro os inícios divergem e não são complementares.
A pesquisa de imagens para o livro levou a equipe da Cinemateca a reconstituir o filme supostamente na sua versão original, com sete minutos inéditos. Uma nova cópia foi produzida no Laboratório de Imagem e Som para ser apresentada no lançamento do livro.
Na ocasião, ocorrerá uma apresentação da equipe que participou da edição do livro e da reconstituição de Sangue mineiro.
O livro
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Precoce militante político, historiador, crítico, professor, Paulo Emílio Sales Gomes ingressou na Universidade de São Paulo em 1966, como colaborador dos cursos do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. Em 1968, integrava o corpo docente do curso de Cinema da recém-criada Escola de Comunicações Culturais. Para efetivar o vínculo com a universidade foi instado a apresentar uma tese de doutoramento. Em 1972, defende o texto “Cataguases e Cinearte na formação de Humberto Mauro”, publicado dois anos depois com o título desta edição.
A tese universitária que deu ensejo ao livro situa o diretor entre a origem interiorana e a atração da metrópole, exercida pela revista de divulgação cinematográfica Cinearte. A formação de Humberto Mauro, que em larga medida se confunde com a formação do cinema brasileiro, passa pelo ambiente em que se desenvolveu — Cataguases, Zona da Mata mineira —; pela absorção da influência estrangeira, acentuada na programação do cinema local; pelo desejo de se atualizar, com o exemplo normalizador que vinha da capital do país; pela necessidade de se profissionalizar, superando o voluntarismo amador.
Um programa ambicioso, que exigiu do autor uma mobilização em múltiplas direções e disciplina apurada no trato com os filmes, utilizados como fontes primárias, não mais como ilustrações de conceitos emprestados da sociologia ou da estética, mas como produtos eloquentes desse processo de constituição de um campo novo de expressão artística e exploração comercial. (CAC)
O autorPaulo Emílio Sales Gomes (1916-77) foi crítico e professor. Da geração da revista Clima, atuou politicamente nos decênios de 1930 e 40. Colaborou no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, onde assentou as bases de uma crítica de cinema de caráter ensaístico. Fundador da Cinemateca Brasileira e dos cursos de cinema da UnB e da USP, foi mentor de algumas gerações de alunos e dos realizadores do Cinema Novo. Ao final da vida, publicou Três mulheres de três PPPês, que o consagrou como grande escritor.
CINEMATECA BRASILEIRALargo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
Horário de funcionamentoEspaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18hSalas de cinema: conforme a grade de programação.Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados
Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)Sala Oscarito (104 lugares)Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão
Sábado, 24 de maio
14h às 20h _ Foyer Sala Oscarito _ LANÇAMENTO DO LIVRO HUMBERTO MAURO, CATAGUASES, CINEARTE15h _ Sala Oscarito _ DAVID, O CAÇULA17h _ Sala Oscarito _ SANGUE MINEIRO – NOVA CÓPIA COM TRECHOS INÉDITOSNova cópia com 7 minutos inéditos confeccionada pelo Laboratório de Imagem e Som da Cinemateca Brasileira.18h30 _ Sala Oscarito _ SESSÃO DUPLA | MAURO, HUMBERTO E PAULO EMÍLIO S. GOMES – GANGA BRUTASeguido de debate com Carlos Augusto Calil (organizador), Olga Futemma (estabelecimento do texto), Caio Brito (restauro das imagens), Yasmin Rahmeier (reconstituição de Sangue Mineiro).