CINEMATECA TAMBÉM COMEMORA O ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO.

A Cinemateca Brasileira participa mais uma vez das comemorações do aniversário da cidade de São Paulo com a segunda edição da mostra CINEMATECA SP que apresenta ao público o passado e o presente da atividade cinematográfica na maior metrópole do país. Seguindo a filosofia de recuperar a memória visual da cidade, a programação para este ano divide-se em duas mostras paralelas: uma seleção de filmes marcantes que têm São Paulo como cenário, escolhidos pelo fotógrafo Cristiano Mascaro, e uma restrospectiva de curtas-metragens documentais realizados pelo pioneiro B.J. Duarte, restaurados pela Cinemateca Brasileira em parceira com a Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura da Cidade de São Paulo. Além de serem exibidos como complemento às sessões dos longas escolhidos por Cristiano Mascaro, os curtas de B.J. Duarte serão apresentados em conjunto no dia 25 de janeiro, reunidos num único programa seguido de debate com as pesquisadoras Márcia Regina Barros Silva e Marina Takami.

B. J. DUARTE – O CAÇADOR DE IMAGENS

Como parte das comemorações do aniversário de São Paulo, a Cinemateca Brasileira apresenta os primeiros resultados do projeto de restauração e difusão dos filmes realizados pelo fotógrafo paulistano Benedito Junqueira Duarte, integrantes de um importante acervo da Prefeitura Municipal de São Paulo preservado atualmente na Cinemateca Brasileira. A obra deste pioneiro do cinema documentário e científico permite resgatar a história de São Paulo e da fotografia brasileira e a trajetória dos procedimentos cirúrgicos no Brasil do século XX, entre outras abordagens.

Nascido em 1910 e falecido em 1995, o documentarista Benedito Junqueira Duarte produziu e dirigiu inúmeros filmes, muitos dos quais ainda se encontram dispersos, sobretudo nos institutos de pesquisa médica junto aos quais trabalhou. Aos onze anos de idade, B. J. Duarte iniciou seus estudos cinematográficos na França. Em 1929, retornou a São Paulo para trabalhar como fotógrafo no Diário Nacional e também realizando retratos da elite paulistana. Em 1935, ingressou no Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo (Serviço de Iconografia), coordenado por Mário de Andrade. Ali iniciou sua atividade cinematográfica como produtor e realizador de documentários informativos, educativos, didáticos e científicos, que lhe valeram, ao longo da carreira, inúmeros prêmios nacionais e internacionais em festivais europeus, africanos e sul-americanos.

Como realizador de filmes científicos, trabalhou com os doutores Edmundo Vasconcelos, Carlos Caldas Cortese, João de Lorenzo, Daher Cutait, Eurico Bastos, Artur Domingues Pinto, Euricledes de Jesus Zerbini, entre outros, dirigindo aproximadamente 150 filmes. No Instituto Nacional de Cinema Educativo, realizou 25 filmes sobre a cidade de São Paulo e também sobre medicina, dos quais merecem destaque A metrópole de Anchieta e Coração-Pulmão artificial em cirurgia experimental. Participou da experiência da Revista São Paulo (1936), periódico vanguardista que introduziu no país as técnicas da fotografia abstrata.

Como crítico cinematográfico, exerceu papel de destaque na formação da cultura cinematográfica brasileira, atuando nos jornais O Estado de S. Paulo (1946-1951), Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite (1956-1965). Foi também um dos fundadores do segundo Clube de Cinema de São Paulo, que depois se transformou na Cinemateca Brasileira, e do FotoCineclube Bandeirante.

Como parte dessa mostra dedicada à memória audiovisual da cidade de São Paulo, serão exibidos dez curtas-metragens realizados por B.J. Duarte, em sua versão restaurada, que oferecem um precioso panorama da metrópole em meados do século XX. São registros históricos que poucas vezes estiveram acessíveis para a população em geral. Além de serem exibidos como complementos às sessões da mostra CARTA BRANCA A CRISTIANO MASCARO, antes de cada de longa-metragem, os curtas de B.J. Duarte também serão apresentados em conjunto no dia 25 de janeiro, reunidos num só programa e comentados em seguida por Marina Takami, graduada em Artes Plásticas pela UNESP e mestre em História da Arte pela USP com a dissertação Fotografia em marcha – Revista S.Paulo, 1936 e Márcia Regina Barros Silva, doutora em História Social pela USP e pesquisadora na área de História das Ciências do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo.

CARTA BRANCA A CRISTIANO MASCARO

Nascido em 22 de outubro de 1944, em Catanduva, São Paulo, Cristiano Mascaro é um dos mais importantes fotógrafos do país, tendo se destacado por seus registros da vida urbana e da arquitetura da capital paulista, que documenta sistematicamente há mais de duas décadas. Doutor em arquitetura pela FAU-USP, onde dirigiu o Laboratório de Recursos Áudio-Visuais de 1974 a 1988, iniciou sua carreira fotográfica na revista VEJA em 1968, onde permaneceu pelos quatro anos seguintes. Ao longo de sua carreira, recebeu bolsas de pesquisa de importantes instituições brasileiras e estrangeiras, ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais de fotografia e publicou, entre outros, os livros As melhores fotos, Luzes da cidade, São Paulo, Cidades reveladas e Desfeito e refeito. Para esta mostra, a convite da Cinemateca Brasileira, Mascaro selecionou sete filmes paulistanos que marcaram sua visão da cidade. As suas escolhas particulares abrangem desde o clássico absoluto São Paulo S/A até o recentíssimo Linha de passe, passando pelo cultuado O profeta da fome, em que ele próprio aparece numa “ponta”. Na sessão de abertura do evento, Mascaro apresenta ao público algumas considerações sobre suas escolhas e comenta sua participação no longa de Maurice Capovilla.

PROGRAMAÇÃO

20.01 | TERÇA

SALA CINEMATECA BNDES

20h00

O PROFETA DA FOME | SESSÃO APRESESENTADA POR CRISTIANO MASCARO

21.01 | QUARTA

SALA CINEMATECA BNDES

19h00

UM LENÇOL DE ALGODÃO | NOITE VAZIA

21h00

SÃO PAULO, VISTAS DA CIDADE | SÃO PAULO S.A.

22.01 | QUINTA

SALA CINEMATECA BNDES

19h00

A METRÓPOLE DE ANCHIETA | O GRANDE MOMENTO

21h00

UMA ESCOLA DE MÉDICOS | ANTÔNIA – O FILME

23.01 | SEXTA

SALA CINEMATECA BNDES

19h00

PARQUES INFANTIS DA CIDADE DE SÃO PAULO | BOLEIROS – ERA UMA VEZ O FUTEBOL

21h00

VISTAS AÉREAS DE SÃO PAULO | LINHA DE PASSE

24.01 | SÁBADO

SALA CINEMATECA BNDES

15h00

LUCAS NOGUEIRA GARCEZ | SÃO PAULO S.A.

17h15

FESTA DO DIVINO EM NAZARÉ PAULISTA | ANTÔNIA – O FILME

19h15

RETIFICAÇÃO DO RIO TIETÊ | O PROFETA DA FOME

21h15

VIAGEM EM REDOR DE SÃO PAULO | O GRANDE MOMENTO

25.01 | DOMINGO

SALA CINEMATECA BNDES

14h00

BOLEIROS – ERA UMA VEZ O FUTEBOL

16h00

LINHA DE PASSE

18h00 CINEMATECA SP 2009 | A METRÓPOLE DE ANCHIETA | UM LENÇOL DE ALGODÃO | PARQUES INFANTIS DA CIDADE DE SÃO PAULO | RETIFICAÇÃO DO RIO TIETÊ | VIAGEM EM REDOR DE SÃO PAULO | FESTA DO DIVINO EM NAZARÉ PAULISTA | LUCAS NOGUEIRA GARCEZ | UMA ESCOLA DE MÉDICOS | SÃO PAULO, VISTAS DA CIDADE | VISTAS AÉREAS DE SÃO PAULO | DEBATE COM MARINA TAKAMI E MÁRCIA REGINA BARROS SILVA

21h00

NOITE VAZIA

FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES

B. J. DUARTE – O CAÇADOR DE IMAGENS

Uma escola de médicos, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1963, 35mm, pb, 9’

Sobre a Escola Paulista de Medicina.

Classificação indicativa: livre

Festa do Divino em Nazaré Paulista, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1946, 16mm, pb, 3’

Filmagem da festa folclórica em 29 de junho de 1946.

Classificação indicativa: livre

Um lençol de algodão, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1954, 35mm, pb, 10’

Documentário de propaganda que acompanha a trajetória da flor do algodão colhida no campo até o processo de confecção do tecido que gera um lençol Santista.

Classificação indicativa: livre

Lucas Nogueira Garcez (Título atribuído), de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1951, 16mm, pb, 5’

Reportagem política sobre o governador de São Paulo.

Classificação indicativa: livre

A metrópole de Anchieta, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1952, 35mm, pb, 11’

Pequena síntese da história da cidade de São Paulo que se inicia com Martim Afonso, em São Vicente, e termina, de maneira vibrante e moderna, com imagens dos arranha-céus em meados do século XX.

Classificação indicativa: livre

Parques infantis da cidade de São Paulo, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1954, 35mm, pb, 10’

Documentário sobre a ação pedagógica e recreativa dos parques infantis na cidade de São Paulo, que complementam as atividades curriculares das escolas oficiais.

Classificação indicativa: livre

Retificação do Rio Tietê, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1940, 16mm, pb, 11’

As obras da draga, na Casa Verde, filmadas de janeiro a julho de 1940, e o projeto de retificação do curso do rio como solução do problema das enchentes. Vemos também fotos da inundação do Rio Tietê, em 1929, e cenas “pitorescas” dos últimos coletores de areia do rio.

Classificação indicativa: livre

São Paulo, vistas da cidade (título atribuído), de Benedito J. Duarte

São Paulo, década de 1940, 16mm, pb, 4’

Este curta foi filmado com negativo preto e branco, enquanto Vistas aéreas de São Paulo com filme colorido. Os dois curtas apresentam montagens diferentes para imagens captadas praticamente dos mesmos ângulos.

Classificação indicativa: livre

Viagem em redor de São Paulo, de Benedito J. Duarte

São Paulo, 1943-1944, 16mm, cor, 14’

Reunião de imagens do aeroporto de Congonhas, do Instituto Butantã e da represa de Santo Amaro, dentre outras, colhidas em novembro de 1943 e setembro de 1944.

Classificação indicativa: livre

Vistas aéreas de São Paulo (título atribuído), de Benedito J. Duarte

São Paulo, década de 1940, 16mm, cor, 6’

Este curta foi rodado com filme colorido, enquanto São Paulo, vistas da cidade com negativo preto e branco. Os dois curtas apresentam montagens diferentes para imagens captadas praticamente dos mesmos ângulos.

Classificação indicativa: livre

CARTA BRANCA A CRISTIANO MASCARO

Antônia – O filme, de de Tata Amaral

São Paulo, 2006, 35mm, cor, 90’

Negra Li, Cindy Mendes, Leilah Moreno, Jacqueline Simão

A história de quatro cantoras de hip-hop da Vila Brasilândia, bairro da zona norte da periferia de São Paulo, que, contra todas as adversidades, montam um grupo chamado Antônia e despontam para o sucesso. O filme deu origem a um seriado de TV homônimo, exibido entre 2006 e 2007.

Classificação indicativa: 12 anos

Boleiros – Era uma vez o futebol, de Ugo Giorgetti

São Paulo, 1998, 35mm, cor, 93′

Adriano Stuart, Flávio Migliaccio, Cássio Gabus Mendes, Octávio Augusto

Em um bar de São Paulo, um grupo de ex-jogadores de futebol reúne-se para relembrar antigas histórias da época em que jogavam. O resultado é a junção de seis histórias inspiradas em lendas e “causos” desse universo particular, cada uma delas relacionadas a clubes de São Paulo.

Classificação indicativa: livre

O grande momento, de Roberto Santos

São Paulo, 1958, 35 mm, pb, 80’

Gianfrancesco Guarnieri, Miriam Pércia, Jaime Barcellos, Paulo Goulart

No dia de seu almejado casamento, um jovem trabalhador constata que não possui dinheiro suficiente para honrar seus compromissos: a festa, o alfaiate e a viagem de núpcias. Seu único recurso, paliativo, é vender a bicicleta, seu maior bem. Ambientado no bairro paulistano do Brás.

Classificação indicativa: livre

Linha de passe, de Walter Salles e Daniela Thomas

São Paulo, 2008, 35mm, cor, 108’

Sandra Corveloni, Vinícius de Oliveira, José Geraldo Rodrigues, Kaique de Jesus Santos

A luta pela sobrevivência de uma mãe e seus quatro filhos que vivem na periferia de São Paulo: o mais novo procura obstinadamente o pai que nunca conheceu; o mais velho ganha a vida como motoboy e começa a se envolver com o crime. O terceiro dos irmãos trabalha como frentista e busca refúgio numa igreja evangélica. O quarto, prestes a completar 18 anos, batalha por uma carreira como jogador de futebol. Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes.

Classificação indicativa: 14 anos

Noite vazia, de Walter Hugo Khouri

São Paulo, 1964, 35mm, pb, 91’

Norma Bengell, Odete Lara, Mário Benvenutti, Gabriela Tinti

Na madrugada sufocante e cruel de São Paulo, dois amigos da elite paulistana terminam a noite num quarto de hotel com prostitutas de luxo, depois de rodarem as boates da cidade buscando em vão fugir de suas existências vazias. Indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes.

Classificação indicativa: 16 anos

O profeta da fome, de Maurice Capovilla

São Paulo, 1970, 35mm, pb, 93’

Maurício do Valle, José Mojica Marins, Júlia Miranda, Sérgio Hingst

O faquir Ali Khan, principal atração de um circo decadente que percorre as cidades do interior paulista, recusa-se a levar adiante um número em que deveria comer carne humana. Diante da revolta do público, ele parte sem rumo e chega a uma nova cidade, onde pretende apresentar seu derradeiro número.

Classificação indicativa: 16 anos

São Paulo S/A, de Luiz Sérgio Person

São Paulo, 1965, 35mm, pb, 111′

Walmor Chagas, Eva Wilma, Otelo Zeloni, Ana Esmeralda

Mesmo desfrutando de uma vida afetiva estável e de uma bem-sucedida carreira no ramo da indústria automobilística, Carlos vive insatisfeito. Diante de sua falta de perspectivas e projeto de vida, decide largar emprego e família e fugir.

Classificação indicativa: 12 anos

A CINEMATECA BRASILEIRA fica no
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
www.cinemateca.gov.br

ENTRADA FRANCA