“COLECIONE CLÁSSICOS” LANÇA MUSICAIS INÉDITOS COM MICKEY ROONEY E JUDY GARLAND.

Laurel & Hardy, Spencer Tracy & Katherine Hepburn, Jerry Lewis & Dean Martin, Fred Astaire & Ginger Rogers… não são poucas as duplas de sucesso no cinema. Para celebrar uma delas, o selo “Colecione Clássicos” está lançando quatro DVDs com uma das parcerias mais carismáticas do antigo cinema americano: Mickey Rooney e Judy Garland. São eles: “Sangue de Artista” (Babes in Arms – 1939), “Rei da Alegria” (Strike up the Band – 1940), “Calouros na Broadway” (Babes on Broadway – 1941) e “Louco por Saias” (Girl Crazy, 1943). A distribuidora informa que todos estavam até agora inéditos no mercado brasileiro.

Dirigidos pelo especialista em musicais Busby Berkeley, estes quatro títulos são bastante representativos do american way of life daquele período muito significativo da vida norte-americana, onde a Segunda Guerra Mundial injetava uma forte dose de medo e insegurança na população. Assim, repare: são filmes extremamente patrióticos e ingênuos, todos tentando passar a mensagem de que tudo é possível na ”terra das oportunidades”, desde que haja persistência e boa vontade. Os valores dos EUA são exaltados ao máximo, a bandeira e os hinos patrióticos são sempre valorizados, e o homem comum, na figura de Mickey Rooney, é glorificado como um verdadeiro herói do cotidiano. Em determinada cena, Rooney chega a afirmar: “Gershwin é tão bom quanto Bach ou Beethoven, mas com a vantagem que ele é americano”. Este é o tom. Tudo, claro, regado a deliciosos números musicais muito bem coreografados, planejados e dirigidos por Berkeley.

Com 1,57 de altura, o baixinho Rooney estava mesmo predestinado a ser artista. Ele nasceu em 1920 no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque, numa família totalmente teatral: tanto o pai, o escocês Joseph Yule, como a mãe, a norte-americana Nellie Carter, atuavam no teatro de revista (o chamado vaudeville) quando Joseph Jr. Nasceu. Sim, o nome verdadeiro de Mickey é Joseph. A influência dos palcos foi tanta que o garoto estreou no teatro com apenas 15 meses de idade.

Porém, seus pais se separaram em 1924, e a mãe levou Joseph Jr. para Hollywood. Para trabalhar em cinema? Ainda não: ela gerenciava uma agência de turismo. Foi na terra do cinema que Nellie viu um anúncio procurando uma criança de cabelos negros para atuar numa série de curtas-metragens, o que poderia ajudar na renda familiar. O fato do garoto ter cabelos ruivos não foi empecilho para a criativa mamãe, que tingiu as madeixas do menino com cortiça queimada. Pelo menos é o que diz a lenda.
Lenda ou não, o fato é que Joseph passou no teste, e interpretou para a Fox o papel de Mickey McGuire (adaptação das histórias em quadrinhos “Toonerville Trolley”), em nada menos que 78 curtas, entre 1927 e 36. Ele assinava com o próprio nome do personagem. Mais tarde, após um rapidíssimo período se autodenominando “Mickey Looney” (algo como “Mickey Maluco”), o garoto muda então definitivamente seu nome artístico para Mickey Rooney.

Entre curtas, longas e dublagens de desenhos animados (entre eles, os do Coelho Oswaldo, de Walt Disney), Mickey Rooney participa da impressionante marca de 334 filmes. Por enquanto: seu filme número 335 já está anunciado como “The Devil in the Frog”, ainda sem maiores detalhes nem data de estreia definida. Sim, ele ainda está vivo. E trabalhando, aos 92 anos de idade.

Estes lançamentos da “Colecione Clássicos”, com ótima qualidade de imagem (embora a tradução das legendas continue com muitas falhas), se constituem numa excelente oportunidade para se conhecer mais sobre Rooney, Judy Garland, e este divertido período romântico do musical americano.