CONHECE O FESTIVAL DE CONSERVATÓRIA?

UM FESTIVAL DE ATIPICIDADES, Por Cid Nader.

Poderia ser denominado por Festival das Atipicidades de Cinema esse Festival CineMúsica, que acontece na bucólica cidade de Conservatória, sul do Rio de Janeiro a caminho das Minhas Gerais:

– atipicidade, por ser evento que apesar de tratar da arte em que as imagens em movimento são a matéria bruta de maior importância (e aí, sempre crente na atenção que deva ser dedicada aos passos sobre esse material, de forte pegada técnica para sua organização na edição, na decupagem., que anteriormente necessitou de elaboração e preparação máxima se a ideia era tê-lo com boa qualidade…) prioriza mesmo os sons, as músicas que abastecerão o que foi capturado pelas lentes. O CineMúsica atenta ao que ocorre na banda sonora que é colada às imagens, e atenta a profissionais que para os diretores – com certeza para eles, acima de tudo – têm importância quase vital no corpo fílmico em seu todo. Quem vai ao festival, teoricamente está indo muito mais pelos seus ruídos.

– na premiação antecipada, conferindo mais qualidade rara (ao menos com tempo para que essa qualidade seja alcançada), ao permitir tempo para maior discernimento quanto ao que está sendo premiado por ali: isso se dando de maneira a, quando o festival inicia, termos já os filmes e seus prêmios, com suas devidas e nomeadas láureas creditadas nas sessões em que serão exibidos. Fato raro e atípico isso de permitir que se debata com mais atenção quando se trata do quesito premiação num festival de cinema – o que normalmente é mais possível no momento da curadoria, que escolherá os filmes, e que então serão premiados após uma exibição para júri que terá de decidir meio esbaforido e com pouco tempo. É bom perceber que se um trabalho está no festival ocorre porque passou por discussão para tal, e que leva como mais um brinde o fato de em já estando lá não sofrer o desgaste da discussão sobre suas qualidades in loco….

– atipicidade que intromete esse crítico que aqui escreve numa espécie de sinuca de bico. Pois por mais que me esforce para tentar mais atenção aos sons, ruídos, músicas e todo o trabalho técnico desenvolvido sobre (e creiam com a maior fé que boto atenção em tudo isso, sempre, e mais ainda quando estou num evento que trata disso), me prometendo que irei escrever com mais foco nessas questões, na hora em que vejo o texto finalizado percebo que raras vezes dediquei mais atenção, repetindo quase sempre meu padrão comum de condução sobre as obras (a cobertura será feita com textos feitos durante o evento, mas com aproveitamento de textos anteriores, também, sempre na esperança de que o máximo de informações críticas causem uma cobertura que atice curiosidades diversas, sobre um trabalho ou outro).

– onde entre os locais de exibição contarem com uma sala chamada “Centímetro”, e a outra, “Milímetro”. Mais fácil explicar com texto que fiz quando fui ao “7º CineMúsica”: “…“ conheci o ‘Centímetro’ e o ‘Milímetro’. Inacreditável ver aquilo: situados dentro do Rancho Centímetro (casa de Ivo Raposo, um cinéfilo/colecionador que parece ser daqueles de contos), a primeira sala a que fui (a Centímetro) tem na fachada réplica perfeita e reduzida do antigo Metro Tijuca (com direito a neons e aviso de “ar condicionado perfeito”), e na sala, cadeiras, lustres, avisos, o símbolo do cinema – inacreditável mesmo, lindo, das coisas que pagam uma viagem. A sala ‘Milímetro’, já dentro da casa de Ivo, também carrega as ‘indumentárias’ do Metro, mas sem tanto glamour (a primeira com cerca de 70 lugares, a segunda com uns 20). Detalhe é que há projetores digitais e também 35mm…”

– e pra terminar – ao menos por enquanto – isso de querer mudar o nome do festival. Atípica é uma cidade como Conservatória (patrimônio cultural), que recebeu/adotou a fama de Cidade da Seresta desde 1938. Até hoje, uma das grandes atrações dela está justamente nos grupos de seresteiros que saem aos finais de semana pelas madrugadas para cantar sob janelas (no início, lá atrás, de suas musas, hoje em dia nas das pousadas). Finais de semana em que é invadida por cariocas em busca desse bucolismo e do frio (quando estive ali da primeira não aconteceu o tal frio que dizem ter, mas os turistas chegavam encapotados como se sim). Atípica uma cidade da música, que recebe um festival de cinema, mas que ao menos é lógica ao ver tal festival privilegiando a música e os outros sons…

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Texto de Cid Nader publicado sob licença de www.cinequanon.art