COUSINS: “DOCUMENTÁRIOS ABREM NOSSOS OS OLHOS COMO NENHUM OUTRO TIPO DE CINEMA FAZ”.

Por Celso Sabadin.

Diretor de 37 obras – entre curtas, longas e séries de TV – em 30 anos de carreira, o irlandês Mark Cousins é um dos maiores documentaristas do mundo. Na manhã desta terça-feira, 9/4, ele ministrou uma aula magna muito especial na Cinemateca Brasileira, como parte da programação do 29º Festival É Tudo Verdade. E anunciou um de seus projetos mais ambiciosos, já em produção: uma série com 16 horas de duração contando a história do cinema documental, em todo o mundo.

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Esbanjando simpatia e sempre brincando com a plateia e com os tradutores simultâneos, (“para espantar a timidez”, segundo suas próprias palavras), Cousins diz que o mundo do cinema documental não tem festas com champanhe, nem tapetes vermelhos, mas o documentário “abre e mantêm vivos os nossos olhos como nenhum outro tipo de cinema consegue fazer”. Ele também recusa o rótulo do documentário ser “apenas um gênero”. Na medida em que há documentários musicais, de denúncia, sociais, ensaios, de protesto, etc., “o documentário são vários gêneros”, defende.

Admite, porém, que há um preconceito dos produtores em relação ao tema: “Quem financia filmes acha que documentários não são sexys. Mas olhem para nós, e vejam como nós somos sexys, sim!”, brinca e provoca.

Respondendo sobre seu processo criativo, Cousins diz que “a estrutura do filme sempre vem primeiro. Depois, você improvisa loucamente dentro desta estrutura, sempre dentro dos limites da ética, tanto da ética dos seus entrevistados, como da ética do público. O texto é a última coisa que faço. Feito isso, costumo deixar pouco tempo para a edição: no máximo três semanas, em
caso de longas metragens”.

Falando assim, parece fácil. Até o momento em que Cousins pede para mostrar a tal “estrutura” de um de seus filmes: um enorme rolo de papel, repleto de milhares de informações, desenhos e linhas narrativas, que, ao ser desenrolado, mostra-se mais longo que o próprio palco em que a aula acontece.

“Não tem como fazer essas coisas em computador”, conclui.

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Trazendo 77 filmes de 34 países, o Festival É tudo Verdade prossegue até 14 de abril em São Paulo e Rio de Janeiro. A programação completa está em etudoverdade.com.br   É tudo verdade, e é tudo gratuito.