Crítico crítica a escolha dos críticos

Os críticos paulistas já escolheram. O grande vencedor do Prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte – de 2006, na categoria Cinema, foi O Céu de Suely, de Karin Aïnouz. A bela história de amores, decepções e preconceitos dirigida por Karin Aïnouz (o mesmo de Madame Satã) levou os prêmios de Melhor Filme, Direção e Atriz (para Hermila Guedes).

Cao Hambúrguer foi consagrado por duas de suas produções em categorias distintas: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias foi considerado o Melhor Roteiro (na categoria Cinema) e a minissérie Filhos do Carnaval, com sua direção, venceu o Grande Prêmio da Crítica, na categoria Televisão.
Ainda na categoria Cinema, os demais vencedores foram Melhor Fotografia para Murilo Salles (por Árido Movie) e Melhor Ator para Matheus Nachtergaele (por Tapete Vermelho).

O crítico de cinema Rubens Ewald Filho discorda da premiação: “Não gosto da estética de O Céu de Suely, de sua narrativa, da maneira de narrar fria e distanciada que mais parece um filme do Leste Europeu do que uma historia passada no Nordeste brasileiro. O filme é daqueles que nunca mostra direito a cidade onde se passa a história, quase nada se conhece dela a não ser um posto de gasolina e uma discoteca. Talvez porque em novela tudo se explique e haja diálogos em excesso, aqui acontece o contrário. Só se diz o trivial, o bom dia, boa tarde, como vai… Na hora de explicar, nada rola. Então não se pode falar em psicologia de personagens, ou mesmo conflitos abertos”.

Rubens ainda questiona a originalidade da trama: “A idéia da rifa não é nova. Na verdade, no fim dos anos 60, em Bocaccio 70, Vittorio De Sica já contava essa história numa feira do interior com Sophia Loren, e já era comédia, sinal de que não era para levar a sério.”

Já a jornalista e crítica de cinema Neusa Barbosa, editora do site Cineweb, discorda frontalmente de Rubens: “Assiste-se aqui a um cinema que procura um realismo sem disfarces nem cosmética, encharcado de um humanismo que não tem época e por isso nunca fica datado nem precisa de atualização. A opção de Aïnouz é pelo ser humano e sua circunstância – e só. É quanto basta para compor esta obra fundamental”, afirma.

O Prêmio da APCA de 2006 será entregue no próximo mês de março, em local ainda não divulgado.