É TUDO VERDADE: TRÊS SUGESTÕES.

Por Celso Sabadin

Em meio a tantas opções de bons documentários que estão sendo exibidos no Festival É Tudo Verdade,  três deles me chamaram a atenção “Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas”,  “Eu, Meu Pai e os Cariocas – 70 Anos de Música no Brasil” e “78/52”. Óbvio que há muitos outros, mas por enquanto ainda não deu tempo de ver todos.  E como nem vai dar tempo de ver, seguem estas três dicas:

 

MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS.

Com direção de Sandra Werneck, a mesma de “Pequeno Dicionário Amoroso”, o documentário se centraliza em personagens que sofreram abusos sexuais em diversos momentos da vida. Desde a nadadora Joana Maranhão, molestada ainda criança, até a farmacêutica Maria da Penha, pivô da lei de 2006 que criminaliza a violência contra a mulher e que leva seu nome. Ainda que com estética televisiva e comportada, o filme aborda um tema dos mais importantes e necessários, com potencial de gerar discussões relevantes dentro do atual cenário de violência vivido no Brasil.

 

EU, MEU PAI E OS CARIOCAS – 70 ANOS DE MÚSICA NO BRASIL.

Delicioso e emotivo painel panorâmico sobre as últimas décadas da Música Brasileira contadas sob o ponto de vista do grupo vocal “Os Cariocas”, verdadeiro ícone da Bossa Nova. Contextualizando os movimentos musicais dentro de seus respectivos momentos políticos, o filme funciona também como uma rápida história da cultura brasileira e de como ela foi destruída pelos interesses estrangeiros até chegar no lamentável estágio atual.

O fato do filme ser dirigido pela atriz Lúcia Veríssimo, filha do líder de “Os Cariocas”, Severino Filho, traz várias consequências para o documentário. Entre as positivas, a proximidade da diretora com os depoentes, que deles extraiu ótimos momentos de descontração e verdade. Entre as negativas, um certo ego inflado – característica inerente aos atores e atrizes – que em várias oportunidade transfere o foco do filme do objeto documentado para o documentarista. Como, aliás, o próprio título do filme já admite em sua primeira palavra.

Importante, emocionante, necessário e atual.

 

78/52

Obrigatório para todos os cinéfilos, “78/52” faz uma análise minuciosa sobre os mais diversos aspectos que envolvem uma das cenas mais famosas da história do cinema: o assassinato da personagem de Lanet Leigh no chuveiro do Bates Motel, em “Psicose”. Com direção de Alexandre O. Philippe, esta produção norte-americana colhe depoimentos de cineastas, roteiristas, montadores e atores, além de levantar amplo material de arquivo, tudo no intuito de compor um completo painel sobre o impacto da icônica cena, tanto técnica, como social, psicológica e cinematograficamente.

A programação completa do – e gratuita – do É Tudo Verdade está em http://etudoverdade.com.br/br/home