EM NOVO FORMATO, FESTIVAL DE CUIABÁ HOMENAGEIA ROSALVO CAÇADOR.

Cuiabano, Rosalvo Caçador participou de diversos filmes e esteve ao lado de Mazzaropi e Zé do Caixão. Inseriu seu nome em dezenas de longas metragens ao lado de importantes diretores da cinematografia brasileira. Atou como ator entre as décadas de 1960 e 1970 e também esteve por trás das câmeras, na produção – nas mais diversas funções, desde contra-regra a diretor e roteirista. E é para ele que vão as homenagens do 18º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, agora sob o novo nome Cinemato.

Para o organizador do evento, Luz Borges, a homenagem possui um significado modelar para sociedade brasileira, em especial a mato-grossense. “Reconhecer, reparar e incorporar os artistas brasileiros na memória social deste país é dever e responsabilidade de todos. Rosalvo possui uma trajetória singular e de extrema importância para a sétima arte”, destaca.

O fato marcante deste tributo é que pela primeira vez o festival consegue agregar a homenagem um valor financeiro. O homenageado vai receber o prêmio de R$ 10 mil. “Não basta homenagear e promover os artistas mato-grossenses no discurso. Recursos financeiros também são bem-vindos. Que esta ação modelar do festival se prolifere por Mato Grosso”, ressalva Borges.

Segundo Rosalvo, a notícia da homenagem lhe causou grande surpresa. Modesto, diz que é muita homenagem para quem fez tão pouco. “Já estou afastado deste meio há muito tempo. Por forças das circunstâncias voltei para Cuiabá e abandonei o cinema. Mas, fico grato pela organização do festival se lembrar de mim”.

A modéstia não se justifica. Ele esteve envolvido em mais de 20 produções, e trabalhou ao lado de consagrados produtores e artistas, seus amigos pessoais, como Mazzaropi e José Mujica Marins (Zé do Caixão). “Produzir cinema nunca foi fácil e naquela época era mais difícil ainda. Tínhamos poucos recursos financeiros e tecnológicos, mas fazia porque gostava”, recorda, acrescentando que fez de tudo um pouco. “Comecei na base e cheguei ao cargo de diretor de produção”.

Cuiabano, nascido no antigo distrito de Brotas (atualmente Acorizal), Rosalvo assistiu muitos filmes de bang-bang na sua adolescência, quando percebeu que tinha talento para fazer cinema. Seu primeiro trabalho foi na rádio voz do Oeste, em Cuiabá. Mais tarde, no final dos anos de 1950, se mudou para São Paulo com a intenção de botar em prática um sonho antigo. E foi no Diário Popular que viu a chance. Encontrou um anúncio convocando pessoas para trabalhar no cinema. Ali iniciava sua trajetória. Conheceu pessoas do meio artístico e começou a estudar artes dramáticas. Um ano e meio depois já estava participando do primeiro capítulo da série “O Vigilante Rodoviário”, de Ari Fernandes.

O primeiro longa do qual participou foi “Erótica (Vidas Nuas)”, de Odyr Fraga. Esteve presente em produções com Mazzaropi, como “O Lamparina” (1963), e José Mojica Marins, em “O estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968). Outro trabalho importante foi “Pantanal de Sangue” (1971), de Reynaldo Paes de Barros.
Desta fase, Rosalvo guarda boas lembranças. “Apesar das dificuldades, era muito divertido. Sou uma pessoa bem-humorada e sempre fazia graça pelos sets de filmagem”, diverte-se.

Mostra do Homenageado – O festival exibe o longa “A Herança”, de Ozualdo Candeias (1970/SP/90’/P&B), no dia 30, às 21h, que tem Rosalvo Caçador no elenco.
Também estão no elenco David Cardoso, Américo Taricano, Deoclides Gouveia, Zuleica Maria e Bárbara Fazio. A cópia do filme foi cedida pela Cinemateca Brasileira.

Filmografia de Rosalvo Caçador

1961 – Seriado O Vigilante Rodoviário de Ari Fernandes. Episódio: Pânico na Pedreira
1962 – Erótica, de Odir Fraga
1963 – O Lamparina, de Glauco Mirko Laurelli com Mazzaropi – (ator)
1963 – Imitando o Sol, de Geraldo Vietre (o homem das encrencas)
1964 – Meu Japão Brasileiro, de Glauco Mirko Laureli (foco e participação como ator)
1965 – O corpo Ardente, de Walter Hugo Kouri
1966 – O Corintiano, de Milton Amaral (foco e participação como ator)
1966 – O Puritano da Rua Augusta de Mazzaropi (foco e participação como ator)
1967 – Águias de fogo, de Ary Fernandes
1967 – Trilogia do Terror de Candeias – O estranho mundo do Zé do Caixão (ator)
1968 – Anuska: Manequim e Mulher, de Francisco Carvalho Junior
1968 – O Estranho Mundo de Zé do Caixão
1968 – O Quarto
1969 – Agnaldo, Perigo à Vista
1970 – A Herança
1971 – Finis Hominis (assistente de câmera)
1971 – O Macabro Dr. Scivano
1971 – Pantanal de Sangue
1972 – Caingangue, de Carlos Hugo Christensen (ator)
1972 – Noite do Desejo, de Fanse Mansur
1974 – Lilian M, de Carlos Reichenbach
1974 – A Virgem e o Machão
1972 – Quando os Deuses Adormecem
1972 – Gringo, o Matador Erótico
1975 – Secas e Molhadas