FESTIVAL BRASILEIRO DE PERFORMANCES AUDIOVISUAIS EM TEMPO REAL CHEGA A SÃO PAULO.
A IV Mostra Live Cinema – mLC 2011 – SP, realizada pelo SESC, com o apoio do Oi Futuro e do Goethe-Institut São Paulo, chega à capital paulista nos próximos dias 6 e 7 de outubro como referência nacional e internacional entre os artistas, críticos e pesquisadores de performances audiovisuais.
Idealizado por Marcia Derraik e Luiz Duva, o festival inaugurou no Brasil o formato inovador de evento 100% dedicado a performances audiovisuais em tempo real, e cumpre cada vez mais, a cada ano, sua vocação em gerar reflexão e intercâmbio entre os realizadores, os trabalhos e o público de Live Cinema.
Este ano, a versão paulista da Mostra apresenta os artistas alemães Lillevan e Kurt Laurenz Theinert, o uruguaio Brian Mackern, além dos brasileiros Duo N-1 (SP) e Hol (BH). São nomes de grande reconhecimento por suas trajetórias internacionais, por suas técnicas e instrumentos audiovisuais customizados, e pelos conceitos e estética apurada dos seus trabalhos.
“Estamos convictos de que o audiovisual feito ao vivo no Brasil é uma expressão artística contemporânea consolidada, forte e acima de tudo muito criativa. É ver para crer!”, convocam Luiz Duva e Marcia Derraik, idealizadores da IV Mostra Live Cinema – mLC 2011.
SOBRE A MOSTRA LIVE CINEMA
A IV Mostra Live Cinema é uma mostra expositiva de performances audiovisuais e trabalhos de Live Cinema e Live Images, com o uso de softwares e hardwares de manipulação de imagem, som, dados e luz, tudo em tempo real.
O evento tem realização do SESC, apoio cultural do Oi Futuro e do Goethe Institut de São Paulo.
O CONCEITO DA MOSTRA LIVE CINEMA
Vivemos na época da pós-convergência das tecnologias, dos meios e das artes, uma época marcada por imagens transformáveis, vivas, recombinantes e transmutáveis. Uma época onde não existe mais diferenciação entre o real e o digital, uma época sem fronteiras, de imagens que pairam em nuvens de dados sob nossas cabeças, transpassando nossos corpos em ondas eletromagnéticas captadas por e em nossos aparelhos móveis e portáteis. Uma época em que as imagens em movimento estão sujeitas a todo tipo de processo e/ou dispositivo que as manipulem, reconstruam e as resignifiquem. De vídeos interativos publicados nas redes sociais da internet às tecnologias de projeção de vídeo mapeado e 3D, da infinidade de telas e câmeras que nos cercam e vigiam aos celulares cada vez mais espertos, tudo de alguma forma, mesmo que você não se de conta disso, produz conteúdo para época em que vivemos.
Mas o que Live Cinema tem a ver com isso? Muito, mas antes cabe uma explicação sobre o que é Live Cinema. O termo “LIVE CINEMA” ou “Cinema ao Vivo” foi usado originalmente para classificar uma sessão de cinema silencioso que tinha a execução de música ao vivo durante a sua apresentação. Mas isso foi no início do século passado, hoje o termo “LIVE CINEMA” diz respeito à execução simultânea de imagens, sons e dados por artistas visuais, sonoros ou performáticos que apresentam suas obras ao vivo diante da platéia. São apresentações onde a improvisação e o acaso fazem parte de um processo que resulta na possibilidade de criação e vivência, por parte do público, de uma experiência audiovisual expandida, agora mais do que nunca, também entendida como sensorial e imersiva.
No Brasil, assim como em todo mundo, o Live Cinema segue uma tendência iniciada a partir do início dos anos 2000 que teve na figura do VJ (o DJ de imagens) uma peça fundamental para o seu desenvolvimento e integração com a cultura POP. Dos vídeos clipes da MTV da década de 1980 aos remixes audiovisuais dos VJs das décadas de 1990/2000, o que vemos e experimentamos desde então são formas, não novas, mas sim atualizadas de se ver e experimentar um audiovisual que pelo uso das tecnologias e técnicas disponíveis invadiram nossa vida de forma nunca antes imaginada. Hoje o Live Cinema agrega artistas do porte dos cineastas Francis Ford Coppola e Peter Greenaway, de artistas multimídia como o canadense Herman Kolgen e dos japoneses Ryoji Ikeda e Daito Manabe ou ainda dos brasileiros HOL, Bruno Vianna e Duo N-1 que através do desenvolvimento de suas pesquisas, obras e pensamentos apontam para a criação de uma forma de arte audiovisual que transcende o meio, o espaço e o tempo. Uma arte antenada com a sua época, para a qual o futuro acontece no aqui e agora e claro, feito ao vivo e em tempo real.
PROGRAMAÇÃO
A IV Mostra Live Cinema São Paulo acontece nos dias 6 e 7 de outubro de 2011 no Sesc Pompeia.
06.10 (quinta-feira) – 21:00 horas:
Metaremix – DUO N-1 (São Paulo, Brasil)
Living stereo – Brian Mackern (Uruguai)
Visual Piano – Kurt Laurenz Theinert (Alemanha)
07.10 (sexta-feira) – 21:00 horas:
Ponto, um videogame sem vencedor – Hol (1mpar) (Belo Horizonte,Brasil)
Fixation Fields – Lillevan (Alemanha)
Antología Soundtoys – Brian Mackern (Uruguai)
Sobre os Artistas
DUO N-1 (S. Paulo – Brasil)
06/10, 21h | Metaremix
http://n-1.art.br
Formado por Giuliano Obici e Alexandre Fenerich em junho de 2007, o
Duo N-1 atua sob o rótulo da música experimental explorando diversos
processos de criação sonoro-visual. Criam para as suas apresentações
instrumentos sonoros e visuais, seja analógicos, eletrônicos ou digitais,
que tem função específica em cada obra. A criação desses instrumentos
faz parte essencial do trabalho mas a pesquisa é feita sob o olhar atento
do humor e da ironia, que dão as bases das apropriações musicais e do
design dos objetos (sonoros e soantes) do duo.
“Metaremix” é um ensaio da arqueologia de um instante quase-presente
(que acaba de acontecer), confinado na memória implacável de uma
máquina cuja vocação é a de remixar o passado. Arqueologia de um
instante desdobrado em repetições e recombinações de si mesmo. A
performance é dividida em duas partes. A primeira consiste em uma
improvisação com objetos cotidianos que produzem sons. O som e a
imagem da improvisação são gravados e mais tarde o material gravado
é automaticamente re-mixado consigo mesmo pelo software criado pelos
artistas. Na segunda parte os performers deixam a cena e o filme
remixado ao vivo é exibido para o público.
BRIAN MACKERN (Uruguai)
06/10, 21h | Living Stereo
07/10, 21h | soundtoys.anthology
http://netart.org.uy/
Artista de novas mídias, compositor, realizador audiovisual e criador de
estruturas de desenvolvimento autônomo e ambientes audiovisuais
reativos. Seu trabalho se concentra principalmente na análise de estruturas de procedimento e utilização de filmes de arquivo. Mackern explora design de interfaces, navegação alternativa, criação de soundtoys, animação de filme e dados em tempo real, web arte e arte sonora.Apresentou
suas obras e deu seminários e palestras em diversas turnês pela
Argentina, Chile, México, Espanha, França, Portugal, etc. Seu trabalho já
foi exposto em grandes festivais internacionais e premiado por várias instituições.
É professor de Arte Eletrônica e Digital de Belas Artes da Universidade
do Uruguai, curador e coordenador de novas mídias do Centro
Municipal de Exposições Subte em Montevidéu.
Living Stereo
Performance que investiga o potencial, processos estocásticos, soundtoys,
animações e vídeos em tempo real, web arte e arte sonora. Seu
trabalho já foi apresentado e premiado pelo mundo todo. Em seu novo
projeto ‘Living Stereo’, Mackern investiga o potencial de novas formas
de estruturar e combinar sons e imagens. Ele desenvolveu interfaces
interativas que permitem a criação de composições audiovisuais em
inúmeras permutações. Sequências apropriadas de filmes de arquivo
(de diretores como Andrei Tarkovsky, William Marshall e Alfred Hitchcock)
e interfaces abstratas são combinadas em uma reflexão divertida
de várias faces da cultura do remix.
soundtoys.anthology [1996-2008] é uma recompilação de interfaces
audiovisuais desenvolvidas ao longo de 12 anos pelo artista digital
Brian Mackern. Em 3 telas em navegação autoral ao vivo, são apresentadas
em torno de 60 soundtoys (brinquedos sonoros) dentro das mais
de 140 interfaces que o artista já registrou. Estas obras pertencem a
várias etapas da sua trajetória e fizeram parte de trabalhos premiados
em várias oportunidades e foram exibidos em diversos festivais como
Transmediale (Berlim, Alemanha), Centro de Arte Nabi (Seul, Coréia),
Museu Tamayo (México), Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (Argentina), Museu Nacional de Artes Visuais (Montevidéu, Uruguai) entre
outros.
KURT LAURENZ (Alemanha)
06/10, 21h | Visual Piano
www.theinert-lichtkunst.de
Kurt Laurenz Theinert é fotógrafo e escultor de luz, dedicando sua obra
principalmente a experiências visuais que, como imagens, não se referem
a nada. Ao contrário, ele se empenha à busca de uma estética abstrata e
redutiva. Esta busca o guiou – através do desejo por mais desmaterialização
– da fotografia à luz como um meio artístico. Colaborações envolvendo
artistas sonoros e músicos enriquecem seu trabalho, não só graças
a incorporação de outro meio não-material (o som), mas também por
promover refinamento e monitoração constante de sua própria posição
artística.
Participação de MIGUEL BARELA e THOMAS ROHRER – Duo de improvisação
livre e ruidismo. Thomas Rohrer, o instrumentista suíço (sax, violino e rabeca), desenvolve no Brasil um trabalho com trânsito forte entre
a improvisação livre, jazz, e musica regional. Miguel Barella tem uma
carreira que o levou do antológico Agentss ao pós-punk do Voluntários
da Pátria, sempre marcada pela experimentação. Em seus trabalhos mais
recentes, Miguel investe cada vez mais na busca de uma linguagem
própria na guitarra calcada no processamento do som em tempo real.
O resultado da combinação entre os dois tem sido uma extrema e contrastante liberdade criativa. Esse foi o primeiro enfoque do duo Rohrer-
Barella: o engenheiro Miguel processando e mixando ao vivo a rabeca e
o sax do improvisador Thomas, introduzindo os imponderáveis desvios e
overdubs eletrônicos nos timbres telúricos daquele.
A performance “Visual Piano” propõe a apropriação de um espaço para
a criação de imagens móveis utilizando como instrumento o “piano visual”.
Este instrumento é uma peça única, concebida e desenvolvida
pelo fotógrafo e artista de instalações de luz Kurt Laurenz Theinert,
em colaboração com os projetistas de software Roland Blach e Philip
Rahlenbeck. Através de um teclado MIDI, é possível gerar padrões gráficos
variáveis para projeção em uma ou múltiplas telas. Desenhadas
em luz, as criações dinâmicas e imediatas não são geradas com clipes
pré-gravados (como no software e hardware de VJs). Cada momento
da apresentação é transmitido e modulado em tempo real através do
teclado e pedais. Nesta performance a platéia e arquitetura do teatro
do Sesc Pompeia serão utilizadas como suporte para as projeções. Participação de Miguel Barela e Thomas Rohrer – Duo de improvisação
livre e ruidismo.
HOL (1mpar) (B. Horizonte- Brasil)
07/10, 21h | Ponto, um videogame sem vencedor
http://hol.1mpar.com
HOL é um projeto conceitual audiovisual generativo criado pelo artista
multimídia Henrique Roscoe (1mpar). Todas as composições buscam
uma correspondência entre áudio e imagem e são executadas em performances ao vivo ou em vídeo. O projeto é baseado no conceito de sinestesia,porém ampliado, dando espaço para significações e referências.
Cores, formas e movimentos de cada elemento são sincronizados com
notas, harmonias e ritmos. Som e imagem tem exatamente a mesma
importância e são gerados ao mesmo tempo ao se tocar cada nota no
teclado, ou através dos instrumentos específicos construídos pelo artista
em software e hardware.
“Ponto, um videogame sem vencedor” é uma performance audiovisual
com sons e imagens sincronizadas, tocadas com o uso de um “console”
construído a partir da placa gameduino, que são controlados por
dois joysticks. Baseado na Gameart, a ideia da performance é subverter
a lógica dos games antigos, propondo um resignificado para o seu uso
e conceitos. A performance é aberta à participação do público que pode
“jogar” com o artista e assim também fazer parte da apresentação.
LILLEVAN (Alemanha)
07/10, 21h | Fixation Fields
http://www.lillevan.com
Lillevan trabalha com animação, vídeo e novas mídias. É mais conhecido
como membro fundador do coletivo visual/musical Rechenzentrum
(1997-2008). Paralelamente a seu trabalho no Rechenzentrum, Lillevan já
se apresentou e colaborou com artistas de uma variedade de gêneros, de
ópera a instalações, e do minimalismo experimental eletrônico a música
dance ou erudita.
Suas apresentações com Rechenzentrum e outros projetos circularam
pelo mundo todo – do Brasil à Sibéria, da Coréia a Cuba, Belgrado e Detroit.
Premiado e indicado em diversos festivais cultuados (Ars Electronica,
Oberhausen Kurzfilmtage, etc).
‘Fixation Fields’ é uma obra audiovisual que explora a relação entre luz,
ritmos, psicologia e o olho. Inspirado vagamente pelas teorias expressadas
por Rudolf Arnheim sobre Gestalt na arte e percepção, Lillevan
cria um arranjo visual de grande densidade e poesia visual, enfatizando
a forma como novas relações entre som e imagens em movimento
criam significado na comunicação atual. Utilizando software personalizado,
‘Fixation Fields’ gera sons através da análise de sequências de
imagens, compondo uma colagem em tempo real a partir de um acervo
imenso de experiências visuais e orgânicas coletadas em pesquisa ao
longo dos últimos dez anos. Os sons e imagens em movimento são
arranjados e manipulados durante a apresentação, criando uma experiência
cinematográfica densa – um manifesto poético de percepção
visual, assim como a fixação e dispersão do olhar.
SERVIÇO:
IV MOSTRA LIVE CINEMA
Dias 06 e 07 de outubro.
Sesc Pompéia – rua Clélia, 93 – Pompéia
telefone: (11) 3871-7700
Entrada Franca
Classificação etária: 12 anos
www.livecinema.com.br

