FICÇÃO CIENTÍFICA MINEIRA “DESERTO AZUL” ABRE A 8a. MOSTRA BH.

No impressionantemente belo espaço do Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte teve início na noite desta quinta-feira (16) a oitava edição da Mostra BH de Cinema. Este ano, o evento apresentará, até a próxima quinta-feira (23) 98 filmes divididos em quatro espaços da capital mineira, mais seminários, masterclasses e encontros de coprodução.

Na abertura da 8ª Mostra BH foi apresentado o longa mineiro “Deserto Azul”, de Éder Santos, filme que tem o mérito de tentar alguns caminhos de uma suposta ousadia estético/temática, ainda que nem sempre consiga lograr sucesso nesta sua tentativa.
As primeiras cenas de “Deserto Azul” surpreendem basicamente por dois motivos: o primeiro é explicitar de forma a não deixar dúvidas a excelente qualidade de som e imagem obtidas no auditório do CCBB: não é todo dia que se vê uma projeção assim em festivais de cinema pelo Brasil. A segunda é perceber que o filme é uma ficção cientifica, gênero pouco explorado pelo cinema brasileiro.

A trama fala de um homem sem nome (Odilon Esteves) perturbado por alguns símbolos e ícones que o perseguem em seu subconsciente. Para tentar decifrá-los, ele vive à procura de algum momento, um simples e rápido instante em sua vida que possa levá-lo a um estágio de transcendência que nem ele próprio sabe o que seria. O que ele mais deseja é parar de pensar. Em seus devaneios, este homem se encontra com um estranho personagem (Chico Diaz) disposto a pintar todo um imenso deserto de azul (em belíssimas locações em Atacama, no Chile), enquanto espera por uma prometida grande festa que, acredita ele, mudará sua vida.

Não, não é uma leitura fácil e linear, não. Nem poderia ser, já que o diretor Éder Santos é egresso do experimentalismo do Super-8 e do VHS, e fortemente identificado com os movimentos de vídeo-arte que tanto marcaram os anos 80.
Todo este sabor passadista experimentalista daquela época é visível em “Deserto Azul”. Tanto em suas opções estéticas, como nas formulações viciadas do protagonista sempre em busca daquele famoso “eu interior” que fazia as cabeças da sociedade pós-hippie.

Sobrou no ar, ao final da projeção, um certo sabor de algum lugar no passado.