GRAMADO 2011 – CRIANÇAS E IDOSOS MARCAM FILMES LATINOS.
Enquanto a Mostra Competitiva de filmes brasileiros não consegue entusiasmar o público presente nesse 39º Festival de Gramado, as produções latinas aos poucos vão fazendo bem a sua lição de casa.
Na terça-feira (09/08) o Chile exibiu (ainda que em DVD) o belo e sensível “Leciones de Pintura” (foto), de Pablo Perelman, com produção de Andrés Wood (diretor de “Machuca”). Como tem acontecido muito no cinema latino, o filme segue a fórmula de revisitar um período politicamente tumultuado através da óptica de uma criança. Aqui, a partir de um pequeno romance de Adolfo Couve, Perelman conta a história de um garoto com um inacreditável talento para a pintura que se torna sensação no pequeno povoado onde mora.
Filho de mãe solteira, o menino é praticamente adotado pelo dono de uma farmácia, ele próprio um pintor frustrado. Simbolicamente, uma linha de trem divide o já microscópico universo onde a trama tem lugar. E, em nível macro, a direita da TFP e a esquerda de Allende travam uma batalha que, todos sabemos, terá trágico desfecho em 11 de setembro de 1973. Exatamente a data em que o pequeno pintor daria um passo decisivo para mudar sua vida.
A péssima exibição não fez jus à beleza do filme.
Já na noite de ontem (10/08) foi exibido “O Casamento”, documentário uruguaio dirigido por Aldo Garay. De forma despojada e totalmente descompromissada, o filme enfoca a história de amor entre Ignacio e Julia. Ele, 75 anos, um trabalhador aposentado da construção civil. Ela, 65, transsexual. Após 20 anos morando juntos, eles decidem se casar. Afinal, Ignacio se sente muito mais à vontade depois que Julia finalmente conseguiu realizar sua operação de mudança de sexo.
É o cinema uruguaio, novamente, se utilizando de sua principal característica: a simplicidade.
Celso Sabadin viajou a convite da organização do Festival.

