HELENA IGNEZ E ALBERTO ÁLVARES GANHAM MOSTRAS VIRTUAIS. GRÁTIS.

A partir de 10 de setembro (sexta-feira), a plataforma de streaming do cinema e audiovisual brasileiro Itaú Cultural Play – www.itauculturalplay.com.br –, acrescenta ao seu catálogo mais oito filmes de importantes cineastas brasileiros com representatividade indígena, negra e feminina. Considerado um dos principais cineastas indígenas do país, Alberto Alvares, da etnia Guarani Nhandewa, ganha mostra com três de seus principais filmes, com curadoria da cineasta e antropóloga Junia Torres. Em outro recorte, a plataforma destaca a diretora baiana Helena Ignez, e mostra com três de suas produções audiovisuais, que seguem uma linha libertária, feminina e profundamente autoral, que atualizam a experiência do passado em um novo contexto. Para concluir as novidades da semana, mais dois filmes da realizadora Viviane Ferreira passam a incluir a curadoria dedicada aos cineastas negros do Brasil.

Mostra Alberto Alvares

De estilo sereno e clássico, os documentários deste cineasta se destacam pela proximidade dos seus roteiros com os rituais e manifestações Guarani, produzindo sentidos que apenas a sensibilidade indígena é capaz de criar. Para essa mostra dedicada ao diretor, foram escolhidas três de suas principais obras.

Karai ha’egui kunhã karai ‘ete – Os Verdadeiros Líderes Espirituais é seu primeiro longa-metragem, de 2013. O filme mostra, desde o início, seu objetivo de preservar ensinamentos e imagens dos sábios Guarani, fazendo do audiovisual uma ferramenta de transmissão da memória de seu povo.

 

O documentário tem como foco a história de vida de Alcindo Moreira, importante líder espiritual, que, na época das filmagens, somava 106 anos de idade, e de sua esposa Rosa Poty-Dja. Morador da Terra Indígena de Biguaçu, em Santa Catarina, o casal é guardião de um século de conhecimento de sua língua e cultura.

Com emocionante proximidade, o filme Tekowe Nhepyrun – A origem da alma, de 2015, capta o nascimento de uma criança Guarani, em uma perspectiva de corpo e alma que raramente um diretor não indígena poderia alcançar. A cultura e o ritual local, em torno da gravidez e do parto, são capturadas em sua dimensão material e espiritual. Para o espectador, trata-se de um aprendizado simbólico inesquecível.

Premiado em 2019 no Doclisboa, tradicional vitrine do documentário europeu, o filme O Último Sonho é um testemunho emocionante sobre as relações entre a morte, a memória e a espiritualidade entre os Guarani. Nessa produção, os povos se reúnem para ver imagens e depoimentos de seu falecido líder espiritual, Wera Mirim. Ao ritual cinematográfico, segue-se o retrato do guia religioso em toda a sua complexidade – o portador da sabedoria, transmissor de conhecimentos, elo entre os antepassados e as novas gerações.

Mostra Helena Ignez

A cineasta baiana Helena Ignez, que se consagrou como intérprete à frente de obras icônicas do Cinema Novo e do Cinema Marginal, nas décadas de 1960 e 1970, atua como realizadora desde o início dos anos 2000. Durante duas décadas dirigindo filmes, ela vem construindo uma obra libertária, feminina e profundamente autoral. Seu talento atrás das câmeras pode ser visto em três novos filmes disponibilizados na Itaú Cultural Play.

Em Poder do Afetos, de 2013, um homem da aristocracia descobre o chá de ayahuasca, depois de ter problemas com as drogas e de passar seis anos em uma prisão na Bélgica, durante os anos 1980. Ele volta ao Brasil e decide criar uma comunidade isolada, em uma remota fazenda de sua família.

Produzido com o cineasta Ícaro C. Martins, em 2010, Luz nas trevas – A volta do Bandido da Luz Vermelha é muito mais do que a continuação do clássico O Bandido da Luz Vermelha, no qual ela interpretou Janete Jane, em 1968, sob direção de Rogério Sganzerla – com quem ela foi casada, depois de se separar de Glauber Rocha.  Sem deixar de homenagear o direto e com base em um longo roteiro deixou por ele ao morrer, em 2014, Helena reinventa a trajetória do personagem, 30 anos depois, e retrata de maneira original a nova sociedade brasileira.

O enredo segue o sanguinário Bandido da Luz Vermelha, preso há décadas por homicídio e roubo, que planeja a sua fuga do cárcere. Enquanto isso, seu filho, o charmoso Tudo-ou-nada, segue os passos do pai, desfrutando dos prazeres mundanos e barbarizando as elites paulistanas. Sinai Sganzerla, assina a produção e a trilha sonora do filme. Atuam nele, ainda,Djin Sganzeral, agora no papel antes interpretado pela mãe e Ney Matogrosso, estreando como protagonista de um long-metragem.  estreava como protagonista de um longa metragem

A Miss e o Dinossauro 2005 – bastidores da Belair, é um curta-documentário de 2005, que celebra um dos momentos mais criativos do cinema brasileiro. Durante a ditadura militar no Brasil, marcada por repressão em todos os níveis da vida, a produtora Belair realizou cinco filmes em que a independência e a liberdade se expressaram de maneira plena. O curta conta com depoimentos da própria Helena Ignez, que atuava na época como atriz e fala sobre sua experiência de trabalhar no cinema brasileiro em meados de 1970.

Cinema Negro Brasileiro

Com mais dois filmes da cineasta e roteirista baiana Viviane Ferreira, a plataforma Itaú Cultural Play intensifica suas produções realizadas por diretores negros. Além do premiado O Dia de Jerusa, desta cineasta paulista, passam a integrar o catálogo o documentário Peregrinação e o filme experimental Mumbi 7 cenas pós Burkina.

Peregrinação, de 2014, traz no enredo as histórias de dois personagens que refletem sobre a identidade e a resistência cultural negra. Enquanto uma produtora cultural brasileira quer reencontrar suas origens na Ilha de Gorée, no Senegal, um escritor africano busca os segredos que mantêm o candomblé no Brasil, especialmente em Salvador. Partindo deste intercâmbio transatlântico, o filme se debruça sobre a cultura afro-brasileira entre dois continentes.

Mumbi 7 cenas pós Burkina, primeiro curta-metragem de ficção de Viviane, realizado em 2010, aborda os dilemas de fazer cinema a partir da voz de uma realizadora negra. Uma colagem de cenas mostra as celebrações do Fespaco, o mais importante festival de cinema africano do mundo. A partir deste prólogo, uma jovem cineasta se questiona sobre como deveria ser o seu próximo filme. Memórias pessoais e reflexões sobre o cinema brasileiro são as referências na busca pelo próprio caminho.

Outras produções realizadas por cineastas negros seguem disponíveis na plataforma. Estão em cartaz Ela volta na quinta, de André Novais Oliveira, as produções A Negação do Brasil e Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado, ambas de Joel Zito Araújo, Alma no Olho, de Zózimo Bulbul, e Escola das Águas: o desafio Pantaneiro, da cineasta Juliana Vicente.

A Itaú Cultural Play

Lançada em 19 de junho, dia da celebração do cinema brasileiro, a Itaú Cultural Play é a nova plataforma de streaming do Itaú Cultural. Com acesso gratuito, o catálogo inicial reúne quase duas centenas de títulos dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, abrangendo filmes de ficção, documentários, séries documentais e de ficção, animações para crianças e para adultos, produções experimentais, entrevistas, palestras, curtas e longas-metragens. Acessível para dispositivos móveis IOS e Android, a plataforma pode ser acessada pelo site itauculturalplay.com.br.

SERVIÇO:

Itaú Cultural Play – novos lançamentos

10 de setembro de 2021 (sexta-feira)

Em www.itauculturalplay.com.br

 

MOSTRA ALBERTO ALVARES

Tekowe Nhepyrun – A origem da alma (2015)
Duração: 49 min

Classificação indicativa: livre

Karai ha’egui kunhã karai ‘ete – Os Verdadeiros Líderes Espirituais (2013)
Duração: 67 min

Classificação indicativa: 10 anos (drogas lícitas)

O último sonho (2019)

Duração: 60 min

Classificação indicativa: 10 anos (drogas lícitas)

 

MOSTRA HELENA IGNEZ

Poder dos afetos (2013)

Duração: 31 min

Classificação indicativa: 14 anos (conteúdo sexual)
Luz nas trevas – A volta do Bandido da Luz Vermelha (2010)

Duração: 83 min

Classificação indicativa: 14 anos (linguagem imprópria e conteúdo sexual)
A Miss e o Dinossauro 2005 – bastidores da Belair (2005)

Duração: 18 min

Classificação indicativa: 14 anos (linguagem imprópria e conteúdo sexual)

CINEMA NEGRO BRASILEIRO
Peregrinação (2014)

Duração: 50 min

Classificação indicativa: 12 anos (temas sensíveis)
Mumbi 7 cenas pós Burkina (2010)
Duração: 50 min

Classificação indicativa: 10 anos (cenas de medo)

Itaú Cultural

www.itaucultural.org.br