HERÓIS E ANIMAÇÕES DOMINARAM AS BILHETERIAS DE 2016.

pot Wanda de Andrade. 

As bilheterias norte-americanas atingiram em 2016 a quantia recorde de US$ 11,48 bilhões, ultrapassando o recorde anterior de US$ 11,14 bilhões, atingido em 2015. Filmes de animação foram responsáveis por grande parte deste crescimento, dando à Disney uma participação inédita de 26% do mercado.

Embora as 20 maiores bilheterias do ano tenham faturado bastante, os filmes de estúdio estão se repetindo, e as novidades ficam por conta dos filmes independentes. Entre as 20 maiores receitas, sete são filmes de animação, sete são continuações, seis são de heróis Marvel ou DC Comics, dois foram refilmagens: um derivado da franquia Harry Potter e outro da franquia Star Wars. A única história original entre as 20 mais foi a comédia de ação Um Espião e Meio.

Dramas são agora considerados filmes de nicho, ou de arte. O maior deles foi Sully: O Herói do Rio Hudson, baseado numa história real, que foi um sucesso, mas não ficou entre as Top 20. A única história fictícia, mas não de terror, que aparece entre as Top 50 foi O Contador.

Os dramas originais são agora produzidos pelos independentes, e seus lançamentos se restringem ao circuito igualmente independente, ou seja, aos cinemas de rua como chamamos por aqui, em contraposição aos cinemas de shopping. São os grandes destaques na temporada de premiações, incluindo o Oscar. Este ano temos Manchester à Beira Mar, Moonlight: Sob a Luz do Luar, A Qualquer Custo (Hell or High Wate0  Loving e La La Land, mas nenhum é filme para as massas.

O abismo entre os filmes para cinéfilos e os que agradam ao gosto popular vem se aprofundando. Pesquisa realizada pelo site especializado IndieWire mostrou que os 50 filmes que figuram entre os 10 melhores do ano na opinião de seus críticos faturaram juntos o equivalente a 3% da bilheteria total de 2016. Nenhum destes filmes chegou aos US$ 100 milhões nas bilheterias, cifra mágica que eleva um filme à categoria de blockbuster. Eventualmente A Chegada e La La Land chegarão lá.

E para onde está indo o público dos filmes de estúdio? A resposta, todos já conhecem: para a Netflix, Amazon, FX, HBO e outros fornecedores de filmes via streaming, onde séries inteiras podem ser baixadas de uma só vez, ou assistidas aos poucos quando o espectador quiser e onde estiver. E suas produções também recebem prêmios como The Crown, The People vs. O.J. Simpson ou Game of Thrones.  Certamente com orçamentos menores, que se pagam mais facilmente.

Chama a atenção que, embora a bilheteria 2016 tenha batido recordes, o número de ingressos vendidos foi ligeiramente menor do que em 2015. Em 2016 foram vendidas 1.334.575.55 entradas para os cinemas norte-americanos, contra 1.340.682.010 comercializadas em 2015. Donde se pode concluir que a alta do preço dos ingressos pode ter influído sobre o resultado final das bilheterias.

Vejamos alguns números de 2016.

 

As 10 mais de 2016

 

1 – Procurando Dory (Disney/Pixar) – US$ 486.295.561

 

2 – Rogue One: Uma História Star Wars – US$ 477.364.924.

O filme da Disney/Lucas Films havia faturado até o dia 2/1 US$ 440.901.381 tendo estreado em 16 de dezembro, portanto em 15 dias. Merece ser considerado o vencedor das bilheterias de 2016.

 

3 –Capitão América: Guerra Civil (Disney) – (US$ 408.1 milhões).

 

4 – Pets: A Vida Secreta dos Animais (Universal/ Illumination) - US$ 364 milhões.

A Illumination e Universal são também as produtoras da animação em cartaz Sing: Quem canta Seus Males Espanta, que já faturou US$ 178 milhões em casa.

 

5 – Mogli, O Menino Lobo (Disney) – US$ 364 milhões.

 

6 – Deadpool (Fox) – US$ 363,1 milhões

 

7 – Zootopia (Warner) – (US$ 341.3 milhões.

 

8 – Batman vs. Superman: A Origem da Justiça (Warner) – US$ 330,4 milhões.

 

9 – Esquadrão Suicida (Warner) – US$ 325,1 milhões)

 

10  Doutor Estranho (Disney) – US$ 230,8 milhões

 

Os cinco filmes mais lucrativos

Os lucros de um filme são estimados pela porcentagem que os estúdios faturam com ele, conhecida como rentals, (geralmente metade da bilheteria) comparada com o custo de produção e as despesas de marketing. Para dar lucro, um filme precisa faturar pelo menos três vezes seu custo de produção. E muitos filmes só se pagam depois da carreira internacional , com exibições nas TV, venda de DVDs, produtos de merchandising e outros. Todos os filmes listados abaixo lucraram pelo menos US$ 250 milhões com a venda de ingressos. Os resultados mundiais são estimados até que os resultados internacionais sejam consolidados.

 

  1. Rogue One: Uma História Star Wars (Disney) – Estimativa global: US$ 1,3 bilhão/custo: US$ 200 milhões

 

  1. Capitão América: Guerra Civil (Disney) – US$ 1,153 bilhão/US$ 200 milhões

 

  1. Zootopia (Disney) – US$ 1.053 bilhão/US$ 150 milhões

 

  1. Pets: A Vida Secreta dos Animais (Universal) -US$ 875 milhões/US$ 75 milhões

 

  1. Mogli, O Menino Lobo (Disney) – US$ 967 milhões/US$ 175 milhões

 

 

Os cinco filmes mais baratos e que renderam mais

  1. The Mermaid (He He Pictures/China) – faturamento global US$ 553 milhões/orçamento: US$ 61 milhões

 

  1. Invocação do Mal (Warner Bros.) – US$ 320 milhões/US$ 40 milhões

 

  1. Como Eu Era Antes de Você (Warner Bros.) -US$ 207 milhões/US$ 20 milhões

 

  1. Quando as Luzes se Apagam (Warner Bros.) – US$ 149 milhões/US$ 5 milhões

 

  1. O Homem nas Trevas (Sony) – US$ 153 milhões/US$ 10 milhões

 

 

10 filmes que podem ter prejuízo acima de US$ 100 milhões

Apesar dos recordes 2016 deverá ser um ano a ser esquecido por muita gente como Steven Spielberg, Ang Lee, Brad Pitt e Will Smith entre outros. A porcentagem à direita de cada filme refere-se a porcentagem do custo coberta pela bilheteria global calculada pela revista The Hollywood Reporter.

 

1- Alice Através dos Espelhos (Disney) – bilheteria global: US$ 299 milhões/custo: US$ 170 milhões/ porcentagem do custo recuperada com a bilheteria: 88%

 

2 – Aliados (Paramount) – est. US$ 120 milhões/US$ 85 milhões/ 47%

 

3 – Assassin’s Creed (Warner Bros.) – est. US$ 180 milhões/US$ 125 milhões/60%

 

4 – Ben-Hur (Paramount) – US$ 94 milhões/US$ 100 milhões/43%

 

5 – O Bom Gigante Amigo (Disney) – US$ 179 milhões/US$ 140 milhões/64%

 

6 – Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Lionsgate) – US$ 119 milhões/US$ 110 milhões/54%

 

7 – A Série Divergente: Convergente (Lionsgate) – US$ 179 milhões/US$ 110 milhões/81%

 

8 – Caça-Fantasmas (Sony) – US$ 229 milhões/US$ 144 milhões/80%

 

9 – O Caçador E a Rainha do Gelo (Universal) – US$ 164 milhões/US$ 115 milhões/71%

 

10 – As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (Paramount) – US$ 245 milhões/US$ 135 milhões/64%

 

Nota: Aliados e Assassin´s Creed ainda não estrearam em muitos países.

 

As Internacionais

As Top 10 internacionais foram quase as mesmas que as Top 10 norte-americanas. Somente a nona e a décima bilheterias foram diferentes, Esquadrão Suicida e Doutor Estranho ficaram na 10ª e 11ª colocação no exterior. Mas no fundo, a ligeira queda nas bilheterias internacionais se deveu mais às diferenças culturais entre o público norte-americano e o estrangeiro do que ao filme propriamente dito.

 

O Bebê de Bridget Jones, terceiro filme da série com Renée Zellweger, faturou somente US$ 24 milhões nos EUA, mas arrecadou US$ 188 milhões no mercado internacional, que significaram 89% da bilheteria total.

 

Angry Birds: O Filme se saiu especialmente bem na Escandinávia já que o game no qual o filme se baseia é da Rovio, uma empresa finlandesa. Isto explica porque o filme faturou US$ 3,7 milhões na Finlândia e foi a maior bilheteria de 2016 no país.

 

La La Land: Cantando Estações está apenas começando sua carreira internacional, mas já faturou US$ 9,3 milhões na Coreia do Sul e já ultrapassou a bilheteria norte-americana (US$ 7.2 milhões). O sucesso do filme de Damien Chazelle no país pode ser atribuído ao gosto dos sul coreanos por tudo que é relacionado à música.

E até Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças atraiu o dobro do público na reexibirão na Coreia do Sul, onde foi lançado pela primeira vez em 2004.

 

Sully: O Herói do Rio Hudson, a aventura baseada numa história real, de Clint Eastwood, estourou no Japão, onde faturou US$ 12 milhões, mais do que em qualquer outro país. Lá o filme recebeu o subtítulo de O Milagre do Rio Hudson, e o sucesso japonês teve muito a ver com a preferência do público por heróis da vida real como Sully Sullenberger (Tom Hanks), e não por super-heróis fictícios. Além do mais, Eastwood é muito popular no Japão desde seu Cartas de Iwo Jima.

 

China

O mercado chinês, que vinha crescendo numa média de 35% anualmente na última década, estagnou em 2016 e cresceu somente 3,7%, que seriam considerados um ótimo crescimento em países com a economia já estabilizada. Comparando, a bilheteria norte-americana cresceu 2,1%. Porém, os filmes norte-americanos fizeram muito mais sucesso que os filmes locais, tendo a bilheteria dos filmes americanos crescido 10,9% no país.

 

No início do ano, o mercado cinematográfico chinês ainda estava em alta, com os sucessos locais como The Mermaid faturando US$ 528 milhões no primeiro trimestre. Muitos analistas previam na ocasião que o mercado chinês iria ultrapassar o norte-americano no início de 2017, e se tornar o maior mercado cinematográfico mundial, mas no segundo trimestre ele caiu 4,6% em relação ao ano anterior e ainda não se recuperou.

 

Em 2016 foram vendidos na China 1,37 bilhão de ingressos, um aumento de cerca de 8,9% em relação a 2015. O preço médio do ingresso caiu, refletindo a construção de cinemas no interior onde a população tem um poder aquisitivo menor. Foram construídos no país 1.612 no ano e o número de salas no país totaliza agora 4.759, o que faz da China o país com maior número de cinemas do mundo.

 

A bilheteria chinesa, apesar de estar desacelerando, ainda é uma taboa de salvação para muitas produções de Hollywood, incluindo A Longa Caminhada de Billy Lynn, de Ang Lee. O drama passado na Guerra do Iraque faturou US$ 1,7 milhão em casa, mas arrecadou US$ 24 milhões na China, graças a um magnata chinês que investiu na produção e lançou e promoveu o filme em seu país. Naturalmente ser um filme de Ang Lee, nascido em Taiwan, ajudou. Aliás o filme também faturou mais em Taiwan (US$ 3,2 milhões) do que nos EUA.

 

Outra história de sucesso na China foi Truque de Mestre: Segundo Ato, do diretor Jon M. Chu. O filme faturou US$ 97 milhões na China, bem mais do que os US$ 65 milhões arrecadados nos EUA. As razões do sucesso foram a locação num cassino de Macau e a escalação do astro de Taiwan, Jay Chou, amante de mágicas, para um importante papel.

 

Na próxima semana veremos como foi o desempenho da produção independente em 2016, nos EUA e no mundo, e suas perspectivas no Oscar.

 

Maiores Bilheterias 2016

 

Rank Título Bilhet.Global Bilhet. EUA Bilhet. Internacional
1 Capitão América: Guerra Civil 1,153.3 408,1 35.4% 745,2 64.6%
2 Procurando  Dory 1,027.9 486,3 47.3% 541,6 52.7%
3 Zootopia 1,023.8 341,3 33.3% 682,5 66.7%
4 Mogli: O Menino Lobo 966.6 364 37.7% 602,5 62.3%
5 Rogue One: Uma História Star Wars 916.2 479,1 52.3% 437,1 47.7%
6 Pets: A Vida Secreta dos Animais 875.5 368,4 42.1% 507,1 57.9%
7 Batman vs Superman: A Origem da Justiça 873.3 330,4 37.8% 542,9 62.2%
8 Animais Fantásticos e Onde Habitam 796.4 229,4 28.8% 567 71.2%
9 Deadpool 783.1 363,1 46.4% 420 53.6%
10 Esquadrão Suicida 745.6 325,1 43.6% 420,5 56.4%
11 Doutor Estranho 658.9 230,9 35.0% 427,9 65.0%
Fonte: Boxofficemojo