HISTÓRIAS DE AMOR E EXCLUSÃO MARCAM O TERCEIRO DIA DE PAULÍNIA.

O final do feriadão chegou com casa lotada no II Festival Paulínia de Cinema. O público ocupou praticamente todos os assentos do espaço cultural mais moderno do interior paulista, e conferiu dois curtas e dois longas-metragens.

Evaldo Mocarzel (foto) trouxe ao festival mais um de seus documentários narrando as vicissitudes de pessoas especiais. “Sentidos à Flor da Pele” mostra o cotidiano de deficientes visuais, desde sua casa até o trabalho, ao mesmo tempo em que falam da origem de sua deficiência. Irregular, pois a primeira história – sobre Antony Moraes, pai do roteirista e montador do filme, Marcelo Moraes – é tão interessante, que praticamente apaga as histórias subsequentes.

O curta regional foi “Quem será Katlyn?”, de Caue Fernandes Nunes, falando da transformação de identidade do travesti cujo apelido dá o título do filme. O curta nacional, “DoceAmargo”, mostra um casal imobilizado em um carro acidentado em um barranco esperando por socorro, e fazem um balanço de sua história de amor, ambientado nos anos de chumbo de 1968.

O maestro, pianista, compositor e arranjador Nelson Ayres foi o homenageado da noite. Autor da trilha sonora do longa-metragem “O Menino da Porteira”, Ayres recebeu o troféu Menina de Ouro do diretor do filme, Jeremias Moreira, que agradeceu ao povo de Paulínia pela ampla colaboração para que a película fosse realizada.

“É fácil fazer boa trilha quando se tem bons filmes e bons músicos”, afirmou Ayres, com modéstia, destacando sua “gratidão eterna” pela oportunidade de participar de um projeto que retoma a genuína cultura do “nosso interior”.

“Quanto Dura o Amor?”, de Roberto Moreira, foi o longa-metragem de ficção que encerrou a noite, contando quatro histórias de amor que se cruzam sem querer em São Paulo, em histórias que lembram bastante a telessérie da HBO “Alice”, embora o filme já estivesse em andamento bem antes da realização da série. Uma aspirante a atriz se muda para a grande metrópole e descobre um novo amor, a despeito do namorado que deixara no interior. Justamente aí é que entram uma cantora e seu parceiro, dono de um bar noturno próximo à Av. Paulista. A mesma atriz é hóspede de uma advogada bonita e realizada que, descobrindo o amor, sente que tem que revelar um grande segredo a ele (destaque para a interessante interpretação de Maria Clara Spinelli, uma competentíssima atriz que ainda vai dar muito o que falar – e é séria concorrente a levar um troféu Menina de Ouro para casa. Em meio a estes personagens, um escritor decadente que se envolve com uma mulher que não quer saber de romantismo. A platéia, com lotação esgotada, aplaudiu bastante a história que tem a cidade de São Paulo como cenário e personagem.