HOMENAGEADO EM OURO PRETO, LACERDA CONDENA BUROCRACIA ESTATAL.

Celso Sabadin, de Ouro Preto.

 Homenageado dentro da 10a. Mostra de Cinema de Ouro Preto pelos seus 50 anos de carreira, o cineasta Luiz Carlos Lacerda, conhecido no mercado com Bigode, fez em seu discurso uma declaração de amor ao cinema, e um protesto contra o que ele considera uma “burcracia totalitária” do atual governo.

Leia a íntegra do discurso proferido por Bigode na última segunda-feira (22/06), no encerramento do evento:

” Agradeço por esta Homenagem aos amigos Raquel, Fernanda Hallak e Quintino,parceiros da Universo que me permitiram nesses últimos 19 anos dedicar-me à formação técnica e artística de jovens que se inserem no processo cinematográfico. Acabei de realizar um novo longa metragem com tecnicos oriundos das Oficinas que realizo.
Dedico esta Homenagem ao meu pai, João Tinoco de Freitas, produtor de Rio, 40 graus, entre outros, a Ruy Santos, Nelson Pereira dos Santos, Jurandyr Noronha e a Roberto Pires, diretores que me inocularam a paixão pelo cinema brasileiro.
Nesse meio século de História passamos por etapas as mais distintas.Enfrentamos o discurso hegemônico dos exibidores na tentativa de extirpar nossos filmes de suas telas, depois a famigerada Censura da ditadura militar, o furacão Color de Mello, as patrulhas ideológicas,, mas também testemunhamos o nascimento do Cinema Novo, da era Embrafilme – quando ocupamos 60% do mercado com filmes de todos os gêneros e linguagens, do cinema marginal, a Chanchada, a pornochanchada e os filmes da Retomada. Atualmente enfrentamos o discurso oficial pelo cinema de mercado – cópia dos piores filmes produzidos nos estúdios americanos em crise – e a pior das censuras : a partidarização do setor e a burocracia totalitária do Estado.
O que gostaria de dizer para os jovens é uma palavra de esperança. . As novas tecnologias democratizaram a prática cinematográfica.Filma-se sem parar, em todos os lugares do país, com ou sem patrocínio, a diversidade é a característica do que produzimos.Nada nos detém.  Com o cinema brasileiro ninguém pode. A História é testemunha do que estou dizendo. Nós ficaremos, através dos nossos filmes. Eles passarão !
VIVA O CINEMA BRASILEIRO ! “

Celso Sabadin viajou a Ouro Preto a convite da organização do evento.