ITAÚ CULTURAL EXIBE FILMES REALIZADOS SEM RECURSOS MAS COM MUITA CRIATIVIDADE.
De 19 a 24 de abril, o Itaú Cultural apresenta a terceira edição do Cinema de Bordas com 19 filmes realizados por anônimos de todo o país apaixonados por cinema, que, sem recursos, recorrem a todos os meios imagináveis para realizá-los, contando com vizinhos, parentes e amigos para realizar o sonho de fazer filmes. A curadoria é dos pesquisadores Bernadette Lyra, doutora em cinema, Gelson Santana, doutor em ciências da comunicação, e Laura Loguercio Canépa, doutora em multimeios – todos da USP. Eles estudam o fenômeno desde 2006 e formaram um grupo de estudos com intelectuais de todo o Brasil. Periodicamente, promovem debates sobre o tema na Socine (Sociedade de Estudos de Cinema e Audiovisual) e na Compós (Associação de Programas de Pós-Graduação em Comunicação), gerando uma grande troca entre estes realizadores, rica em resultados.
Em paralelo ao ciclo de filmes, de 20 a 22 de abril, o diretor paulista Joel Caetano ministra a oficina Produzindo com Recurso Zero. Fundador da Recurso Zero Produções, ele participou de todas as edições da mostra com produções próprias. Nesta, também exibe o seu curta inédito Estranha, em sessão especial na noite de abertura do ciclo Cinema de Bordas, no dia 19, às 20h. Na mesma noite, são apresentados mais três filmes seguidos de debate com os curadores.
Dois deles também são inéditos: o curta A Paixão dos Mortos, de Coffin Souza, filmado em Palmitos (SC), e o vídeo de 10 minutos que é uma prévia do longa-metragem A Noite do Chupacabras (foto) de Rodrigo Aragão, ainda em finalização. Morador de uma aldeia de pescadores em Guarapari no Espírito Santo, o diretor já participou da mostra no Itaú Cultural com outras produções e se tornou conhecido na internet pelo seu primeiro curta-metragem O Chupacabras que recebeu mais de 30 mil acessos. O outro filme a ser exibido recebeu a menção honrosa do Festival do Minuto em 2001 pelo roteiro e direção. Trata-se de O Mindinho, realizado pelo carioca Bruno Pinaud em 2001, e que garante que o público nunca mais será o mesmo depois de vê-lo.
No dia 20, depois da última sessão, o público participa de bate-papo com Seu Manoelzinho, da pequena cidade de Mantenópolis (ES), com mediação da curadora Bernadette Lyra. O diretor já foi tema de diversas reportagens de televisão e é bastante conhecido na cidade por seus filmes e sua paixão: o faroeste. Com uma ideia na cabeça e uma antiga câmera VHS em mãos, mesmo sem saber ler nem escrever, ele já dirigiu e roteirizou mais de 20 filmes investindo o que consegue ganhar nas profissões de faxineiro de sala de cinema e servente de pedreiro, e conta com a ajuda de toda a cidade – já produziu filmes com até 60 pessoas no elenco. Nesta edição será exibido o seu filme A Gripe do Frango em que, como costuma acontecer, assume o papel do protagonista. Desta vez, o galã precisa salvar um amigo transformado em frango depois de uma lei que determina o extermínio de todos os frangos em função de uma doença.
No dia 21, também depois da sessão das 20h, o bate-papo é com os diretores Petter Baiestorf e Felipe Guerra, desta vez mediado por Lúcio Reis, mestre e doutor em Multimeios pela Unicamp e pesquisador na área de cinema de horror e exploitation. Natural de Palmitos (SC), Petter Baiestorf fundou a Canibal Produções em 1991 e com uma câmera emprestada rodou mais de 10 filmes sempre marcados pela sua assinatura autoral marcada pelo trash e o grotesco usando como referências filmes das décadas de 70 e 80. O recente O Doce Avanço da Faca (2010), que aparece na mostra, é um curta metragem gore feminista (de acordo com o próprio realizador) e a apropriação do universo do cinema exploitation dos anos 70 e 80 é a tônica dominante. Nele, Baiestorf destila seu veneno com bastante ironia contra desafetos habituais: a intolerância e maniqueísmo religiosos e o atraso cultural interiorano.
O jornalista gaúcho Felipe Guerra da cidadezinha de Carlos Barbosa, também se interessa pelo cinema trash e montou em 1996 sua produtora a Necrófilos Produções Artísticas, dedicada a filmes amadores feitos em vídeo, geralmente tratando de temas ligados ao horror e estrelados por adolescentes – interpretados por seus irmãos e amigos, além dele mesmo e de alguns familiares mais velhos, principalmente a avó, Oldina do Monte. Seu trabalho ficou famoso nacionalmente em 2001, quando lançou o cultuado longa-metragem Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-feira 13 do Verão Passado – comédia de horror de baixíssimo orçamento, realizada em VHS e distribuída em esquema independente.
Ele já dirigiu três longas metragens e quatro curtas e promete para breve a esperada continuação de seu sucesso. Nesta edição, o público assiste a seu filme inédito Extrema Unção, um média-metragem de 19 minutos no qual o fantasma de uma velha senhora fica preso dentro de uma casa porque ela não recebeu a extrema unção ao morrer.
Dia 22, depois da última sessão às 20h, o bate-papo será com Pedro Daldegan mediado pela curadora Laura Loguercio Canépa. O engenheiro e administrador de Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, realizou nos anos 80 uma série de filmes em VHS que se tornaram exemplos de experimentação com gêneros narrativos clássicos como o horror e o suspense. A mostra exibe seu filme Museu de Cera. Lançado em 1988, traz no roteiro a história de um adolescente que visita durante a noite um estranho museu de cera abandonado e que aos poucos se revela muito perigoso.
Os dias 23 e 24, sábado e domingo, seguem com a programação de filmes realizados por estes e outros criativos cineastas das bordas em sessões às 16h e às 18h. Entre eles, o também inédito O Tormento de Mathias. Realizado, produzido e roteirizado pelo paulista Sandro Debiazzi, este filme de 51 minutos conta com participação no elenco de outro diretor de filmes de Bordas, Felipe Guerra, e com a curadora Bernadette Lyra. Nele, o ex-pianista de igreja Mathias Gottlieb, interno há 40 anos do manicômio municipal, vislumbra a possibilidade de mais uma fuga com o surgimento de um ingênuo jornalista interessado em escrever sua história. Vingança, sangue e horror, são lições amargas para quem experimenta cruzar seu caminho.
Acompanhe a programação completa da mostra abaixo.
PROGRAMAÇÃO
Mostra
Dia 19 (terça-feira)
20h
Abertura da mostra com exibição de uma seleção especial de filmes (39 minutos)
– A noite do Chupacabras (10 min., Guarapari (ES), 2011), de Rodrigo Aragão.
- Estranha (12 min, São Paulo, 2011), de Joel Caetano
- A paixão dos mortos, (12min, Palmitos (SC), 2011), de Coffin Souza
- Mindinho (1 min, Rio de Janeiro, 2001), de Bruno Pinaud.
Palestra com os curadores Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa (30 minutos)
Dia 20 (quarta-feira)
18h
- Museu de cera (7 min., Santa Rita do Passa Quatro (SP), 1988 Kobold Pictures), de Pedro Daldegan.
- Roquí – o boxeador da Amazônia (21 min., Manaus (AM), 2009), de Renato Dib.
- A ida de quem não foi (51 min., Muqui (ES), 2009), de Jussan Silva e Silva
- Os Clubbers também comem (10 min., São Paulo, 1999), de Lufe Steffen
- O sacrifício – noite maldita do vinil 2007 (9 min., São Paulo (SP), 2007), de Rubens Mello.
20h
- O galo da madrugada (5 min., Gravatá (PE), 1998), de Sandra Ribeiro.
- A gripe do frango (57 min, Mantenópolis (ES), 2008), de Manoel Loreno
Seguido de bate papo com Seu Manoelzinho, mediado por Bernadette Lyra
Dia 21 (quinta-feira)
18h
- BBZ (20 min., Porto Alegre (RS), 2007), de Filipe Ferreira.
- A novilha rebelde (The sound of mu) (18 min., Vitória (ES), 2005), de Elisa Queiroz e Erly Vieira Jr.
- Adventure island (55 min., Rio de Janeiro (RJ), 2005), de Bruno Garcia
20h
- Extrema unção (19 min., Carlos Barbosa (RS), 2010), de Felipe Guerra.
- O doce avanço da faca (25 min., Palmitos (SC), 2010), de Petter Baiestorf
Seguido de bate papo com Petter Baiestorf e Felipe Guerra, mediado por Lúcio Reis
Dia 22 (sexta-feira)
18h
- O lobisomem da Pedra Branca (30 min., Pedralva (MG), 1982-3), de José Denízio Pereira
- A maleta (16 min., Santos Dumont (MG), 2010), de Rodrigo Brandão.
- O tormento de Mathias (51 min., São Paulo, 1992-2011), de Sandro Debiazzi
20h
- Museu de cera (7 min., Santa Rita do Passa Quatro (SP), 1988 Kobold Pictures), de Pedro Daldegan.
- Roquí – o boxeador da Amazônia (21 min., Manaus (AM), 2009), de Renato Dib.
- A ida de quem não foi (51 min., Muqui (ES), 2009), de Jussan Silva e Silva
- Os Clubbers também comem (10 min., São Paulo, 1999), de Lufe Steffen
- O sacrifício – noite maldita do vinil 2007 (9 min., São Paulo (SP), 2007), de Rubens Mello.
Seguido de bate papo com Pedro Daldegan, mediado por Laura Cánepa
Dia 23 (sábado)
16h
- O galo da madrugada (5 min., Gravatá (PE), 1998), de Sandra Ribeiro.
- A gripe do frango (57 min, Mantenópolis (ES), 2008), de Manoel Loreno
18h
- BBZ (20 min., Porto Alegre (RS), 2007), de Filipe Ferreira.
- A novilha rebelde (The sound of mu) (18 min., Vitória (ES), 2005), de Elisa Queiroz e Erly Vieira Jr.
- Adventure island (55 min., Rio de Janeiro (RJ), 2005), de Bruno Garcia
Dia 24 (domingo)
16h
- Extrema unção (19 min., Carlos Barbosa (RS), 2010), de Felipe Guerra.
- O doce avanço da faca (25 min., Palmitos (SC), 2010), de Petter Baiestorf
18h
- O lobisomem da Pedra Branca (30 min., Pedralva (MG), 1982-3), de José Denízio Pereira
- A maleta (16 min., Santos Dumont (MG), 2010), de Rodrigo Brandão.
- O tormento de Mathias (51 min., São Paulo, 1992-2011), de Sandro Debiazzi
Oficina
Produzindo com Recurso Zero com Joel Caetano da Recurso Zero Produções
de 20 a 22 de abril das 14h às 18h
SERVIÇO
Mostra Cinema de Bordas
De 19 a 24 abril, terça-feira a domingo
Sala Itaú Cultural (247 lugares)
Censura: 14 anos para todos os filmes e bate-papos, exceto O Doce Avanço da Faca e bate-papo com Petter Baiestorf, censura 18 anos.
Entrada franca (ingressos distribuídos com meia hora de antecedência)
Estacionamento com manobrista: R$ 8,00 uma hora; R$ 4,00 a segunda hora; e mais R$ 2,00 p/ hora adicional
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777

