“LÓKI” VENCE FESTIVAL DE CUIABÁ.

Duas cinebiografias e uma história indígena levaram o troféu Coxiponé ao vencerem na categoria Melhor Longa pelo júri popular do 16º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá.
Por Melhor Filme ganhou o documentário “Loki”, de Paulo Henrique Fontenelle, que trata da vida e obra do compositor e criador do grupo “Os Mutantes”, Arnaldo Baptista. Como Melhor Produção o vencedor foi “O Homem que engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira, que conta a trajetória de Humberto Teixeira, o doutor do baião. Hotxuá, de Letícia Sabatella ganhou como Melhor Direção.

O produtor de Loki, André Saddy, foi quem recebeu o troféu Coxiponé pela obra. Em entrevista ele disse que achou o máximo o filme de Arnaldo Baptista ter vindo parar num local em que o sonho começou: na avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá. Ele explicou que é paulista, mas morou na capital mato-grossense dos 4 aos 19 anos de idade. Ele foi o idealizador do filme sobre Arnaldo por ser seu grande fã. E essa paixão começou na loja Roberto Som, localizada na Getúlio Vargas, onde ele adquiriu seu primeiro disco dos Mutantes. “É como se um ciclo fosse fechado. Começou nesta rua e é premiado nela”. Saddy contou ainda que o Mutante Arnaldo ficou feliz em saber da comoção que a obra causou no público em Mato Grosso, que a aplaudiu por mais de cinco minutos e em pé.

Conforme ele, essa comoção tem ocorrido em 90% dos locais aonde Loki é apresentado. Dessa forma percebe que é algo que o público brasileiro sente falta, ou seja, conhecer verdadeiramente seus ídolos. Um deles é Arnaldo Baptista. “Muita gente depois das exibições me encontra e fala: ‘puxa, obrigado por ter feito esse filme’. Agradecido também está Arnaldo, segundo ele, porque, como a esposa dele disse no longa, o artista precisa de reconhecimento para se alimentar. Com Loki, pode-se dizer que o mutante está bem nutrido! O DVD do filme será lançado em novembro e o cd Loki, de Arnaldo, foi relançado este ano e encontra-se disponível em todas as lojas do Brasil.

Saddy contou que a pesquisa sobre o mutante durou quatro anos. Ao final o filme ficou com 2 horas e 40 minutos, mas estes últimos tiveram que ser deletados para que a obra ficasse com apenas 2 horas de duração. Algumas das passagens cortadas estarão nos extras do DVD, garante o produtor. Ele acrescenta, ainda, que Arnaldo ficou satisfeito com o resultado e que acompanhou toda a produção. Fez apenas uma modificação. Já Rita Lee, não quis participar do filme e nem comentá-lo, mas cedeu direitos de imagem ‘numa boa’.

Já por “O Homem que engarrafava Nuvens” estava em Cuiabá, para receber o Coxiponé, a filha do doutor do baião e co-produtora do filme, Denise Dumont. Muito feliz com o prêmio ela disse que foi uma honra participar do Festival e conhecer Luiz Borges. Lembrou ainda que o filme sobre seu pai demorou oito anos para ficar pronto, mas que o resultado foi ótimo. O filme estreia em circuito nacional em 8 de janeiro, logo depois serão lançados o CD e o livro do longa.

Duplamente premiado – A obra mais premiada da noite foi a mato-grossense Aroe Jarí, de Eduardo Ferreira. Foram dois troféus Coxiponé dados pelos júris popular e oficial. Baseada em ópera do maestro Roberto Victorio, Aroe Jari é um documentário experimental. Uma ópera contemporânea. Aroe jari significa o lugar onde moram as almas, na língua Bororo. Após mais de quatro anos de pesquisa, Roberto Victório compôs uma peça musical contemporânea com três movimentos: Aroe Jarí (grupo de câmara e instrumentos Bororo), Aroe Enogware (dezesseis flautas: Brancas e Bororo) e Aroe Maiwu (dois violoncelos). O ritual funerário Bororo constitui-se no mais importante elemento de resistência cultural e renascimento de uma etnia que sofreu um autêntico genocídio e deve ser conhecida, segundo Ferreira.

Homenageada – A homenageada desta edição, a atriz Darlene Glória, também esteve presente à cerimônia de premiação. Em seu discurso de agradecimento lembrou de todas as dificuldades e do sucesso que teve e que voltou a ter em sua carreira após ser convidada pelo ator Selton Mello para estar no filme Feliz Natal. Agradeceu muito pela homenagem e completou, dizendo que agradece por ter conhecido a Jesus Cristo, que descobriu em 1974, no auge do desespero de sua vida pessoal e que, certamente, tem muito a ver com este bom momento que vive agora.

O Festival foi um oferecimento da Petrobras, juntamente com o Governo Federal através dos Ministérios da Cultura e da Integração Nacional. Também do Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura e do Conselho Estadual de Cultura. Tudo o que aconteceu por lá pode ser visto no site www.cinemaevideocuiaba.org . Lá estão os atalhos para o Flickr, Youtube, Orkut e Twitter do evento.

Confira os outros premiados:

Curta

Júri popular Melhor filme – Para pedir perdão – Iberê Carvalho

Júri oficial – Melhor filme – Os filmes que eu não fiz

- Melhor direção – Dossiê Rê Bordosa

- Melhor direção – Menino Aranha

- Melhor interpretação – Wagner Moura em Blackout

- Prêmio Especial – Melhor produção – Engano – Cavi Borges

Vídeo

Júri popular – Melhor vídeo – A casa dos mortos – Débora Diniz

Júri Oficial – Melhor vídeo – Darluz – Leandro Goddinho

Videoclipe

Júri Oficial – Melhor Videoclipe – Confissão sem culpa, da banda Branco ou Tinto – direção Leonardo Sant´anna

Média