Maurício de Sousa comenta estréia de seu novo desenho
Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali saem mais uma vez dos quadrinhos para se aventurar nas salas de cinema com o filme “A Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo“. Considerado o melhor e mais engraçado longa da Turma da Mônica, o filme estréia hoje (16) em todo o Brasil. Em entrevista, Mauricio de Sousa, o criador da turminha mais famosa do Brasil, conta como foi realizar o filme. Confira:
Como surgiu a idéia do filme “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”?
Essa idéia de aventura no tempo é antiga! Há anos eu queria misturar os personagens e suas famílias e colocá-los numa aventura diferente na telona. Fiz uma parceria muito produtiva com a Diler, a Miravista, a Buena Vista e a Labo Cine e tenho certeza de que é nosso melhor filme, que até o momento só perde para o próximo.
E o roteiro? Como foi elaborado?
Para fazer um bom filme, temos que ter uma boa história. Começamos a nos reunir nos nossos estúdios em São Paulo, escrevemos e reescrevemos várias vezes o roteiro. Em seguida, começamos o trabalho com a Labo Cine no Rio, acompanhando, dando sugestões e aceitando idéias. O pessoal da computação gráfica da Labo Cine fez cenários maravilhosos, uma moldura com uma riqueza de detalhes que eu nunca vi em uma animação brasileira antes.
Como é a história?
O Franjinha inventa uma máquina do tempo, que pretende fazer uma experiência com os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. De repente, a Mônica entra no laboratório com o Sansão e é aquela confusão. Franjinha então reúne a turma para resgatar os elementos através do tempo, para não haver um desequilíbrio do universo. É uma história linda, cheia de aventuras, emoção e mensagens positivas para a garotada.
E o som? Como é esse processo do desenho adaptar-se à voz e à interpretação dos dubladores? Como é a música no filme?
Eu quero destacar a excelência do som desse filme. A música, os arranjos e a criação do som foram feitos nos nossos estúdios em São Paulo. Quando estávamos fazendo as vozes das primeiras animações, eu vi que a coisa não estava no ritmo que eu queria. Então chamei os artistas de voz e dei liberdade para eles criarem, para botarem alguns cacos, inventarem! A coisa mudou! Os animadores tiveram que se adaptar ao novo ritmo e agilidade dado pela nova interpretação dos artistas de voz, que ficou ótima. As músicas compostas pelo maestro Danilo Adriano e pelo Marcio Araújo criaram um pacote sonoro não visto em nenhum filme nosso. O público vai ser envolvido pelo som.
Como foi a parceiria entre Labo Cine e Mauricio de Sousa? Como foi fazer o filme entre Rio e São Paulo?
Para conseguir um bom resultado em um filme de animação, temos que trabalhar muito em equipe, com o espírito de união. Foi muito importante estar sempre com os artistas da Labo Cine. Ajudou muito no processo saber que muitos deles eram fãs e tinham o sonho de trabalhar com a Turma da Mônica. Cada ida minha ao Rio foi um prazer. Era uma alegria ver a delicadeza deles com os traços e com o projeto. É uma parceria que quero repetir.
Como é ver os seus personagens sendo desenhados por outros desenhistas?
Muita gente me pergunta isso, mas não é difícil, não. Eu acho positivo terceirizar o trabalho para desenhistas experientes, com outras influências. Quando vi o trabalho dos desenhistas da Labo Cine, logo vi que ia dar certo. A Turma da Mônica é filha de todos os desenhistas e da equipe envolvidos com os projetos da turminha.
Como é transportar uma história em quadrinhos para o cinema?
Logicamente são coisas diferentes. Na hora de desenvolver o projeto, temos que ter roteiristas de cinema também olhando de perto. No cinema temos uma complexidade maior dos personagens do que nos quadrinhos. É um grande trabalho de equipe, que se complementa.
E os novos personagens?
Novos personagens chegaram para serem coadjuvantes da Turma da Mônica, como a Cabeleira Negra, a vilã, que vive uma aventura no espaço e no futuro com o Astronauta. Tivemos cuidado para compor essa vilã. Não queria que a Cabeleira fosse totalmente má. Todo mundo tem seu lado bom, ela também é assim. Provavelmente vai fazer parte das histórias do Astronauta. Também temos o bandeirante do mal, que entram na história do Papa-Capim, na qual temos uma boa mensagem para as crianças, abordando o tema do cuidado com a natureza. No núcleo da Pré-história temos o Rei do Fogo, entre outros. São vários personagens que os fãs vão descobrir quando virem o filme.
Como você acha que seus leitores mais antigos vão receber o filme?
Eu acho que vão receber com muita emoção e muito carinho. Nossos leitores têm solicitado há tempos mais filmes, mais desenhos.
Como você vê a repercussão do seu trabalho no exterior?
A Turma da Mônica está saindo por aí! Isso tudo é muito bom, abrindo um caminho para a cultura brasileira, apesar das histórias serem universais. O Brasil está na moda e temos que incentivar novos desenhistas e animadores. Sinto-me feliz em participar da exportação da cultura brasileira.
O que você acha que as crianças querem ver na telona hoje?
As crianças hoje querem ver na telona muita ação, histórias inteligentes, ágeis e que falem a língua do dia e da hora, como a nossa turminha. Buscando a atualização, estamos nessas quatro décadas sendo amigos das crianças, correspondendo às expectativas delas.
O que as crianças podem esperar da nova aventura da Turma da Mônica?
Muita aventura, ação, viagem no tempo, criatividade. O filme vai deixar um gostinho de quero mais, fazendo com que o público se sinta parte da Turma da Mônica.