MINAS TERÁ MEMORIAL PARA HUMBERTO MAURO

A Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho inaugura em Cataguases (MG),no próximo dia 15 de dezembro o Memorial Humberto Mauro, espaço dedicado à memória do grande pioneiro do cinema nacional.
Nos anos 1920, foi nessa cidade mineira que Mauro (foto) realizou os seu primeiros filmes, naquele que ficaria marcado na história do cinema brasileiro como o Ciclo Cataguases.
Do curta ficcional “Valadião, o Cratera”, feito com uma câmera francesa Pathé-Baby 9,5 mm, aos quatro longas que se seguiram, com a equipe da produtora cataguasense Phebo Brasil Filme já operando com uma câmera Erneman 35mm, Humberto Mauro (Volta Grande, MG, 1897-1983), que chegara a Cataguases ainda menino, em 1910, mostrou-se desde o início capaz de atuar
com raro talento em vários setores da arte cinematográfica.
Mauro respirava cinema. Ao final da década de 1920, ao encerrar-se o Ciclo de Cataguases, ninguém mais duvidava de suas habilidades, um homem de cinema por excelência, atuando à frente e atrás das câmeras com grande eficácia: ator, roteirista, fotógrafo, montador, diretor. No início dos anos 1930, ao trocar Cataguases pelo Rio de Janeiro, contratado pela Cinédia, nova produtora carioca, Humberto Mauro tornara-se a mais bem acabada tradução do que se pudesse entender por cineasta no Brasil. Já era o nome mais respeitado do cinema brasileiro, com pouco mais de trinta anos.
Mais de três décadas no Rio de Janeiro geraram ainda sete longas-metragens o último deles, “O Canto da Saudade”, realizado em Volta Grande) e um sem-número de documentários (fala-se em 200, 250, alguns chegam mesmo a dizer 300) realizados para o INCE-Instituto Nacional de Cinema Educativo,
instituição onde Mauro se aposenta em 1967. Não há notícia de um cineasta que tenha estado à frente de tantas realizações ao longo de sua trajetória.
Uma filmografia imbatível, com invejável nível de qualidade. Mauro mapeou o país em imagens de grande força. Ele é a matriz do documentário brasileiro e, como afirmou Glauber Rocha, o mais novo de nossos cineastas.

Concebido pelo arquiteto museográfico André Scarlazzari, o Memorial é formado por uma grande exposição multimídia que proporciona um passeio afetivo pela vida e obra do cineasta.
Ali está o mundo de Mauro: a Phebo e seus produtores, Homero Cortes Domingues e Agenor de Barros, a atriz Eva e o fotógrafo Pedro Comello, seu pai. O fotógrafo Edgar Brasil e a estrelíssima Carmen Santos. Os tempos da Cinédia, com Adhemar Gonzaga, e os do INCE, com Roquette-Pinto. A família, a
grande família Mauro e suas inúmeras parcerias com Humberto: Bêbe, sua mulher, no papel de Lola Lys, o irmão Chiquinho, que atuava com o nome de Bruno Mauro, os filhos fotógrafos Luiz e Zequinha, câmera em punho às ordens do pai.
O Memorial proporciona ao visitante um movimentado passeio pelo mundo de Mauro e sua história, que é a própria história do cinema brasileiro. O novo espaço está inserido nas instalações do Centro Cultural Humberto Mauro, um
complexo que abriga galeria de exposições e um cine-teatro com 280 lugares.

Programação:
As atividades de inauguração do Memorial Humberto Mauro começam na quinta-feira, dia 13 de dezembro, com uma agenda repleta de atrações cinematográficas, promovida em parceria com o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. Haverá as estréias de três curtas-metragens realizados este ano em Cataguases. E também a celebração dos 10 Anos do Programa CineMagazine da Rede Minas,
com homenagens póstumas a Humberto Mauro, José Aparecido de Oliveira e ao cineasta Paulo Cezar Saraceni´, além de
um espetáculo multimídia com os músicos Gilberto Mauro e Ricardo Garcia, baseado na obra de Humberto Mauro.