“MULHERES REBELDES”: FORTÍSSIMO E  PODEROSO.

Por Celso Sabadin.

Interior da Calábria, anos atuais. Rosa (Lina Siciliano, ótima) é uma jovem perturbada pelas lembranças difusas da morte de sua mãe (Francesca Ritrovato). Vivendo em meio à truculência de seu tio (Fabrizio Ferracane) e de sua avó (Anna Maria De Luca), e o desequilíbrio mental de seu primo (Luca Massaro), a garota investiga os ásperos caminhos percorridos por esta família violenta e disfuncional. As raízes das organizações criminosas do sul da Itália permeiam e definem a perversidade da situação.

O ponto de partida de “Mulheres Rebeldes” é o livro “Fimmine Ribelli – Come le donne salveranno il Paese dalla ‘Ndrangheta”, de Lirio Abbate, polêmico jornalista investigativo especializado em questões ligadas à Máfia e às instituições jurídicas. Especificamente neste caso, a abordagem se refere aos ‘Ndrangheta, também conhecidos como Famiglia Montalbano, braço calabrês do crime organizado no país, formado no século 19 e até hoje em atuação.

Serena Brugnolo, Adriano Chiarelli, e o próprio diretor do filme, Francesco Costabile, desenvolveram o intrigante roteiro que destaca a força da presença feminina neste universo historicamente tão masculino. Trata-se da estreia de Costabile na direção de longas ficcionais, mas o resultado parece de veterano experiente: o longa traz uma densidade narrativa das mais cativantes. Mesmo configurando-se, basicamente, como um intenso drama familiar, “Mulheres Rebeldes” flerta com o mistério e até com o horror, sem deixar de lado as questões humanas e políticas que envolvem o espinhoso tema. Para isso, apoia-se na árida e esmaecida fotografia de Giuseppe Maio, na envolvente trilha musical de Valerio Camporini Faggioni (que cria uma antológica cena final), e com elipses temporais de montagem extremamente hábeis na difícil arte de manter sempre aceso o interesse do público

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