NO CINE OP, MILTON GONÇALVES PEDE “MUITA LUTA” PARA OS NEGROS NO BRASIL

Cerimônia aconteceu na noite desta quinta-feira, dia 18, no Cine Vila Rica, e contou ainda com tributos à restauradora Fernanda Coelho e ao programa Cineduc; mostra segue até o dia 22 na cidade histórica

De punho cerrado, braço direito para o alto e gritos de “Lutar! Vamos lutar!”, Milton Gonçalves celebrou a homenagem recebida na noite desta quinta-feira no Cine Vila Rica, na abertura da 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. O ator se emocionou ao dedicar à companheira, falecida, o Troféu Barroco por sua trajetória. Ele a agradeceu por “tudo de melhor” que lhe aconteceu na vida. “O que fiz de bom até hoje eu devo a ela e eu gostaria muito que ela estivesse fisicamente aqui conosco”, disse.

Ao receber o tributo das mãos dos amigos Antônio Pitanga e Antônio Carlos da Fontoura, Milton Gonçalves exaltou a força do negro na batalha diária contra o preconceito, a intolerância e a violência. “Durante toda a vida eu precisei aprender a me defender. O negro passa por situações de muita dor. Eu entrei na arte por acaso, mas hoje há milhares de jovens tentando não sofrer nem serem humilhados o tempo todo”. O tema da CineOP este ano é “O Negro em Movimento”.

A cerimônia contou ainda com homenagem à restauradora Fernanda Coelho, uma das principais forças no trabalho de preservação audiovisual no Brasil. “Acho que esta é uma homenagem a toda uma geração que sempre acreditou na importância de se preservar a memória. É um privilégio enorme ser reconhecida por um trabalho que faço com tanta paixão”, agradeceu ela.

Em seguida, o programa Cineduc – Cinema e Educação, que em 2015 completa 45 anos, também recebeu tributo. Subiram ao palco a fundadora do Cineduc, Marialva Monteiro, e uma de suas mais antigas integrantes, Bete Bullara. Elas receberam o troféu das mãos de Adriana Fresquet, curadora da Temática Educação na CineOP. “Vamos continuar lutando para o Cineduc seguir dando sua colaboração e recebendo a colaboração de todos que aqui estão”, disse Bete.

Numa abertura ainda dedicada a celebrar a primeira década da Mostra de Cinema de Ouro Preto, o secretário de Cultura de Minas Gerais, Angelo Oswaldo, relembrou ter sido prefeito da cidade histórica em várias ocasiões de realização da CineOP e que foi um dos que batalhou para a restauração e manutenção do Cine Vila Rica. O secretário também frisou que 2015 marca o centenário de nascimento do ator Grande Otelo (1915-1993), mineiro de Uberlândia. Durante a mostra, será exibida a comédia “Também Somos Irmãos” (1949), de José Carlos Burle e protagonizada por Otelo.

Encerrando a noite de quinta-feira, foi exibido, em película 35mm, o longa-metragem “A Rainha Diaba” (1974), de Antônio Carlos da Fontoura. No filme, Milton Gonçalves faz um chefe do crime inspirado na figura real de Madame Satã.