O BRASIL FAZ CADA VEZ MAIS FILMES, MAS NÃO CONSEGUE EXIBI-LOS.

O grande problema hoje do cinema brasileiro não é exatamente produzir filmes, mas sim encontrar salas para exibi-los. O país conta com apenas 2.200 salas de cinema, número inexpressivo para os nossos 190 milhões de habitantes espalhados por mais de 8,5 milhões de quilõmetros quadrados.

Para tentar pelo menos reduzir em parte este problema foi lançado o programa Cinema Perto de Você, que visa aumentar o parque exibidor e acelerar a implantação de novas salas de cinema no país. O projeto também pretende ampliar o número de consumidores de cinema, com atenção especial ao público da classe C.

A iniciativa foi estruturada pela Ancine e pelo Ministério da Cultura, em parceria com o BNDES e Ministério da Fazenda.
Ao todo, serão R$ 500 milhões para crédito e investimento na construção de 600 salas de cinema em todo o país nos próximos quatro anos.

Além da criação de novos espaços, o programa também pretende estimular a digitalização das salas e a criação de um sistema de controle de bilheteria que deverá ampliar a transparência de dados do setor, proporcionando mais segurança aos investidores e facilitando o planejamento público e privado do mercado.

Em cerimônia realizada no Cine-Teatro do Centro de Convenções de Luziânia, em Goiás, o presidente Lula lançou o programa oficialmente ao lado do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e do diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel.

“Não dá para esperar que as pessoas saiam do conforto das suas casas para irem ao cinema. O cinema é que tem que ir até as pessoas. (…) Precisamos mostrar para o empresário que é melhor ter um cinema do que vender a sala para uma igreja qualquer”, disse Lula.

Em nota oficial divulgada antes do lançamento, Rangel salientou as metas da iniciativa: “Em resumo, o programa Cinema Perto de Você fortalece o segmento de exibição, fomenta o investimento privado no setor, facilita o acesso da população às obras audiovisuais e descentraliza o parque exibidor, induzindo a formação de novos centros regionais para o consumo de cinema”.

Para conseguir o financiamento, a sala de cinema proposta deverá estar localizada nas cidades e zonas urbanas que compõem o universo do programa. Veja abaixo o perfil dos grupos que receberão o incentivo, de acordo com a Ancine:

G-2: cidades com mais de 100.000 habitantes sem salas de cinema. São 89 cidades. É o grupo de mais alta prioridade para a linha financeira. O grupo inclui, por exemplo, Belford Roxo (RJ) e Ananindeua (PA), cidades que possuem mais de 500 mil habitantes. São 11 municípios da região norte, 27 do nordeste, 40 do sudeste, 3 do centro-oeste e 8 do sul.

G-3: cidades com mais de 100.000 e menos de 500.000 habitantes com salas de cinema. São 146 cidades. Luziânia (GO), Campina Grande (PB) e Florianópolis (SC) fazem parte desse grupo.

G-4: cidades com mais de 500.000 habitantes com salas de cinema. São os 38 maiores municípios do país. Nessas cidades, estão excluídas as zonas urbanas com predominância de setores censitários em que a renda média dos chefes de família é muito baixa ou muito alta. Ou seja: podem participar as zonas com predominância de classe C. Também foram excluídas as zonas com baixa densidade demográfica.