O ENCANTADOR “POETAS DO CÉU”.

Por Celso Sabadin.

Costumo dizer aos meus alunos que, olhando bem, prestando atenção, há inúmeras possibilidades de documentários à nossa volta. E que, quando bem abordados, quase todos os temas têm potencial para se tornar bons documentários.

Ratificando este pensamento, estreou no Brasil na última quinta-feira, 28/07 (exclusivamente no Belas Artes, mas logo deve ganhar as plataformas) o documentário “Poetas do Céu”. O tema? Fogos de artifício.

Num primeiro momento, parece estranho que tal assunto pudesse render um longa-metragem. Mas rendeu. E da maior qualidade! Coproduzido entre México, Brasil e França, “Poetas do Céu” percorre sete países (veja abaixo) registrando com intensidade e emoção alguns dos mais tradicionais eventos em que a queima de fogos de artifício assume caráter protagonista.

O longa investiga as motivações culturais, o preparo, os técnicos e artesãos, a história, as tradições familiares que regem a atividade, perigos, tragédias e paixões que – literalmente – explodem em apoteose orgásmica. São poucos e inesquecíveis minutos que – outra vez literalmente – viram fumaça após meses de planejamentos e preparações.

A narrativa sabiamente assume um sóbrio contraponto que valoriza ainda mais o espetáculo pirotécnico. Mescla com precisão as sete situações, criando belos e sutis arcos dramáticos para cada uma delas, na medida em que desvenda afetivamente os perfis humanos de seus personagens.

Uma obra fascinante dirigida pelo documentarista mexicano mundialmente premiado, Emilio Maillé.

 

Conheça os lugares e festejos abordados no filme:

CHINA

O berço da pólvora negra. Foi por volta do século VIII que a pólvora foi produzida pela primeira vez na China. Surgiu do enxofre, salitre e carvão. Dezesseis séculos depois, os chineses ainda se dedicam a esse fogo sem chama. Eles também são os principais produtores e exportadores de fogos de artifício.

O grande mestre: Cai Guo-Qiantm um artista plástico reconhecido internacionalmente, para quem a pólvora é um de seus instrumentos preferidos. Vamos acompanhá-lo na preparação e execução de suas criações para as comemorações do Ano Novo Chinês.

 

MÉXICO

Explosão caótica. O México vive o ritmo das festas de rua ao longo do ano, a maioria de caráter religioso, algumas meramente locais. Estas festas são organizadas em cada pequena cidade para celebrar o santo padroeiro de cada região. No México, não há festa sem brilho noturno.

Tultepec é a capital mexicana dos fogos de artifício, já que mais da metade da pirotecnia do país é produzida lá.

O grande mestre mexicano é Pedro Miron, que compete no concurso de fogos de artifício mais impressionante do México.

Por mais de seis horas, acompanhadas por grandes estruturas de madeira, papel machê de todas as cores e juncos, mais de quatro mil fogos de artifício são lançados para iluminar o céu de Tultepec.

 

JAPÃO

Hanabi ou as flores de fogo. A pólvora era exclusiva do arquipélago asiático durante a era Mejii (1868-1912). Desde então, a arte da pirotecnia progrediu através dos esforços de técnicos, chamados no Japão de Hannabishi.

O grande professor: Aoki akio, que é o grande sucessor do antigo Hanabashi. Vamos acompanhá-lo em sua preparação para Sumida em Tóquio, onde mais de 2.000 foguetes são lançados no último sábado de julho, para o deleite de mais de um milhão de espectadores.

 

FRANÇA

O primeiro grande show de fogos de artifício na França aconteceu em 1612, por ocasião do casamento do rei Luís XIII e Ana da Áustria. O sucesso foi tanto que a partir daquele momento foram considerados um símbolo de vitória e celebração para todos os acontecimentos históricos.

Os grandes mestres são, pelo terceiro ano consecutivo, o Grupo F, liderado por Christophe Berthonneau, e que se encarrega de iluminar os monumentos mais famosos no dia 14 de julho em Paris. Eles são lançados do Trocadero ao pé da Torre Eiffel. Abraçado pelas chamas, o monumento torna-se a tela para um evento de novas experiências pirotécnicas.

 

BRASIL

Os fogos de artifício mais impressionantes, tradições tentadoras e um cenário imbatível nas mais belas praias do Brasil fazem do Revellion um dos eventos mais espetaculares que anunciam a chegada do ano novo.

Como muitos outros festivais no Brasil, o Revellion é uma mistura eclética de religião, tradições, superstições e festa. O show leva o nome de superstições

Africanos que nunca terminam de evoluir. Este evento oferece a todos os participantes uma das maiores exibições de fogos de artifício.

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ESPANHA

Las Fallas é uma tradição celebrada em honra de San José na cidade de Valência. O termo refere-se tanto à celebração quanto à queima de monumentos que ocorre durante a mesma.

Cada bairro da cidade tem um grupo designado, Casal Faller, que é responsável pela organização de eventos, geralmente ligados à comida tradicional espanhola, para angariar fundos, para a construção das fallas

 

CUBA

Santeria em Cuba é a religião que mistura as origens africanas com a religião católica.

No mês de fevereiro, celebra-se Santa Bárbara, padroeira do foguete. É uma celebração poderosa, onde bateria e emoção serão a introdução ao mundo da pirotecnia.