OS FILMES BRASILEIROS QUE VOCÊ NÃO VIU NOS CINEMAS.
Somam aproximadamente uma centena a cada ano os filmes brasileiros que chegam – bem ou mal – ao circuito exibidor. O que pouca gente conhece são os filmes brasileiros que, pelos mais diversos motivos, NÂO chegam jamais aeste circuito. Por isso, até 31 de março, a rede de salas de cinema da Spcine promove uma mostra com filmes brasileiros inéditos nas nossas salas de exibição. Ao todo, são 15 produções, todas contempladas pelo edital de distribuição de obras cinematográficas de pequeno porte, lançado pela empresa em 2016.
As sessões acontecem em cinco CEUs (Meninos, Aricanduva, São Rafael, Feitiço da Vila e Perus) e na Sala Spcine Paulo Emilio, no Centro Cultural São Paulo, onde estão programados debates com alguns dos realizadores. A entrada é gratuita.
A lista é variada e reúne documentários e ficções autorais, além de produções premiadas e/ou exibidas em festivais de prestígio, dentro e fora do Brasil.
Entre os títulos estão “Estopô Balaio”, novo doc de Cristiano Burlan; “Waiting for B.” de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel, uma radiografia de um grupo de fãs da estrela pop Beyoncé que acampa na frente do estádio do Morumbi; e “Olhar Instigado”, de Chico Gomes e Felipe Lion, retrato da obra e do pensamento de três artistas de rua de São Paulo.
Também integram a lista “Guerra do Paraguay”, novo longa-metragem do veterano cineasta Luiz Rosemberg Filho, e “Sinais de Cinza, A Peleja de Olney contra o Dragão da Maldade”, de Henrique Dantas, documentário sobre o cineasta Olney São Paulo, voz do Cinema Novo, perseguido e morto pela ditadura militar brasileira.
Oficina de animação
No meio destas obras há ainda a animação com ares metalinguísticos “História Antes de uma História” (foto). No filme, um andarilho e seus amigos saem à procura por objetos que ajudam a desvendar os grandes mistérios da animação. Como um desenho animado aprende a andar? O que acontece quando um personagem é criado sem um coração? O que animar primeiro: um ovo ou uma galinha? Estas e outras questões são levantadas ao longo da trama.
Pegando carona no enredo, a mostra realiza em paralelo a Oficina de Brinquedo Ótico – Zootroscópio. Voltada para crianças de 5 a 10 anos, ela vai ensinar técnicas básicas de animação a partir da construção de brinquedos óticos, que permitem a compreensão dos movimentos gráficos do gênero.
As oficinas têm duração de 90 minutos e acontecem nos dias 16/3 (no Spcine Aricanduva e Spcine Meninos), 22/3 (Spcine São Rafael), 23/3 (Spcine Feitiço da Vila) e 29/3 (Spcine Perus). Os encontros estão marcados para 16h e, em cada um deles, há 60 vagas.
Confira abaixo a programação completa e as sinopses.
SPCINE APRESENTA INÉDITOS DO CINEMA BRASILEIRO
08.03 | QUARTA 20h00 PREMIÈRE SPCINE | POR UM PUNHADO DE DÓLARES – OS NOVOS EMIGRADOS
09.03 | QUINTA 19h30 PREMIÈRE SPCINE | GUERRA DO PARAGUAY | CONVERSA COM O DIRETOR LUIZ ROSEMBERG FILHO
10.03 | SEXTA 19h30 PREMIÈRE SPCINE | WAITING FOR B. | CONVERSAS COM OS DIRETORES PAULO CESAR TOLEDO E ABIGAIL SPINDEL
11.03 | SÁBADO 17h00 PREMIÈRE SPCINE | SINAIS DE CINZA, A PELEJA DE OLNEY CONTRA O DRAGÃO DA MALDADE | CONVERSA COM O DIRETOR HENRIQUE DANTAS
12.03 | DOMINGO 19h15 POR UM PUNHADO DE DÓLARES – OS NOVOS EMIGRADOS
14.03 | TERÇA 20h00 PREMIÈRE SPCINE | APRESENTAÇÃO DE CRISTIANO BURLAN | ESTOPÔ BALAIO
15.03 | QUARTA 19h30 PREMIÈRE SPCINE | PEDRO OSMAR, PRÁ LIBERDADE QUE SE CONQUISTA | CONVERSA COM OS DIRETORES EDUARDO CONSONNI E RODRIGO T. MARQUES E EQUIPE DO FILME
16.03 | QUINTA 19h30 PREMIÈRE SPCINE | COM OS PUNHOS CERRADOS | CONVERSA COM OS DIRETORES LUIZ PRETTI, PEDRO DIOGENES E RICARDO PRETTI
17.03 | SEXTA 16h00 OLHAR INSTIGADO 19h30 GUERRA DO PARAGUAY
18.03 | SÁBADO 16h00 WAITING FOR B. 17h30 PREMIÈRE SPCINE | JONAS E O CIRCO SEM LONA | CONVERSA COM O DIRETORA PAULA GOMES
19.03 | DOMINGO 16h00 ESTOPÔ BALAIO 19h30 OLHAR INSTIGADO
21.03 | TERÇA 16h00 PEDRO OSMAR, PRÁ LIBERDADE QUE SE CONQUISTA 19h30 SINAIS DE CINZA, A PELEJA DE OLNEY CONTRA O DRAGÃO DA MALDADE
22.03 | QUARTA 16h00 GUERRA DO PARAGUAY 19h30 WAITING FOR B.
23.03 | QUINTA 16h00 POR UM PUNHADO DE DÓLARES – OS NOVOS EMIGRADOS 19h30 APRESENTAÇÃO DO DIRETOR LEOPOLDO NUNES | O PROFETA DAS ÁGUAS
24.03 | SEXTA 16h00 JONAS E O CIRCO SEM LONA 19h30 ESTOPÔ BALAIO
25.03 | SÁBADO 16h00 SINAIS DE CINZA, A PELEJA DE OLNEY CONTRA O DRAGÃO DA MALDADE 19h30 GUERRA DO PARAGUAY
26.03 | DOMINGO 16h00 PEDRO OSMAR, PRÁ LIBERDADE QUE SE CONQUISTA 19h30 O PROFETA DAS ÁGUAS
28.03 | TERÇA 15h45 DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO 19h30 PREMIÈRE SPCINE | TAEGO ÃWA | CONVERSA COM OS DIRETORES MARCELA BORELA e HENRIQUE BORELA
29.03 | QUARTA 16h00 COM OS PUNHOS CERRADOS 20h00 PREMIÈRE SPCINE | GALERIA F
30.03 | QUINTA 16h00 JONAS E O CIRCO SEM LONA 19h30 PREMIÈRE SPCINE | DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO | CONVERSA COM OS DIRETORES DANIELE ELLERY E MÁRCIO CÂMARA
31.03 | SEXTA 15h45 O PROFETA DAS ÁGUAS 19h30 PREMIÈRE SPCINE | VERMELHO RUSSO
16.03 | QUINTA SALA SPCINE MENINOS 16h00 HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA SALA SPCINE ARICANDUVA 16h00 HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA
22.03 | QUARTA SALA SPCINE SÃO RAFAEL 16h00 HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA
23.03 | QUINTA SALA SPCINE FEITIÇO DA VILA 16h00 HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA
29.03 | QUARTA SALA SPCINE PERUS 16h00 HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA
FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES
COM OS PUNHOS CERRADOS, de Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti Ceará, 2014, 74’ | Drama | 2D Nacional | Exibição em DCP Com Luiz Pretti, Pedro Diogenes, Ricardo Pretti, Samya de Lavor Não indicado para menores de 14 anos O filme narra a história de Eugenio, Joaquim e João, três jovens que, de uma rádio clandestina, colocam suas vozes para gritar pela liberdade e pela revolução. Eles invadem as transmissões das rádios tradicionais de Fortaleza com poesia, música e provocação. Aos poucos, o trio começa a incomodar os poderosos. Um empresário influente, magnata do forró, decide destruí-los a qualquer custo. Quando o perigo começa a rondar a rádio, surge Salomé, uma ouvinte bela e misteriosa que quer se unir a eles na revolução.
DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO, de Daniele Ellery e Márcio Câmara Rio de Janeiro, 2016, 90’| Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Livre Documentário filmado no Brasil e nas ilhas de Cabo Verde. Aborda as diversas percepções sobre identidades e culturas de estudantes africanos de língua portuguesa que estudam ou estudaram em universidades brasileiras. Dos dois lados do Atlântico, histórias de partidas, permanências e regressos são contadas, encontros e desencontros de ideias, espaços, desejos e sonhos.
ESTOPÔ BALAIO, de Cristiano Burlan São Paulo, 2016, 76’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 14 anos Estopô Balaio é o nome de um coletivo de artistas do bairro de Jardim Romano, no extremo leste da capital paulista. Sofrendo constantemente com enchentes, em 2010, o bairro ficou submerso por três meses. Diante dessa situação, os moradores foram obrigados a reinventar a vida e a criar novas perspectivas de existência. Como opera a arte em situações de trauma social como esta? É a partir desta pergunta que o cineasta Cristiano Burlan, diretor do premiado documentário Mataram meu irmão, conduz o filme, captando a experiência de criação do grupo de jovens artistas periféricos, em contato com a sua comunidade.
GALERIA F, de Emilia Silveira Rio de Janeiro, 2016, 87’| Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 14 anos A incrível história de Theodomiro Romeiro dos Santos, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, preso e torturado pela ditadura militar brasileira. Theodomiro foi o primeiro condenado à morte no Brasil do período republicano. Barbaramente torturado, preso durante nove anos, fugiu do cárcere para sobreviver. No documentário, Theodomiro e a diretora Emilia Silveira, que também foi presa pelo regime militar, visitam os espaços pelos quais o ex-militante passou desde a prisão até a fuga.
GUERRA DO PARAGUAY, de Luiz Rosemberg Filho Rio de Janeiro, 2015, 75’ | Drama | 2D Nacional | Exibição em DCP Com Patricia Niedermeier, Chico Diaz, Alexandre Dacosta, Ana Abbott Não indicado para menores de 14 anos Finda a Guerra do Paraguay, soldado maltrapilho encontra-se com duas mulheres, de uma trupe de teatro, que viajam numa carroça. Ele é uma figura do passado, elas pertencem ao presente. Encontram-se no que seria uma “fenda do tempo” e uma licença poética para a ficção. Desse embate entre tempos distintos, nasce uma reflexão sobre a arte, a guerra e o capitalismo.
HISTÓRIA ANTES DE UMA HISTÓRIA, de Wilson Lazaretti São Paulo, 2014, 78’ | Animação | 2D Nacional | Exibição em DCP Livre Primeiro longa-metragem do animador Wilson Lazaretti, o filme narra a história do Dr. K, um velho senhor que gosta de caminhar. No decorrer de suas andanças, ele encontra pelo caminho vários objetos que o ajudarão a desvendar os grandes mistérios do cinema de animação: como um desenho animado aprende a “andar”? O que acontece quando uma personagem é criada sem um coração? O que animar primeiro: um ovo ou uma galinha? A aventura conta também com outras personagens, como o menino Matias, a garota Laurinha e a galinha Melodia.
JONAS E O CIRCO SEM LONA, de Paula Gomes Bahia, 2015, 81’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Livre Jonas tem 13 anos e nasceu num circo itinerante. Há alguns anos, mudou-se com a mãe e a avó para um bairro da periferia de Salvador. Jonas nunca se acostumou ao novo estilo de vida, por isso criou o seu próprio circo no quintal de sua casa. Mas, mantê-lo vivo é cada vez mais difícil – Jonas está crescendo e a adolescência lhe impõe novos desafios. Assim, enquanto seu circo vai acabando, ele percebe sua impotência e leva-nos à pergunta: o que fazemos com nossos sonhos quando crescemos?
OLHAR INSTIGADO, de Chico Gomes e Felipe Lion São Paulo, 2016, 71’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 10 anos O processo criativo e as ações de três artistas de rua da cidade: Alexandre Orion, André Monteiro (Pato) e Bruno Locuras. O trio conduz a narrativa do documentário por meio de seus olhares, obras e pensamentos e revela suas formas de apropriação criativa do espaço público na maior cidade da América do Sul.
PEDRO OSMAR, PRÁ LIBERDADE QUE SE CONQUISTA, de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques São Paulo, 2016, 76’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 10 anos Nascido em João Pessoa em 1954, Pedro Osmar é um tesouro artístico que poucos conhecem. Cantor, compositor, multi-instrumentista, poeta, artista plástico e dramaturgo, esse paraibano de mente inquieta começou colocando o mundo do rock do avesso com seu Jaguaribe Carne nos anos 1970, e continua aprontando até hoje. Para mostrar um pouco desse furacão criativo, os diretores realizaram um manifesto poético-político-musical sobre um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos. Participações de Pedro Osmar, Zé Ramalho, Chico César, Elba Ramalho, Alberto Marsicano, entre outros artistas.
POR UM PUNHADO DE DÓLARES – OS NOVOS EMIGRADOS, de Leonardo Dourado Rio de Janeiro, 2014, 81’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Livre A história real de dois jovens irmãos que vivem no Japão, de um gambiano que mora na Alemanha, e de uma família dividida pelo muro que separa o México dos Estados Unidos, demonstram o que significa ser migrante no século XXI. O documentário capta o sacrifício de quem deixa sua família, seu país, expondo-se a duras jornadas de trabalho e o preço em abandono pago pelos parentes que ficaram.
O PROFETA DAS ÁGUAS, de Leopoldo Nunes Rio de Janeiro, 2007, 83’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 14 anos A história do líder religioso Aparecido Galdino Jacintho, conhecido como o “Profeta das Águas”. Durante a ditadura, ao lado de fiéis, Galdino lutou contra a construção da hidrelétrica de Ilha Solteira, na fronteira entre São Paulo, Minas e Mato Grosso do Sul. Foi preso pelos militares e encarcerado num manicômio. Seu caso ficou a cargo de Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais sanguinários torturadores do período. Documentos de época e arquivos judiciais revelam o que se passou na ocasião e a história do personagem.
SINAIS DE CINZA, A PELEJA DE OLNEY CONTRA O DRAGÃO DA MALDADE, de Henrique Dantas Bahia, 2013, 86’ | Documentário | 2D Nacional| Exibição em DCP Não indicado para menores de 14 anos Um dos principais nomes do Cinema Novo, Olney São Paulo dirigiu obras-primas do cinema político brasileiro, como O grito da terra (1964) e Manhã Cinzenta (1968). Caboclo e sertanejo, Olney foi vítima de absurdos cometidos pela ditadura militar brasileira, que o levaram à morte durante um longuíssimo processo de tortura. O documentário reúne depoimentos dos cineastas Nelson Pereira dos Santos, Silvio Tendler, Orlando Senna, Vladimir Carvalho e do crítico José Carlos Avellar.
TAEGO ÃWA, de Marcela Borela e Henrique Borela Goiás, 2015, 75’ | Documentário | 2D Nacional | Exibição em DCP Não indicado para menores de 10 anos Cinco fitas VHS encontradas no armário de uma faculdade instigam a produção do documentário. Anos depois, munidos de mais registros, os realizadores vão ao encontro da tribo Ãwa, na Ilha do Bananal. Levam consigo a memória do desterro ao qual foi exposto o povo Tupi que mais resistiu à colonização no Brasil Central.
VERMELHO RUSSO, de Charly Braun São Paulo, 2016, 90’ | 2D Nacional| Exibição em DCP Com Martha Nowill, Maria Manoella, Soraia Chaves, Esteban Feune De Colombi Não indicado para menores de 12 anos Duas jovens atrizes paulistanas viajam a Moscou para estudar teatro e se aprofundar na famosa técnica de Stanislavski. Entre neve, brigas, amores, personagens tchekovianos e muitos litros de vodka, elas são constantemente testadas pela crueldade do teatro e de uma Rússia majestosa e difícil. Exibido no Festival do Rio 2016.
WAITING FOR B., de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel São Paulo, 2016, 72’ | Documentário | 2D Nacional| Exibição em DCP Não indicado para menores de 12 anos O filme acompanha a jornada de um grupo de super-fãs da cantora Beyoncé. Sem condições de pagar pelos ingressos mais caros, eles acampam por dois meses para garantir seu lugar na primeira fila. Convivendo com essa comunidade improvisada, vêm à tona muitos assuntos importantes como classe econômica, identidade negra, homofobia, feminismo e o que significa esse sacrifício em prol de um fenômeno midiático muito maior e mais poderoso que eles próprios. |