“PARADISE – UMA NOVA VIDA” CONTRAPÕE DIGNIDADE E COVARDIA.
Por Celso Sabadin.
É um filme sobre dicotomias: frio/calor, covardia/dignidade, solidão/família, vida/morte. Não por acaso, “Paradise – Uma Nova Vida” é um drama/comédia.
Tudo gira em torno de Calogero (Vincenzo Nemolato, carismático e expressivo), um simples vendedor de raspadinha, na Sicília, que tem sua vida completamente conturbada após tornar-se, inadvertidamente, testemunha de um assassinato. O serviço de proteção à testemunha coloca então o rapaz em uma pousada isolada, em algum canto congelado nas montanhas, distanciando-o de todos e de tudo que, para ele, significa vida. Mesmo a um custo tão alto, este isolamento não trará sossego para o jovem siciliano.
Coproduzido por Itália e Eslovênia “Paradise – Uma Nova Vida” se destaca pelo seu tom agridoce, pelo sarcasmo que o faz transitar com muita desenvoltura tanto pelo humor como pela dramaticidade. Nota-se um elaborado trabalho na precisão dos enquadramentos, nos generosos tempos destinados à necessária percepção do público, e no uso eficiente das elipses para efeito cômico.
O argumento é do próprio diretor – o estreante em longas ficcionais Davide Del Degan – com roteiro de Andrea Magnani. O longa foi o vencedor da versão italiana do Globo de Ouro, na categoria de melhor filme de estreante.
Uma pequena, bem-vinda e inesperada boa surpresa.