QUASE CENTENÁRIO, “ALÔ ALÔ CARNAVAL” AINDA ENCANTA.
por Celso Sabadin, de Ouro Preto.
A Praça Tiradentes voltou 80 anos no tempo, na noite desta sexta-feira, 27/06. Como parte da programação do 20. CineOP, o Cine Praça exibiu uma versão – quase – restaurada de “Alô Alô Carnaval”, filme seminal nas pretensões da indústria cinematográfica brasileira.
Por que “quase restaurada”? Porque, segundo informou Alice Gonzaga, filha de Ademar Gonzaga, o fundador da pioneira Cinédia Cinematográfica, trata-se de um processo de restauração bastante gradual e lento, dois quais 80% já foram efetuados.
Bem humorada, Alice afirmou também que, no fundo, a restauração é infinita: “A gente restaura 2K, eles fazem o 4K. A gente restaura 4K, eles inventam o 8K. Isso não acaba nunca!”, brincou. Ela também deu um puxão de orelhas em todos os festivais brasileiros, reclamando que estão faltando homenagens ao trabalho desenvolvido por seu pai.
Lançado em 1936, “Alô Alô Carnaval” lançou no Brasil a estrutura cômico-musical que se popularizaria com grande sucesso no nosso cinema não somente na Cinédia, nos anos 1930, como também na Atlântida, nas décadas seguintes. Basicamente, trata-se de uma trama cômica bastante simplória, praticamente uma sucessão de gags, entremeada por diversos números musicais dos astros e estrelas da época. Como – é sempre bom lembrar – não havia televisão, o público lotava os cinemas para ver as imagens e curtir as músicas de seus ídolos que só conheciam através do rádio. Como não havia muitas expectativas sobre o desenvolvimento (ou o não desenvolvimento) do roteiro, todos saíam felizes.
Passados quase 80 anos de seu lançamento, “Alô Alô Carnaval” ainda se mostrou eficiente, na noite de ontem, em arrancar algumas risadas do público. Nem que fosse pela deliciosa ingenuidade de seu entrecho cômico.
“Alô Alô Carnaval”, lembra Alice Gonzaga, também é o único filme em que Carmen Miranda aparece sem estar vestida de baiana, poucos anos antes de ser cooptada pela visão estereotipada do cinema estadunidense.
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