Tempo Glauber reabre hoje com exibições gratuitas

O Tempo Glauber – centro cultural responsável pela preservação do vasto acervo do cineasta baiano Glauber Rocha – reabre suas portas para o público hoje (20), a partir das seis da tarde. Para comemorar, três raros e importantes filmes de Glauber serão exibidos com entrada franca: “Amazonas, Amazonas”; “Di Cavalcanti”(foto) e “Claro”. A distribuição de senhas começa meia-hora antes de cada projeção.
O Tempo Glauber foi criado em 1983, mas só abriu suas portas ao público seis anos mais tarde, após uma longa batalha travada pela mãe do cineasta, Lúcia Rocha. Em 2004, é fundada a Associação de Amigos do Tempo Glauber, sociedade sem fins lucrativos composta por Paloma, Sara e Eryk Rocha e Dario Correa, cuja proposta é captar e gerir verbas para a instituição. A associação recebe sua manutenção do Ministério da Cultura e contrata equipe de profissionais para compor o quadro de funcionários.
O Tempo Glauber foi declarado pelo Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), em 2006, como Arquivo Privado de Interesse Público e Social e assim reconhecido por decreto de lei pela Casa Civil da Presidência da República por conter documentos relevantes para o estudo e pesquisa da expressão artística brasileira.

Confira a programaçao de hoje:

18h30m – “Amazonas, Amazonas”, de 1966. Filme encomendado, do gênero documentário clássico, sobre as belezas e riquezas naturais da região Amazônica. Podem-se considerar tipicamente glauberianos: o arrebatamento lírico das tomadas, e a insistência bem característica sobre as preocupações nacionalistas e progressistas do diretor, com a presença muito concreta da imagem das pessoas no trabalho, nas seqüências urbanas, e do produto, da mercadoria.

19h – “Di Cavalcanti Di Glauber” – Titulo Original: “Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de sua Quimera, Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável.”
Não-ficção, 18 minutos.
Prêmio: Prêmio Especial do Júri – Festival de Cannes/1977
Pouco depois de retornar ao Brasil após longo exílio, Glauber Rocha é surpreendido pela notícia da morte do pintor Di Cavalcanti. Amigo e admirador do artista, Glauber resolve filmar o velório que se realizava no Museu de Arte Moderna, e o enterro realizado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. A estas imagens foram depois acrescidas outras, que resultaram num dos mais criativos e originais filmes do cineasta.

19h30m – “Claro”. Ficção, 110 minutos. Roma, Itália, 1975. Tendo Roma como cenário e a cultura romana como alvo, “Claro” não tem um enredo narrativo e uma estrutura tradicional, misturando ópera (sobretudo a partir da trilha musical que reúne Bellini e Villa-Lobos), documentário, filme-testemunho e ensaio. A presença no elenco do instigante realizador italiano Carmelo Bene e da atriz francesa Juliet Berto valorizam um filme irreverente, provocativo, um dos mais autorais de Glauber e onde sua assinatura indelével se corporifica em cada plano.

O centro cultural Tempo Glauber fica na Rua Sorocaba 190, em Botafogo. Horário de funcionamento para visita e pesquisa do acervo: segunda a sexta de 10h às 18h30.
Telefones: 21 – 2527-2272 e 2527-5840.