TIRADENTES 2015: JOVENS CEARENSES DISCUTEM SEXO EM “O ANIMAL SONHADO”.

Por Celso Sabadin, de Tiradentes.

São seis diretores. Todos bem jovens. A 12 mãos, eles idealizaram e dirigiram “O Animal Sonhado”, filme em seis episódios onde o sexo exala como mote e preocupação principal de seus personagens. Há a menina obesa obcecada pela sua aparência, os penetras que entram na festa para “se dar bem”, os rapazes que se descobrem homossexuais, a traição, a relação casual, enfim, um pouco de tudo, desde que o cerne da questão seja o sexo.

Como sempre acontece em filmes episódicos, o resultado é irregular. Alguns episódios se fecham de maneira mais tradicional, outros optam por uma linguagem mais aberta, há um pouco de comédia como há também uma pitada de horror. Embora sentindo falta de uma melhor consistência de roteiro, percebe-se que há talento formal e de acabamento neste coletivo cearense formado por Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes. Há um potencial cinematográfico a ser descoberto e explorado, o que é, por sinal, um dos principais objetivos da Mostra. Tiradentes.

Certo que nunca devemos usar o quesito “juventude” como eventual desculpa para algum resultado que não tenha saído a contento, por objetivos não alcançados, mas há que se manter atento aos potenciais. E se esta moçada quis utilizar o cinema para discutir suas questões sexuais, vale a empreitada. E a espiada. Mesmo porque, dos seis episódios, quatro utilizam o espelho como elemento da narrativa. Não é preciso ser Freud para explicar.

Um detalhe final: para a felicidade geral da nação, o filme foi exibido com legendas em inglês, o que facilitou bastante para os espectadores desacostumados com o “dialeto cearense”. Halder Gomes, diretor de “Cine Holiúdi”, foi lembrado durante a sessão.

Celso Sabadin viajou a Tiradentes a convite da organização do evento.