TIRADENTES ANUNCIA VENCEDORES

Foram anunciados na noite de sábado (26) os filmes premiados na 11ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Minas Gerais. Uma das grandes novidades da edição deste ano, o Júri Jovem e o Júri da Crítica escolheram cada um o melhor filme e um “destaque livre” entre as obras apresentadas dentro da Mostra Aurora, dedicada a diretores em início de filmografia e que este ano apresentou 7 longas metragens de estréia de diretores do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Já o tradicional Júri Popular contemplou os preferidos do público entre os vídeos, curtas e longas exibidos dentro da programação.

O Júri da Crítica selecionou como Destaque Livre da Mostra Aurora o trabalho de Petrus Cariry e Ivo Lopes Araújo em O Grão. “O equilíbrio do modelo de encenação escolhido por seu realizador, o trabalho pictórico da direção de fotografia e o desempenho ao mesmo tempo contido e expressivo do conjunto de atores impressionou o Júri da Crítica. O rigor dos enquadramentos e a disposição dos elementos em cena instauram uma atmosfera que transmite a densidade do espaço físico e o ritmo das existências de seus personagens. Além disso, a obra confirma o surgimento de um grupo de criadores concentrado geograficamente fora dos tradicionais centros de produção”. Ao receber o prêmio do Júri da Crítica, Ivo Lopes Araújo agradeceu em nome do diretor Petrus Cariry e destacou o valor do prêmio: “Essa premiação e reconhecimento é muito importante para a produção do Ceará”.

Como Melhor Filme, foi eleito pelos cinco membro do Júri da Crítica o longa carioca Meu Nome é Dindi, de Bruno Safadi. “Sob o impulso da extraordinária interpretação de sua protagonista, o filme premiado pelo Júri da Crítica mergulha o espectador num universo multifacetado de representação e códigos narrativos em que fantasia, mágica e naturalismo se unem de forma instigante. O risco de fragmentação inerente ao projeto é evitado pelo controle da direção, que mantém um ritmo preciso na encenação e no trabalho de câmera. O mundo exuberante da vida cotidiana e dos sonhos da personagem central revela um cineasta em pleno exercício de sua criatividade, sabendo dosar audácia e concisão para criar um imaginário rico e personalíssimo”. Bruno Safadi subiu ao palco agradecendo à equipe de seu filme e à Mostra de Tiradentes, por ter proporcionado “excelentes debates com realizadores e com a jovem crítica que está surgindo no país”, e complementou: “Receber o prêmio de melhor filme no primeiro longa metragem é um estímulo para seguir nesse caminho e continuar acreditando em um cinema de invenção, que tão certo já deu em nosso país”.

Segundo o Júri da Crítica, “a Mostra Aurora apresentou obras que mapeiam uma diversidade regional, apontando para um panorama de filmes comprometidos com projetos estéticos não-convencionais. A partir de modelos de produção ajustados a condições orçamentárias limitadas, a seleção evidenciou a urgência de expressão de um conjunto de autores que agora chega ao longa-metragem. A decisão de instituir a premiação a primeiros trabalhos nessa categoria acentuou a importância da Mostra de Tiradentes no panorama dos festivais brasileiros. Essa escolha por valorizar a inovação é um estímulo dos mais importantes ao processo de renovação da cinematografia nacional”.

Já o Júri Jovem destacou a força de novas tendências dentro do fazer cinematográfico representada pelo filmes exibidos na Mostra Aurora. “Pensando no contexto cinematográfico brasileiro e no tema da Mostra Aurora, travamos aqui uma batalha entre os diferentes caminhos (ou descaminhos) propostos pelos autores indicados”. Entre as propostas apresentadas, o Júri Jovem atribuiu o prêmio Destaque Livre ao plano seqüência de Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro. “A inovação e ousadia na utilização de uma linguagem específica, que implica a perfeita afinação de toda uma equipe de trabalho, incluindo atores, figurantes, técnicos, diretores e toda uma logística responsável pela realização de algo raro no cinema mundial, chamou nossa atenção”. Para receber o prêmio subiu ao palco o produtor Gilson Vargas, que também destacou a importância de se receber um grande prêmio para um primeiro longa-metragem e afirmou que a Mostra de Tiradentes já se enquadra no rol de festivais consolidados do país, onde os realizadores buscarão estrear seus próximos filmes.

Como Melhor Filme, o Júri Jovem atribuiu o Prêmio Aurora ao documentário cearense Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo. “O longa apresenta uma série de características marcantes para novos olhares. Decidimos premiar o filme pela literal experimentação e busca do acaso, desconstruindo assim olhares, chocando a quem assiste pela quebra de lógica dentro de um gênero, partindo para interferência direta, indireta, sensorial, geográfica, com um certo cotidiano singular”. Ivo Lopes agradeceu ao público de Tiradentes pelo reconhecimento e “a quem faz filmes, pois só assim conseguimos continuar a nos maravilhar com o cinema”.

Concorriam ao Prêmio Aurora Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro (RS), Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo (CE), Crítico, de Kleber Mendonça Filho (PE), O Grão, de Petrus Cariry (CE), Amigos de Risco, de Daniel Bandeira (PE), Corpo, de Rosanna Foglia e Rubens Rewald (SP) e Meu Nome é Dindi, de Bruno Safadi (RJ).

Críticos e pesquisadores de diversos estados do país formaram o Júri da Crítica: João Sampaio (A Tarde – BA), Cássio Starling Carlos (Folha de São Paulo – SP), Marcus Mello (Teorema – RS), Paulo Augusto Gomes (pesquisador – MG) e Ruy Gardnier (Contracampo – RJ). Já o Júri Jovem foi composto a partir de um workshop de análise de linguagem, ministrado para jovens de 18 a 25 anos em Belo Horizonte. Foram selecionados 6 alunos: Daniela Santana (Viçosa), Douglas Lisboa (Belo Horizonte), Karine Dias (Belo Horizonte), Leandro Alves (Ouro Preto), Thiago Augusto (Betim) e Vinicius Correa Bicalho (São João Del Rey).

Já os vencedores do Júri Popular foram escolhidos a partir da votação do público após as sessões da Mostra. Na programação de vídeo, 40 obras concorriam ao Troféu Barroco do Júri Popular, e o escolhido como Melhor Vídeo foi A Hora do Primeiro Tiro, de Gustavo Jardim. Já o Melhor Curta foi para Câmara Viajante, de Joe Pimentel. Ainda entre os curtas metragens, A Cidade e o Poeta, de Luelane Corrêa, foi o vencedor do prêmio Aquisição Canal Brasil. Entre os longas, foi escolhido pelo público da Mostra de Tiradentes como Melhor Longa o documentário O Senhor do Castelo, de Marcus Vilar, que dedicou o prêmio a Ariano Suassuna, personagem de seu filme, e ao público de Tiradentes, que soube apreciar sua obra.

Os projetos contemplados na 11ª Mostra de Cinema de Tiradentes receberão serviços de laboratório e material para suas próximas produções – uma maneira encontrada pela Mostra de Tiradentes para investir na continuidade dessas propostas inovadoras.

Abaixo todos os premiados da 11ª Mostra de Cinema de Tiradentes:

Júri da Crítica

Prêmio Destaque Livre – Petrus Cariry e Ivo Lopes Araújo, por O Grão (CE)
Prêmio Aurora de Melhor Filme – Meu Nome é Dindi, de Bruno Safadi (RJ)

Júri Jovem

Prêmio Destaque Livre – o plano seqüência de Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro (RS)
Prêmio Aurora de Melhor Filme – Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo (CE)

Júri Popular

Melhor Longa – O Senhor do Castelo, de Marcus Vilar (PB)
Melhor Curta – Câmara Viajante, de Joe Pimentel (CE)
Melhor Vídeo – A Hora do Primeiro Tiro, de Gustavo Jardim (MG)

Site oficial do evento:
www.mostratiradentes.com.br