“VENDO OU ALUGO” COLOCA HUMOR NA DECADÊNCIA ARISTOCRÁTICA CARIOCA.

Quatro gerações de mulheres, todas morando juntas numa decadente mansão no Rio de Janeiro. Este é o ponto de partida de “Vendo ou Alugo”, o grande vencedor do Festival CinePE, que agora chega ao circuito comercial. Totalmente atolada em dívidas, a única saída para esta família feminina seria vender a casa, mas quem está disposto a comprar um casarão ao lado de uma favela, onde o som das balas perdidas e dos helicópteros da polícia são uma constante? A resposta pode estar num pastor evangélico ou num exótico turista belga.

Com direção de Betse de Paula, “Vendo ou Alugo” se insere totalmente na atual tendência do cinema brasileiro (principalmente do cinema carioca) de produzir comédias rasgadas de forte apelo popular. Temos aqui bem marcado o DNA das antigas chanchadas, com seu humor histriônico, personagens estilizados, tons de voz sempre uma oitava acima e as situações típicas das chamadas comédias de erros. Tangencialmente, o filme ensaia uma crítica a uma sociedade decadente, de um Rio de Janeiro aristocrata que não existe mais, e que abriu seu outrora impenetrável espaço para favelados, policiais e para a “nova classe C”. Como diz uma das personagens, “Onde já se viu, empregada sócia de patroa?”.

Comparativamente a outros filmes do gênero, “Vendo ou Alugo” tem a vantagem de não descambar para a baixaria, além de pontuar aqui e ali algumas alfinetadas sociais. Porém, a expectativa causada pela enxurrada de prêmios que o filme ganhou em Recife pode ser rápida e facilmente frustrada pela carência de uma dramaturgia mais consistente. O bom elenco tem Marieta Severo, Nathália Timberg e Marcos Palmeira, entre outros.