VIAGEM SENSORIAL DE “SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA” ENCANTA EM PAULÍNIA.

O documentarista Evaldo Mocarzel (foto) já virou referência: gostem ou não gostem de seus filmes, ninguém no Brasil produz mais longas metragens do que ele. Aqui em Paulínia, já tem até piadinha: “Vocês já viram o longa do Evaldo desta semana?”. Só no ano passado foram cinco: “Quebradeiras”, “BR3” (em duas versões bem diferentes), “À Margem do Lixo” e “Sentidos À Flor da Pele”. Neste ano ele já apresentou no Festival de Recife o seu “Cinema de Guerrilha” e agora, em Paulínia, “São Paulo Companhia de Dança”. Também promete para ainda este ano “Raul Seixas, o Início, o Meio e o Fim”. Fora aqueles que eu provavelmente estou esquecendo.

É de matar de inveja.

A boa notícia é que “São Paulo Companhia de Dança”, apresentado ontem (17) no Festival de Paulínia, é encantador. Durante 30 dias, Evaldo e sua equipe acompanharam de perto todo o processo de criação do espetáculo “Polígono”, de Alessio Silvestrin, montado pela Companhia de Dança que dá nome ao documentário. Entrevistas como o coreógrafo? Depoimentos sobre como a vida de bailarino é difícil? Pais e mães contando sobre o cotidiano de seus filhos/artistas? Nem pensar! O filme é totalmente visual e sensorial. “A palavra aqui não é nem coadjuvante; eu diria que é acidental”, diz o cineasta. São pouco mais de 70 minutos de um belíssimo desfile de imagens e sensações onde o corpo humano é ao mesmo tempo objeto e ação. Com luz primorosa e montagem nunca menos que brilhante.

Na apresentação de seu filme aqui em Paulínia Evaldo disse que brigou várias vezes com seu montador, que chegou a abandonar o projeto três vezes. Valeu a pena: está na edição/montagem do filme um de seus maiores trunfos.

“São Paulo Companhia de Dança” segue a linha contemplativa, intimista e reflexiva do também belíssimo “Quebradeiras”, do mesmo diretor. Tanto neste como naquele, Evaldo abandona a fala, o verbal, para apostar suas fichas e apontar suas lentes para o vislumbre visual que – de fato – enche os olhos.

Mesmo porque “o cinema e a dança são duas artes que podem prescindir da palavra”, diz o cineasta.

Saiba mais sobre o Festival de Paulínia em www.culturapaulinia.com.br

Celso Sabadin viajou a Paulínia a convite da organização do evento.