WALTER HUGO KHOURI GANHA RESTROSPECTIVA GRATUITA NA CINEMATECA.

Entre os dias 10 e 20 de agosto, a Cinemateca Brasileira celebra a filmografia e a trajetória de Walter Hugo Khouri (1929-2003), – cineasta de importância singular na história do cinema nacional.

Retrospectiva Walter Hugo Khouri reúne 15 filmes do realizador, recuperando diferentes momentos de sua carreira. Algumas das cópias serão apresentadas pela primeira vez em novas versões digitais (DCP), produzidas pela Cinemateca Brasileira especialmente para a mostra.

Entre os destaques da programação, estão 50 minutos de fragmentos de O gigante de pedra (1954), filme exibido no I Festival de Cinema Internacional do Brasil, em 1954, por ocasião dos festejos do 4º Centenário da cidade de São Paulo, e que se encontra parcialmente perdido.

Além dos filmes, a Cinemateca Brasileira promove uma exposição com fotos inéditas, bem como a distribuição gratuita e limitada de um catálogo.

Com uma longeva carreira cinematográfica, Walter Hugo Khouri iniciou sua trajetória no cinema na década de 1950 e dirigiu seu último filme em 1998. Em seus vinte e seis longas-metragens, dirigiu filmes de aventura, épico, suspense e drama erótico, além de lançar um olhar particular aos indivíduos da classe alta brasileira, com especial atenção às relações amorosas, sexuais e familiares.

Seu estilo marcante criou atmosferas derivadas da ficção gótica e desenvolveu personagens recorrentes como Marcelo, um homem em crise existencial, e Ana, uma mulher que se apresentava como um enigma para o personagem masculino.

No dia 10 de agosto, às 18h30, a Cinemateca Brasileira recepcionará o público com um brinde para marcar a abertura da retrospectiva.

CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana

Horário de funcionamento

Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h

Salas de cinema: conforme a grade de programação.

Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados

Sala Grande Otelo: 210 lugares + 04 assentos para cadeirantes

Sala Oscarito: 104 lugares

Retirada de ingresso: 1h antes do início da sessão

 

 

PROGRAMAÇÃO DE 10 A 20 DE AGOSTO

 

 

Quinta-feira, 10 de agosto

 

20h – área externa – NOITE VAZIA

Brasil (SP), 1964, 98 min, p&b, 35 mm, 16 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Nelson Gaspari e Walter Hugo Khouri

Elenco: Norma Bengell, Odete Lara, Mário Benvenutti, Gabriele Tinti, Lisa Negri, Marisa Woodward, Rubem Jardim, The Rebels, David Cardoso, Célia Watanabe, Wilfred Khouri

Sinopse: Numa escura, fria e intimidadora São Paulo, em plena pujança de metrópole ascendente, vivem Luís, um amoral oriundo da elite tradicional paulistana, e Nelson, seu amigo, um homem de classe média assolado por uma melancolia crônica. Submersos num vazio existencial irreconciliável, ambos perambulam pela noite da cidade em busca de aventuras sexuais que os ofereçam alívio da mesmice. Neste contexto, conhecem duas prostitutas de luxo, Regina e Mara, e partem para uma noite de desejos não realizados, insultos de classe e agressões verbais e psicológicas. Uma receita completa para que o absurdo corroa mais um dia na vida vã dos quatro personagens.

Comentários: Em 1964, Khouri chegava à maturidade e ao reconhecimento da primeira fase de seu cinema com este drama de câmara. Com Noite vazia, Khouri provou sua potência no cenário de um novo cinema brasileiro, mas também deu início ao longo embate que travaria com a geração do Cinema Novo, que considerou o diretor e o filme despolitizados, europeizados e alienados aos problemas sociais. O tempo se encarregou de desbancar tal julgamento.

 

 

Sexta-feira, 11 de agosto

 

19h – sala Grande Otelo – NA GARGANTA DO DIABO

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP), 1960, 100 min, p&b, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Carlos Szili

Elenco: Luigi Picchi, Odete Lara, Edla Van Steen, Fernando Baleroni, Sérgio Hingst, José Mauro de Vasconcelos, André Dobroy, Milton Ribeiro

Sinopse: Na Guerra do Paraguai, um grupo de soldados desertores chegam a uma isolada cabana onde um camponês alcoólatra vive com suas duas filhas. O encontro irá despertar embates e desejos ambíguos entre a truculência dos militares em fuga e as moças, entediadas de suas vidas naquele local inóspito e enfadonho.

Comentários: Trata-se da segunda produção dirigida por Khouri inteiramente falada em inglês. Seu título internacional é Iguassú, the Devil’s Throat, e recebeu um prêmio por seu roteiro no Festival de Cinema de Mar del Plata de 1960. Além dos costumeiros conflitos de ordem psicológica, neste filme o diretor ainda explora a exuberância da paisagem das Cataratas do Iguaçu e denuncia a violência ancestral contra os povos indígenas.

21h – sala Grande Otelo – O GIGANTE DE PEDRA

Brasil (SP), 1954, 50 min (fragmentos), p&b, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Emílio Fantini e Fernando Negreiros de Carvalho

Elenco: Paulo Montel, Irene Kramer, Fernando Pereira, Silvia Ortoff, Arnaud Andrade, Rafael Fabbi, Orlando Maia, Hilda Muniz Oliveira

Sinopse: A trama se centra num triângulo amoroso entre dois operários de uma pedreira na Serra da Cantareira e a filha de um terceiro funcionário local. Em meio a condições insalubres e dificuldades de toda sorte, a tragédia se abate sobre os três e o embate entre os dois homens se torna inevitável.

Comentários: Primeira incursão de Khouri, recém-egresso da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, como diretor, o filme é um esforço coletivo de dissidentes daquele estúdio e levou três anos para ser concluído devido a adversidades relativas à verba, estrutura e logística.

Exibido no I Festival de Cinema Internacional do Brasil, em 1954, por ocasião dos festejos do 4º Centenário da cidade de São Paulo, O gigante de pedra atraiu a atenção da imprensa para seu diretor, apontado como nova promessa no cenário cinematográfico do país, num momento de franco declínio do sistema de estúdios e do surgimento de novos produtores independentes. Da metragem original, cerca de um terço se encontra perdida e, aqui, serão exibidos os rolos restantes, que somam cerca de cinquenta minutos de projeção.

 

 

Domingo, 13 de agosto

 

16h – sala Grande Otelo – AS DEUSAS

Brasil (SP), 1972, 97 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Antônio Polo Galante e Alfredo Palácios

Elenco: Lilian Lemmertz, Mário Benvenutti, Kate Hansen

Sinopse: Ângela é uma mulher instável, que acaba de passar por um processo de colapso nervoso e parte para um período de descanso junto ao marido, Paulo, na casa de campo de sua psiquiatra e terapeuta, Dra. Ana. As crises conjugais e pessoais, no entanto, se intensificarão, sobretudo com a chegada da dona da casa, o que colocará o casal em rota de colisão com seus desejos reprimidos e seus fantasmas do passado.

Comentários: Depois de um breve período de desilusão como produtor para outros diretores, pela Vera Cruz, Khouri decidiu retomar o trabalho autoral com um filme modestíssimo, iniciando sua “Trilogia do Abismo” (que se completa com O último êxtase e O desejo) e marcou o começo de uma nova fase criativa. Trabalhando com apenas três personagens, Khouri passou a confiar na improvisação e na intuição, mais do que nas produções elaboras e cuidadosamente roteirizadas, como nos anos anteriores.

 

18h – sala Grande Otelo – ESTRANHO ENCONTRO

Brasil (SP), 1958, p&b, 92 min, 12 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Abílio Pereira de Almeida

Elenco: Mário Sérgio, Andrea Bayard, Lola Brah, Sérgio Hingst, Luigi Picchi

Sinopse: O filme nos apresenta a Marcos, jovem bon vivant que frequenta as rodas da alta sociedade graças a um caso amoroso com Wanda, mais velha e rica. A relação de Marcos sofre um abalo quando ele encontra, numa estrada erma, a jovem Julia, desorientada e desesperada. Os dois se apaixonam e Marcos a esconde na mansão de Wanda, onde ambos passam a ser vigiados pelo empregado Rui, homem ressentido e traiçoeiro. Logo, saberemos que Julia está fugindo da ira de seu marido, bem mais velho, Hugo. Quando Wanda descobre a presença da moça em sua casa e Rui decide delatar Julia ao marido violento, que a procura pela região, a relação entre os cinco desmoronará irremediavelmente.

Comentários: Após três anos atuando como crítico do jornal O Estado de S. Paulo e como diretor de adaptações para o teleteatro da TV Record, Khouri retornou à Vera Cruz, àquela altura já em processo de falência e atuando com o nome Brasil Filmes, para realizar sua primeira obra verdadeiramente autoral.

 

19h45 – sala Grande Otelo – A ILHA

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP), 1962, 113 min, p&b, 18 anos

Direção e produção: Walter Hugo Khouri

Elenco: Luigi Picchi, Eva Wilma, Lyris Castellani, José Mauro de Vasconcelos, Francisco Negrão, Ruy Afonso, Mário Benvenutti, Elizabeth Hartmann

Sinopse: Um grupo de milionários que, por puro tédio de suas vidas pautadas por aparência e hedonismo, decidem passar um final de semana numa ilha deserta do litoral de São Paulo em busca de um mítico tesouro. Quando o iate do líder da expedição se perde, deixando-os em terra, o grupo se vê obrigado a encontrar formas de sobrevivência num território hostil, o que trará inconvenientes rusgas, traições, inversões sociais e fatalidades.

Comentários: Embora Khouri não apreciasse esta obra, pelas dificuldades técnicas que enfrentou e pelo alto número de personagens que criou, o filme é importante historicamente por marcar a criação da Kamera Filmes, empresa administrada pelo diretor e seu irmão, William Khouri, pelo início da parceria entre Khouri e o maestro Rogério Duprat, e por contar com a assistência de direção de dois profissionais que teriam longas e importantes carreiras no cinema brasileiro, Alfredo Sternheim e Antônio Polo Galante.

 

 

Quinta-feira, 17 de agosto

 

19h – sala Grande Otelo – O DESEJO

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP), 1975, 99 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Walter Hugo Khouri e Heron D’Ávila

Elenco: Lilian Lemmertz, Fernando Amaral, Selma Egrei, Sérgio Hingst

Sinopse: Eleonora acaba de ficar viúva de Marcelo, um homem bem-sucedido nos negócios, mas em constante crise existencial e conjugal, e tenta compreender seu mal-estar a partir de um projeto de um livro que nunca consegue escrever. A vida de Eleonora se torna um amalgamado de lembranças duras e expectativas abstratas com a chegada de sua amiga, Ana Maria, sua confidente, que compartilha com ela memórias doloridas do falecido Marcelo.

Comentários: Trabalhando com poucos recursos e alguma verba da Embrafilme, inclusive filmando o longa quase inteiramente em seu apartamento, Khouri aproveitou para experimentar possibilidades narrativas não-lineares que seriam exploradas com maior esmero nos filmes seguintes, principalmente no que diz respeito ao trabalho de câmera, que o próprio diretor costumava operar sob o pseudônimo de Rupert Khouri.

 

21h – sala Grande Otelo – O CORPO ARDENTE

Brasil (SP), 1966, 98 min, p&b, 16 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: William Khouri e Walter Hugo Khouri

Elenco: Barbara Laage, Mário Benvenutti, Pedro Paulo Hatheyer, Sérgio Hingst, Dina Sfat, Lilian Lemmertz, Marisa Woodward, David Cardoso, Rubem Jardim, Wilfred Khouri

Sinopse: Márcia é casada com Roberto e constantemente organizam festas em sua mansão regadas a luxo e promiscuidade. Ambos conciliam um casamento falido com casos extraconjugais, enquanto tentam preservar a imagem de pais felizes para seu filho, Robertinho, garoto mimado e alheio ao mundo adulto que desmorona ao seu lado. Quando Márcia se retira para uma casa de campo junto com seu filho, o passado e o presente de suas emoções latentes se manifestam enquanto a mulher busca um sentido para a vida que construiu até ali.

Comentários: Filme pelo qual Khouri tinha mais apreço, embora sua bilheteria tenha sido significativamente inferior a Noite vaziaO corpo ardente adensa a crítica do diretor ao estilo de vida de uma alta classe paulista que vive de hedonismo, mentiras e um profundo vazio existencial. Com profunda influência de filmes de Antonioni, em especial A noite e O eclipse, esta obra é uma incursão experimental que abole a linearidade narrativa e a lógica causal. Pode ser a razão pela qual não agradou o espectador da época, mas a crítica o aclamou.

 

 

Sexta-feira, 18 de agosto

 

18h30 – sala Grande Otelo – AS FERAS

Brasil (RJ), 1994, 107 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Anibal Massaini Neto

Elenco: Nuno Leal Maia, Claudia Liz, Lúcia Veríssimo, Monique Lafond, Luiz Maçãs, Branca Camargo, Beth Prado

Sinopse: Paulo é um psicólogo e professor de meia idade que namora Ana, sua aluna, bem mais jovem. Paulo guarda profundas mágoas de infância, quando foi rechaçado e humilhado por sua prima, por quem nutria um amor platônico, e a namorada dela. Agora, já adulto, ele terá de lidar com os desejos de independência da namorada, que se tornará atriz de uma adaptação para o teatro de A Caixa de Pandora, de Frank Wedekind, num ambiente repleto de mulheres hostis à presença masculina e rico em lembranças amargas.

Comentários: Khouri havia filmado um curta-metragem chamado As primas para um projeto que o produtor Anibal Massaini Neto nunca terminou. Anos depois, o diretor resgatou o curta e o inseriu numa trama maior. Embora filmado em 1994 e finalizado no ano seguinte, As feras só estreou oficialmente em 2001, o que lhe prejudicou a recepção de público e crítica, que considerou o trabalho anacrônico e irregular.

 

20h40 – sala Grande Otelo – EROS, O DEUS DO AMOR

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP/RJ), 1981, 115 min, cor, 18 anos

Sinopse: Marcelo Rondi, um rico empresário paulistano, dedica sua vida à busca de uma transcendência que o eleve a um plano acima das medíocres obrigações e aparências da vida cotidiana de um ser abastado: o sexo.

Comentários: Após uma década amargando fracassos de bilheteria e sucessos de crítica, Khouri conciliou ambos os espectros da recepção fílmica com sua melhor obra da fase madura. Partindo de uma estética subjetiva, em que a câmera – o espectador – se coloca na pele do personagem central, experimentamos o que é ser Marcelo desde sua primeira infância até sua maturidade, perpassando sua história com as diversas mulheres que conheceu e amou. O filme, originalmente intitulado Eros acorrentado, foi escolhido para representar o Brasil no Festival de Cannes de 1981 e recebeu cinco prêmios da APCA no mesmo ano.

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Enzo Barone

Elenco: Roberto Maya, Lilian Lemmertz, Dina Sfat, Renée de Vielmond, Kate Lyra, Alvamar Taddei, Selma Egrei, Monique Lafond, Kate Hansen, Sueli Aoki, Christiane Torloni, Denise Dumont, Norma Bengell, Serafim Gonzales

 

 

Sábado, 19 de agosto

 

16h – sala Grande Otelo – AS FILHAS DO FOGO

Brasil (RS), 1978, 93 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: César Mêmolo Jr.

Elenco: Paola Morra, Karin Rodrigues, Rossina Malbouisson, Serafim Gonzales, Selma Egrei, Maria Rosa

Sinopse: Ana é uma jovem paulistana que viaja à Serra Gaúcha para encontrar sua namorada, Diana, oriunda da elite tradicional local. Muitos fatos estranhos passam a ocorrer à medida em que as meninas mergulham na história da família de Diana. A trama toma contornos sobrenaturais quando ambas conhecem Dagmar, antiga amiga de Sílvia, falecida mãe de Diana, que afirma se comunicar com os mortos a partir de um gravador de áudio. A partir daí, as duas moças adentram uma espiral de fenômenos que transitam entre a memória familiar e estranhos acontecimentos sobrenaturais, numa saga sobre o amadurecimento e o ato de se independer.

Comentários: Segunda incursão de Khouri no cinema fantástico (sendo a primeira, O anjo da noite, de 1974), o filme, em grande medida, se baseia nas experiências que a poeta Hilda Hilst, amiga de Khouri, realizou em fins dos anos 1970 com fenômenos de vozes eletrônicas.

 

18h – sala Grande Otelo – O PALÁCIO DOS ANJOS

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP) / França, 1970, 114 min, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: William Khouri, Walter Hugo Khouri e Álvaro Domingues

Elenco: Geneviève Graad, Luc Merenda, Rossana Ghessa, Adriana Prieto, Norma Bengell, Joana Fomm, John Hebert, Zózimo Bulbul, Pedro Paulo Hatheyer, Sérgio Hingst, Alberto Ruschel

Sinopse: Bárbara, Mariazinha e Ana Lúcia são três colegas funcionárias de um banco que lidam cotidianamente com o assédio moral e sexual não só de seu chefe, Ricardo, como dos ricos clientes da instituição. Depois de conhecerem uma cafetina de luxo, as três decidem morar juntas e começar seu próprio negócio, um lupanar de alto padrão, o Palácio dos Anjos. Para tal, contrabandeiam o arquivo de clientes milionários do banco e iniciam uma jornada de programas sexuais que irá levá-las ao luxo e ao conforto desejado, mas também ao fim traumático da amizade.

Comentários: Khouri se inspirou nas experiências reais de uma antiga amiga de faculdade para criar o roteiro. Coprodução com a França, o filme representou o Brasil no Festival de Cannes de 1970, mas foi mal recebido pela imprensa, que apontou um erotismo exagerado e a fragilidade de uma discussão existencial mais consistente. O fato de que o título francês foi alterado para “O palácio dos anjos eróticos e dos prazeres secretos”, a contragosto de Khouri, também não ajudou.

 

 

Domingo, 20 de agosto

 

16h – sala Grande Otelo – PAIXÃO PERDIDA

Brasil (SP), 1997, 91 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Sérgio Martinelli, Fábio Martinelli, Alberto Baumstein, Renato Sacerdote, Fábio Baumstein, Roberto A. de Souza e Valéria D. Marret

Elenco: Antônio Fagundes, Mylla Christie, Zezeh Barbosa, Maitê Proença, Fausto Carmona, Paula Burlamarqui, Andrea Dietrich

Sinopse: Marcelo é um homem cansado e consternado com a situação de seu filho caçula, Marcelinho, que vegeta numa cadeira de rodas após assistir à traumática morte da mãe num acidente de carro. A chegada de uma cuidadora, Anna, mudará a vida do filho e do pai, mas não sem criar novas cisões e marcas que se provarão perpétuas.

Comentários: Em sua derradeira obra, Khouri nos apresenta um filme estritamente de atmosfera, que prescinde de uma trama. O cineasta, já mais velho e com a saúde debilitada, fez um extremo esforço para oferecer ao seu espectador um fechamento digno para seu personagem arquetípico. Com pouca ação e muita contemplação reflexiva, o filme soou estranho aos espectadores e aos críticos que exigiam novidades na retomada do cinema brasileiro. Não obstante, Paixão perdida é um réquiem digno para um diretor com cinco décadas de trabalho ininterrupto.

 

17h45 – sala Grande Otelo – PAIXÃO E SOMBRAS

* Cópia digital produzida pela Cinemateca Brasileira especialmente para esta mostra a partir dos materiais por ela preservados.

Brasil (SP), 1977, 98 min, cor, 18 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: Walter Hugo Khouri e Heron D’Ávila

Elenco: Lilian Lemmertz, Fernando Amaral, Monique Lafond, Carlos Bucka, Aldine Müller, Liza Vieira

Sinopse: Marcelo, imagem arquetípica do universo khouriano, é um cineasta que se vê paralisado na produção de seu próximo filme por não se contentar com as condições técnicas e logísticas disponíveis. Além disso, ele ressente a ausência de sua musa inspiradora e ex-amante, Lena, que abandonou o cinema e o cineasta para se dedicar a uma carreira mais segura na TV. Em meio a lembranças de dias mais prósperos e diante da nova realidade, Marcelo luta para manter sua criação enquanto vive os últimos dias de seu estúdio, que será transformado num supermercado.

Comentários: Uma declaração de amor ao cinema e um protesto contra a gentrificação das instalações dos estúdios Vera Cruz. Quando Khouri filmou Paixão e sombras, ele e seu irmão, William, proprietários da Vera Cruz desde os anos 1960, viam seus esforços se frustrarem diante dos interesses políticos e imobiliários, que haviam se apropriado do tradicional imóvel em São Bernardo do Campo. Para não deixar de filmar e para enfatizar sua consternação, o diretor criou esta obra minimalista e totalmente experimental, que o transformou em, segundo ele mesmo, “veneno de bilheteria”, a julgar pelo desempenho deste e dos filmes anteriores a este. A crítica se dividiu, mas não deixou de reconhecer a qualidade do trabalho.

 

20h30 – sala Grande Otelo – AS AMOROSAS

Brasil (SP), 1968, 107 min, p&b, 16 anos

Direção: Walter Hugo Khouri

Produção: William Khouri e Walter Hugo Khouri

Elenco: Paulo José, Jaqueline Myrna, Lilian Lemmertz, Anecy Rocha, Stênio Garcia, Nilton Prado, Rita Lee, Sérgio Dias, Arnaldo Baptista

Sinopse: Marcelo é um jovem desiludido com as expectativas políticas utilitárias de sua geração e com as cobranças de uma sociedade massificante e impessoal. Enquanto perambula pela metrópole, tenta conciliar o afeto recíproco que tem por sua irmã, com casos amorosos tóxicos que cultiva junto a mulheres que vão das mais frívolas às mais intelectualizadas.

Comentários: No auge das agitações estudantis de 1968 e no limite das críticas sofridas por parte do Cinema Novo, Khouri realizou sua obra mais ágil e moderna até aquele momento, em que nos apresentou pela primeira vez seu personagem arquetípico, Marcelo. Como de costume nos personagens khourianos, Marcelo terminará desolado e abandona à sorte de uma São Paulo implacável. Indicação brasileiro ao Oscar daquele ano, sob o título internacional The Seeker (algo como “Aquele que busca”), o filme não esteve entre os cinco selecionados ao prêmio de produção internacional, mas inaugurou uma nova fase na poética de seu realizador. As amorosas conta com número musical de Os Mutantes.