ZÉ DO CAIXÃO É O DESTAQUE DO DIA NO FESTIVAL DE PAULÍNIA.

O feriado paulista de 9 de Julho (Revolução Constitucionalista) ajudou a encher o Theatro Municipal de Paulínia. Todas as sessões estavam lotadas pelo público paulinense e de outras cidades da região.

A mostra paralela exibiu “Chega de Saudade”, de Laís Bodanzky, aplaudido de pé ao contar os dramas e alegrias de freqüentadores de várias idades de um salão de bailes paulistano, cujas histórias se entrelaçam entre as danças. O elenco eclético reuniu Tonia Carrero, Leonardo Villar, Stepan Nercessian, Cássia Kiss, Paulo Vilhena e Maria Flor, entre verdadeiros freqüentadores dos bailes.

O diretor Toni Venturi transformou a vida da ex-Chacrete mais famosa em filme: “Rita Cadillac”, a Lady do Povo. A equipe acompanhou o dia-a-dia da dançarina e abordou sua história desde o início, incluindo as dificuldades e conquistas, sem poupar detalhes que chegaram a chocar parte do público.

O curta-metragem regional “Interpolar” foi todo realizado em Paulínia, já usando a estrutura que a cidade oferece aos cineastas. Já os curtas nacionais foram “Vida Maria”, animação de Márcio Ramos, que conta a triste vida de uma pequena nordestina obrigada a deixar os estudos para trabalhar. O filme já foi premiado em vários outros festivais. Mas a boa surpresa da noite, tanto por parte da crítica quanto do público, foi o belo curta “Coda”, de Marcos Camargo, de São Paulo. O diretor, fotógrafo, realizou o filme com a animação de cerca de 26 mil fotos de muita beleza, ao contar a história de três bailarinas solitárias na metrópole de São Paulo, deixando o público compartilhar de seus delírios em busca de uma saída. Até agora, o curta-metragem mais aplaudido do evento.

Os homenageados da noite foram os cineastas Eduardo Coutinho (de “Babilônia 2000” e “Cabra Marcado para Morrer”), autoridade em se falando de documentários, e Laís Bodanzky (de “Bicho de Sete Cabeças” e “Cine Mambembe – O Cinema Descobre o Brasil”), que levaram para casa o troféu Menina de Ouro.

Mas entre bailarinas, chacretes e danças de salão, a presença marcante da noite foi mesmo José Mojica Marins com o seu Zé do Caixão, que lançou no festival o terror “Encarnação do Demônio”, cujo roteiro o cineasta mais trash do Brasil tentava filmar há mais de 40 anos, e conseguiu agora com o apoio da 20th Century Fox. As cenas, bastante fortes, dão seqüência aos filmes que consagraram Mojica nos anos de 1960, entre sangue, tripas, nudez, interpretações risíveis e cenários improváveis – ou seja, um legítimo e divertido Zé do Caixão.