“STELLA” ALEGA AGRESSÃO PARA JUSTIFICAR SUA MATANÇA. IGUAL A NETANYAHU.
Por Celso Sabadin.
“Stella: Vítima e Culpada” estreia em cinemas brasileiros num momento bem delicado para tratar de temas relacionados a judeus e ao holocausto nazista.
A partir da história real de Stella Goldschlag, o roteiro de Marc Blöbaum, Jan Braren, e do próprio diretor Kilian Riedhof aborda a sempre execrável figura do alcagueta. Ou dedo-duro, delator, x-9. A personagem título (vivida por Paula Beer, estrela de vários filmes de Christian Petzold) é uma jovem e alegre garota judia alemã pouco ou nada interessada em política, no início da Segunda Guerra. Afinal, como ela mesmo diz, ela é judia, “mas não parece”.
Porém, como o desenvolvimento da Guerra, os cercos às minorias perseguidas por Hitler se fecham, e Stella se vê cada vez mais ameaçada e encurralada pelo regime nazista. A “solução” por ela encontrada é trabalhar para a Gestapo, delatando seus iguais.
Embora a tradução do título original seja “Stella: Uma Vida” – já adiantando que o roteiro prefere apenas exibir a trajetória da protagonista, sem julgamentos – o título em português opta por uma espécie de veredito, uma estigmatização, já meio que tentando minimizar a atitude traiçoeira de Stella, colocando-a concomitantemente na condição de vítima. O que é, no mínimo, bastante questionável.
Tal discussão encontra ressonância com a hipocrisia do atual regime de Israel que – assim como faz Stella – se coloca na posição de agredido para tentar justificar o injustificável genocídio contra a Palestina.
Em termos técnicos, o longa caminha na contramão de boa parte das obras que abordam este período, ao utilizar movimentos de câmera e de lentes que não eram usuais no momento da Segunda Guerra, como o zoom, por exemplo. A direção de arte e a fotografia são impecáveis.
Indicado a quatro German Film Awards (todos técnicos), “Stella: Vítima e Culpada” estreia nesta quinta, 19/06, em cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Londrina, Caxias do Sul, Vitória, Recife, Salvador e Fortaleza.