“QUANDO O BRASIL ERA MODERNO” VAI MUITO ALÉM DA ARQUITETURA. 

 

 

 

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por Celso Sabadin.

Quem observa hoje o nosso país atolado em fanáticas seitas religiosas, terraplanismo e negacionismos científicos certamente não se lembra – ou talvez nunca soube – que o Brasil já passou por épocas cujos desenvolvimento e modernidade encantaram o planeta.

E não estamos falando apenas da revolucionária Semana de Arte Moderna de 1922, mas primordialmente da nossa arquitetura. Mostrando aos mais desavisados que não, nem sempre estivemos afundados nesta tosqueira atual, o longa “Quando o Brasil Era Moderno” chega ao circuito de cinema nesta quinta, 26/06.

A partir do livro “Moderno e Brasileiro”, de Lauro Cavalcanti, um roteiro de fôlego assinado por Guilherme Vasconcelos, pelo próprio Cavalcanti, e pelo diretor do filme, Fabiano Maciel, tenta dar conta da riquíssima história da arquitetura brasileira a partir da República. Não apenas de sua evolução no tempo propriamente dita, como também – e principalmente – de como esta arte é manipulada politicamente por diferentes governantes.

Afinal, como diz um dos depoentes do filme, “Arquitetura é poder, porque arquitetura é muito cara!”.

A quantidade e a riqueza das informações contidas em “Quando o Brasil Era Moderno” excede a capacidade que um ser humano mediano tem de reter tudo o que é exposto, audiovisualmente,  durante o tempo normal de projeção de um filme. Dá vontade de pedir para o projecionista do cinema voltar trechos e mais trechos repetidamente, para que possamos apreciar – sem moderação – as inúmeras histórias e personagens que o longa nos apresenta.

Não por acaso, a estrutura narrativa escolhida para o documentário foi a clássica e tradicional conhecida por “voz de Deus” (narração em off onipresente e onisciente), certamente um pouco antiquada, mas neste caso indispensável para expor tantas imagens, depoimentos, raciocínios e sinapses entre política, poder e arquitetura.

O filme ainda atiça e provoca seu espectador ao propor a seguinte pergunta: quando o Brasil desistiu de ser moderno?

Na impossibilidade de pedir ao projecionista do Festival para parar e voltar trechos do filme, restam algumas opções: assisti-lo novamente, esperar pelo streaming, e comprar o livro que o inspirou. As três me parecem bem interessantes.