A INTENSA EXPLOSÃO ARTÍSTICA DE “JOVENS AMANTES”.
Por Celso Sabadin.
O cinéfilo que é, principalmente, fã de cinema europeu, certamente conhece a italiana Valeria Bruna Tedeschi como atriz em ótimos e importantes filmes. Afinal, ela já atuou em mais de uma centena de produções pela Europa. Mas talvez nem todos saibam que Valeria também é cineasta. “Jovens Amantes”, seu sétimo e mais recente longa como roteirista e diretora, estreia nesta quinta-feira, 03/07, em cinemas brasileiros.
Confesso que, quando eu comecei a ver “Jovens Amantes”, pensei estar assistindo a um relançamento antigo. As cores, texturas e movimentos de câmera me remeteram imediatamente a uma produção dos anos 1980. Não era: esta minha sensação inicial nada mais é do que a constatação do grande talento dos profissionais envolvidos em “transportar” o público para o momento histórico em que a ação foi ambientada. Ponto para o filme!
A partir deste primeiro impacto, o longa começa a traçar e a cruzar caminhos de um grupo de jovens fazendo testes e exames para tentar ingressar numa concorridíssima escola de teatro, em Paris. Lembrei-me de “Fama”, de Alan Parker.
Exposta a situação, o roteiro de Noémie Lvovsky, Agnès de Sacy, Caroline Deruas e da própria diretora destila uma enorme habilidade em entrelaçar as várias histórias dos vários protagonistas. São sonhos, esperanças, desesperos, alegrias e tristezas explodindo com enorme intensidade e sentimentos potencializados ao máximo por esta maravilhosa profissão de ator e atriz, na qual tudo se exacerba.
A abrupta transformação da exuberância juvenil em choque de realidade, na medida em que o curso de teatro avança, é uma das boas vitórias dramatúrgicas de “Jovens Amantes”.
Como não poderia deixar de ser, o filme é uma mistura de experiências reais vividas pelas roteiristas em seus tempos de estudantes com história ficcionais, tudo temperado pela inspiração de figuras reais, como Vincent Perez, Bruno Todeschini, Eva Ionesco e principalmente Patrice Chéreau (interpretado por Louis Garrel).
“Jovens Amantes” foi selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes 2022, e recebeu sete indicações ao César, incluindo Melhor Filme. Nadia Tereszkiewicz foi premiada como Melhor Atriz Revelação.