BONITO, MAS VAZIO, “O IMPERADOR” É O SÉTIMO FILME COM NICOLAS CAGE EM DOIS ANOS.

Por Celso Sabadin.

Já faz algum tempo que o cinema ocidental, principalmente o norte-americano, tenta flertar com o mercado chinês. E não é para menos: no dia em que a legislação da China for mais elástica para com o nosso lado do mundo (atualmente poucos filmes ocidentais são autorizados a estrear em território chinês), será aberto um contingente de bilhões de novos consumidores ávidos por novidades na tela grande. E o impacto disso na indústria internacional pode ser astronômico.

É única e exclusivamente sob o ponto de vista deste “flerte” que se compreende o lançamento do descartável  “O Imperador”. Trata-se de uma coprodução entre Estados Unidos, Inglaterra e França que parece ter como único objetivo estreitar as relações com o potencialmente gigantesco mercado chinês.

A trama foi escrita por James Dormer, que antes de ser roteirista trabalhou como diplomata em países orientais, e teoricamente tem um certo conhecimento do assunto. Este é apenas o seu segundo roteiro de longa a virar filme, sendo que o primeiro, de 2011, se chamou “Passado Obscuro” (que não se perca pelo nome). Ambientada no século 12, a trama começa meio shakespereana, mostrando uma luta de irmãos pela sucessão do trono de um reino chinês. Em busca de justiça, o herdeiro legítimo acaba recorrendo à ajuda de Arken (Hayden Christensen), um guerreiro amargurado pelas atrocidades que cometeu durante as Cruzadas. Não é um mau argumento, mas tudo acaba se transformando apenas numa muito tênue linha de ação feita somente para alinhavar dezenas de batalhas, lutas e perseguições.

A produção é das mais competentes, com belas locações na China, e uma caprichada direção de arte envolvendo reinos, castelos, figurinos, adereços e tudo o que for necessário para nos levar a mil anos atrás. O roteiro até resvala em temas que poderiam render um aprofundamento melhor, como o questionamento da passividade da mulher e, principalmente, as matanças indiscriminadas feitas em nome de Deus, na época das Cruzadas. Mas tudo se dilui em nome da busca pelo faturamento fácil das sucessivas cenas de ação.

Embalado por uma insistente trilha sonora de uma obviedade a toda prova, “O Imperador” também tem participação do onipresente Nicolas Cage, neste que é apenas um dos sete filmes que o ator participou entre 2013 e 2014.