REFILMAGEM “MEU NOVO BRINQUEDO” É SESSÃO DA TARDE À FRANCESA.

Por Celso Sabadin.
Fãs de cinema francês talvez não o reconheçam pelo nome, mas certamente já curtiram vários trabalhos do ator de ascendência marroquina Jamel Debbouze. Geralmente interpretando o arquétipo do eterno coadjuvante/escada de origem árabe, Debbouze também é roteirista – principalmente de televisão – aventurando-se ocasionalmente em longas metragens.
A partir do filme “Le Jouet” (escrito e dirigido por Francis Veber, em 1976), Debbouze e o diretor inglês James Huth realizaram “Meu Novo Brinquedo”, que acaba de ser lançado no Brasil em plataformas digitais (Amazon, Claro TV, Google Play, Vivo Play, Microsoft e iTunes, entre outras). Com o próprio Debbouze no papel principal.
Ele interpreta Sami, vigia noturno de um shopping center de luxo, que é escolhido pelo menino Alexandre (Simon Faliu) como presente de aniversário. Sim: filho de um megamilionário, o prepotente Alexandre já possui todos os brinquedos que poderia desejar, e decide ter um ser humano à sua disposição para brincar quando e como quiser.
A partir desta premissa, a refilmagem busca se equilibrar entre a comédia e a crítica social, temperada com algumas pitadas de drama.
É inegável que “Meu Novo Brinquedo” acaba se apoiando nos clichês “zona de de conforto” que invariavelmente tal tipo de proposta dramatúrgica oferece. Principalmente o da mensagem conformista de que “o dinheiro não traz a felicidade”, no bom e velho estilo Frank Capra pós-Crise de 1929. Embora Huth não seja Capra. Longe disso.
Contudo, mesmo revestido desta previsível superficialidade, “Meu Novo Brinquedo” consegue criar alguns bons momentos de humor, principalmente graças ao carisma de Debbouze. A presença do sempre ótimo Daniel Auteuil no elenco empresta mais consistência ao longa.
“Meu Novo Brinquedo” é, por assim dizer, uma Sessão da Tarde à francesa. Uma Séance de l’Après-midi.
O filme também faz parte da programação do Festival Varilux de Cinema.