SERIA “O DESTINO DE JÚPITER” UMA COMÉDIA?
Por Celso Sabadin.
Várias vezes durante a projeção de “O Destino de Júpiter” fui acometido das seguintes dúvidas: Será que os irmãos Wachowski estão falando sério? Seria o filme uma comédia que eu não estou entendendo? Pois é apenas no registro cômico que é possível assistir ao filme. E digo isso não somente pelos figurinos dignos dos antigos bailes da gala do carnaval carioca (lembram do Clóvis Bornay?), nem pela direção de arte que cria uma nave espacial com cara de candelabro de bordel.
Se os problemas residissem apenas nos aspectos visuais do filme, não seria tão grave assim. Mas o fato é que tudo saiu errado, da dramaturgia tosca que não desenvolve satisfatoriamente o enredo que beira o dramalhão, ao encadeamento confuso das situações dramáticas, passando por interpretações que nos fazem rir quando são sérias e se tornam constrangedoras quando se pretendem cômicas. Lembrei até do bizarro filme de ficção científica que as protagonistas vão assistir em “Acima das Nuvens”.
Channing Tatum e Mila Kunis, que deveriam formar o par central, responsáveis por conduzir a plateia no que deveria ser uma empolgante viagem interplanetária, não exalam o mínimo de química, e parecem fazer parte do que seria um novo programa governamental: Carisma Zero.
E aquele finalzinho com a frase “I´m not your mother” tentando remeter ao clássico “Luke, I´m your father” faria George Lucas revirar no túmulo, caso ele já tivesse morrido (talvez morra agora, ao ver o filme).
E olha que a premissa inicial de “O Destino de Júpiter” parecia ser das mais interessantes, imaginando que a Terra seria apenas um planeta-plantação para seres extraterrestres imensamente mais desenvolvidos que nós. E que teria chegado o momento da “colheita”. Mas o resultado final se configurou num desastre.
Teria sido o ótimo “Matrix” apenas um golpe de sorte na carreira dos Wachokwsi?